17 de maio de 2012

Brasil tem apenas 33% dos domicílios on-line, diz estudo


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RIO - O Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS-FGV) e a Fundação Telefônica divulgaram na quarta-feira dados inéditos sobre o Brasil on-line. O processamento dos dados, com base no Censo 2010 e no Galloup World Poll (que realizou pesquisas com mais de 150 países), informa que a posição do Brasil no ranking global de acesso à internet é a 63ª e que o município em que mais casas estão conectadas no país é São Caetano, no estado de São Paulo, com índice de 74%.


Segundo o "Mapa da Inclusão Digital", 33% dos brasileiros têm acesso à internet onde moram. Mas a taxa de conexão por domicílio põe o país em desvantagem entre as 158 nações mapeadas, atrás de vizinhos como Argentina com o dobro do índice alcançado pelo Brasil (66%), Chile (41%) e Uruguai (37%). No Egito, onde as revoltas populares se apoiaram nas redes sociais on-line, a taxa é de 10%, e em de Cuba 2%.
No topo estão países como Suécia (97%), Islândia (94%) e Dinamarca (92%). Holanda (91%) e Cingapura (89%) também aparecem entre os dez mais conectados, na frente de potências econômicas como os Estados Unidos (85%).
Em um recorte para o Brasil, São Caetano, no interior de SP, se destaca. Em compensação, há pequenas cidades como Aroeiras de Itaim, no Piauí, e Santo Amaro do Maranhão, em que esse índice é igual a zero. Os dois estados têm vários de seus municípios na lanterna, sem sinais de avanços.
Entre as capitais brasileiras, Florianópolis (SC) que tem a maior proporção de habitantes Classe A tem um taxa de conexão (61%) - , seguida por Curitiba e Palmas (59%), Brasília (56%) e Porto Alegre (55%).
Nos estados, o Distrito Federal lidera no índice (58%), seguido de São Paulo (48%), Rio de Janeiro (43%), Santa Catarina (41%) e Paraná (38%).
- A internet está nas classes A e B. Que tem infraestrutura, computador e mais anos de estudo - disse Marcelo Neri, pesquisador do CPS-FGV e Coordenador da pesquisa.
Barra da Tijuca é quase uma Suécia
Um dos líderes em conexão por domicílio, a Islândia com 94% das casas conectadas perde apenas para a Suécia, a segunda colocada pode ter o índice comparado ao de áreas nobres da Barra da Tijuca, em que 93.9% dos moradores, no entorno da orla, em acesso à internet em casa.
Se levada em conta a região administrativa da Barra, que inlui outros sub-bairros, o índice cai para 75%. Razão disso é a taxa vista em Rio das Pedras, favela vizinha ao bairro da Zona Oeste, que possui o menor percentual da cidade (21%).
No entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas (92%), na Orla do Recreio dos Bandeirantes (90.1%) e do Leblon (86.7%), as taxas também são elevadas, dado o poder aquisitivo dos moradores das regiões nobres.
Outras regiões administrativas do Rio de Janeiro como Lagoa, a mais conectada (82%), Botafogo (80%), Tijuca (76%) e Copacabana (76%) compõem a lista principal, que evidencia a questão social por trás da exclusão digital, ainda marcante.
e-Excluídos não tem computador e acham a web desnecessária
Entre as razões apontadas para a exclusão digital, o desinteresse é a que mais chama atenção. Cerca de 33% dos entrevistados disse que "não achava necessário ou não quis" utilizar a internet. Outros 31% não sabiam utilizar a rede e 29% não tinha acesso a um computador. Grupos menores reclamam do custo dos aparelhos e dos serviços de acesso à banda larga onde moram.
Entre os que responderam que não sabiam utilizar a rede, a maioria era residente de capitais com os piores índices de desenvolvimento do país. Já o desinteresse aparece em cidades mais desenvolvidas e na fala de habitantes mais velhos. A falta de infraestrutura é um problema comum citado por moradores de capitais isoladas como Rio Branco, no Acre.
- Não existe bala de prata, ou uma solução mágica. É preciso dar educação além de fornecer estrutura - disse Neri, que acredita que o PNBL propõe as condições necessárias, mas não eficientes para tirar municípios mais pobres do zero.

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