28 de dezembro de 2013

ANDRÉ SINGER, 1914


Sugere-se aos que preferem começar o ano com a mente posta em imagens bonitas evitar a leitura desta coluna. Parece-me útil, contudo, lembrar os terríveis acontecimentos cujo centenário logo vai se cumprir. Pois com a eclosão da Primeira Guerra, a história fez uma curva abrupta e o século decorrido desde então sugere um contínuo de catástrofes, interrompido por ilhas de prosperidade e paz, apontando para novas tragédias.
Segundo o historiador Eric Hobsbawm, quando o Império Austro-Húngaro declarou guerra à Sérvia, em 28 de julho de 1914, começava um conflito mundial que só iria terminar 31 anos depois. Para ele, a Segunda Guerra foi mera continuação da Primeira, de tal forma que é preciso considerar o período integral, encerrado em 14 de agosto de 1945, data em que o Japão se rendeu aos aliados.
A abrangência da luta e a escala da destruição deram ao drama dessas três décadas uma característica inédita na longa crônica das atividades marciais: pela primeira vez a humanidade correu o risco real de desaparecer da face da terra. Calcula-se que algo como 8 milhões de militares tenham perecido na barbárie de 14, com 20 milhões de feridos. Dos franceses mobilizados para o front, não muito mais do que um terço voltou incólume. "Os britânicos perderam uma geração", lembra Hobsbawm.
Foi tamanho o horror das trincheiras que, encerrada a Primeira em 1918, imaginou-se nunca mais haver guerra no mundo. Ainda traumatizada, a França recusou-se a enfrentar a Alemanha quando invadida vinte anos mais tarde. No entanto, os números da carnificina iniciada em 1939 foram muito mais longe. O morticínio em massa de civis indefesos jogou os dados para a estratosfera. Entre 40 e 50 milhões de pessoas perderam a vida. O holocausto judeu e o uso da bomba atômica contra os japoneses ficaram como sintomas mais expressivos de que todos os limites tinham sido rompidos, mudando a política e a história para sempre.
No fim, "a humanidade sobreviveu. Contudo, o grande edifício da civilização (...) desmoronou nas chamas", diz Hobsbawm. Por isso, como na entrada do Inferno de Dante, 1914 inscreveu na consciência social a mensagem: "Deixai toda esperança". No caso, a expectativa de que o avanço da técnica, grande conquista dos séculos 19 e 20, tenha, em si, o dom de transformar a vida em uma viagem pacífica, fértil e amorosa. Ficou provado que a produção de riqueza, por si só, não leva o trem da sociedade a um patamar superior de relações, podendo ocorrer mesmo de ele se dirigir a toda velocidade para o despenhadeiro.
Que o conhecimento do passado nos ajude, então, a puxar os freios de emergência, na bonita expressão do filósofo Walter Benjamin. São meus votos para 2014.

HÉLIO SCHWARTSMAN .Culto a Mao


SÃO PAULO - A descrição que meu amigo Marcelo Ninio faz do culto a Mao Tse-tung em Shaoshan, sua cidade natal, vale por um tratado de psicologia. Ali, velhas tradições comunistas, como a gigantesca estátua do líder e a falsificação da história --os livros escolares mal mencionam a Grande Fome (1958-62) e os horrores da Revolução Cultural (1966-76)--, se misturam despudoradamente com elementos religiosos, como reverências e orações.
Essa combinação me parece relevante porque ela escancara algo que tanto religiosos como militantes de causas políticas tentam esconder: a fé numa entidade sobrenatural e o fervor ideológico encontram-se muito mais próximos um do outro do que ambos os lados querem admitir.
Isso já bastaria para banir algumas disputas abstrusas, como a que tenta determinar se foram guerras de religião ou regimes ateus que mataram mais pessoas ao longo da história. Embora essa discussão possa produzir divertidos exercícios estatísticos, ela perde de vista o essencial: o problema não está no que se acredita, mas no fato de algumas pessoas em determinadas situações serem capazes de matar por uma ideia.
A questão tem mais a ver com as chamadas patologias do pensamento de grupo e a dinâmica que elas introduzem na sociedade do que com o conteúdo das crenças propriamente ditas. Não há diferenças funcionais importantes entre o cérebro do fiel que massacra o vizinho porque ele reza para o Deus errado e o do militante político que tortura e mata o dissidente para construir um mundo melhor. Ambos se aferraram a uma ideia (que nunca fez muito sentido, para começo de conversa) e desligaram todos os circuitos que poderiam levar suas mentes a questioná-la.
De minha parte, gostaria que ninguém acreditasse nem em religiões nem em sistemas políticos redentores, mas, como isso não vai acontecer, o que de melhor podemos fazer é semear a dúvida --sempre.

Ensino medíocre


Educação pública de nível secundário é buraco negro da qualificação, com 55% dos professores sem formação na área em que atuam
Em pouco mais de duas décadas, de 1991 a 2012, as matrículas no ensino médio deram um salto de 120% no país. A clientela passou de 3,8 milhões para 8,4 milhões de alunos, a maioria deles (87%) em escolas públicas, sobretudo nas redes estaduais (85%).
Há um processo acelerado de inclusão em andamento, mas ainda aquém do que o Brasil precisa. De cada centena de crianças no ensino fundamental, 75 chegam ao ensino médio e só 57 o concluem; apenas 14 conseguem fazer faculdade, e 7 a terminam.
Inundadas de estudantes com deficiências de aprendizado, as escolas oficiais têm de acolhê-los a despeito das restrições orçamentárias impostas a governos estaduais endividados, e o fazem com um corpo docente desmotivado por salários baixos e, pior, sem a qualificação necessária.
O quadro aparece sem meias-tintas em levantamento realizado --a pedido destaFolha-- pelo Inep, instituto de pesquisa do Ministério da Educação (MEC). Com base em dados do Censo Escolar de 2012, constatou-se que 55% dos professores de ensino médio dão aulas em disciplinas para as quais não têm formação específica.
A partir do sexto ano do ensino fundamental (antigo ginásio), o docente precisa ter curso de licenciatura na área em que atua. Mas, entre a intenção da lei e a prática social, como de hábito no Brasil, verifica-se enorme hiato.
De qualquer ângulo que se considere, a figura tem contornos assombrosos: só 18% dos professores de física têm formação na matéria; na Bahia, Estado em pior situação, meros 8,5% contam com licenciatura; mesmo na rede particular de ensino, pouco mais da metade possui formação específica.
O governo federal despertou para o descalabro há alguns anos, mas as ações de enfrentamento são tímidas. Um Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio foi lançado há um mês pelo MEC com números grandiloquentes, sob medida para a propaganda eleitoral: 495.697 docentes, 7 milhões de alunos e 20 mil escolas envolvidos.
Tudo se resume a mais uma bolsa federal: R$ 200 mensais para que professores aceitem fazer, no horário e no local de trabalho, cursos de aperfeiçoamento. Melhor que nada, mas ainda muito pouco.
A solução real só virá a médio e longo prazos: atrair os melhores alunos da universidade para a docência. Se salários muito melhores são por ora impossíveis, dadas as restrições fiscais, há que buscar outros incentivos. Por que não um plano de carreira promissor, que recompense no futuro o investimento presente numa profissão hoje desprestigiada?
Falta inovação e liderança no setor. Aceitar menos que isso é contentar-se com um ensino medíocre.

    27 de dezembro de 2013

    Ensino médio ainda tem desafios a vencer na cidade


    • Rio Como Vamos alerta para necessidade de reduzir reprovação, evasão escolar e distorção idade/série

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    RIO - Apesar de a qualidade do ensino médio na rede pública ter melhorado no município nos últimos dois anos, indicadores do Rio Como Vamos (RCV) mostram que ainda há desafios grandes pela frente, especialmente em relação a temas como reprovação, abandono escolar e distorção idade/série. Na pesquisa de percepção feita pelo RCV, que ouviu 1,5 mil cariocas em junho último, apenas 34% deram notas altas (acima de 7) para a qualidade da educação recebida, contra 60% em 2011. Entre os que atribuíram notas baixas (de 1 a 5), os motivos da insatisfação são o déficit de professores (57%) e a falta de cursos profissionalizantes para atender aos jovens (39%). Na rede pública, 95% dos alunos de ensino médio estudam em escolas estaduais. Os demais estão matriculados em colégios federais.
    Quanto à reprovação, de 2008 a 2010 não houve uma variação significativa: caiu de 50.896 para 49.122 estudantes. O RCV alerta que somente em 2011 e 2012 os indicadores mostram uma queda mais acentuada, com 45.776 e 35.126 jovens reprovados, respectivamente.

    A distorção idade/série (alunos com dois anos ou mais além da idade ideal) é o que mais preocupa o RCV. Mesmo que os números da série histórica indiquem uma diminuição acentuada dessa distorção (de 136.581 para 78.328 alunos, de 2008 a 2012), o quantitativo de jovens nessa situação ainda é alto, principalmente em algumas áreas da cidade. Nesse período, no Complexo do Alemão estabilizou-se em cerca de 82% dos estudantes. Na Pavuna e em Jacarepaguá, houve uma redução significativa em 2012, mas os índices continuavam altos (61% e 53% dos alunos, respectivamente, estavam fora da idade ideal).
    No caso do abandono, a queda no número de alunos que deixou a escola de 2008 a 2010 é discreta: de 40.177 para 34.321. Em 2011, foi registrada uma redução mais significativa: 25.108 jovens. No ano passado, chegou a 19.146 estudantes. Na comparação entre 2008 e 2012, a queda é de 52%, o que, segundo o RCV, representa uma boa notícia para a educação.
    O RCV chama atenção, ainda, para as regiões da Cidade de Deus, do Complexo do Alemão e da Zona Portuária, que apresentavam índice de distorção idade/série superior a 70% no ano passado. Além disso, das 33 regiões administrativas do município, 11 apresentavam índice superior a 50% em 2012.
    Outra análise que merece atenção é a quantidade de jovens desocupados, que não estudam, não trabalham e não procuram emprego. Segundo dados da publicação “Cadernos do Rio Juventude/IPP”, de junho passado, 15% dos jovens de 15 a 24 anos da cidade estão desocupados. Nas favelas, o índice chega a 19%, e nos bairros formais, a 14%. Em 10 anos (2000-2010), o percentual de jovens nessas condições aumentou de 12,4% para 16,2%.
    Jovens chefes de família
    Por sua vez, o crescimento do número de adolescentes, com 19 anos ou menos, responsáveis por domicílio também é preocupante. Em 2000, eles eram 9.230, e, em 2010, passaram a ser 24.461. Muitos desses jovens deixam de estudar para trabalhar e sustentar suas famílias.
    A oferta de ensino profissionalizante é precária. Dados da série histórica de 2008 a 2011, do RCV, mostram declínio no número de alunos de 15 a 17 anos matriculados: de 19.380, em 2008, para 14.516, em 2011. Depois de quatro anos em queda, o total de matrículas cresceu no ano passado, alcançando 17.036 jovens.
    Segundo a Secretaria estadual de Educação, atualmente existem 391 escolas de ensino médio no município do Rio, 15 delas inauguradas a partir de 2007. Em fevereiro de 2014, serão inauguradas mais nove. Além disso, de 2007 a 2013 foram investidos R$ 300 milhões em reforma, melhoria e construção de escolas na capital. Para 2014, estão previstos investimentos de R$ 120 milhões. Para o Subsecretário de Gestão de Ensino da Secretaria estadual de Educação, Antônio Vieira Paiva Neto, o maior desafio do ensino médio é a distorção idade/série:
    — O atraso cria gargalos: falta de infraestrutura física para atender esses alunos; a questão financeiro, já que o Estado gasta mais para mantê-los na rede; e a social, porque eles terão dificuldades para progredir na vida.


     http://oglobo.globo.com/rio/ensino-medio-ainda-tem-desafios-vencer-na-cidade-11161106#ixzz2oftS2Mkn 

    Brasil: Avanços na longa caminhada


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    27 de dezembro de 2013 | 2h 08

    O Estado de S.Paulo
    Embora ainda conviva com graves problemas na área social, como a desigualdade na distribuição de serviços essenciais e de renda e o alto índice de informalidade no mercado de trabalho, o Brasil melhorou muito nos últimos dez anos. Houve avanços significativos, mas como observou a presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Wasmália Bivar, o País ainda tem um longo caminho a percorrer.
    A nova edição do estudo Síntese de Indicadores Sociais elaborado pelo IBGE com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012 mostra que, em todos os aspectos examinados, as estatísticas registram avanços nas condições de vida dos brasileiros. O trabalho examina os dados do Pnad de acordo com seis grandes temas: demografia, famílias e domicílios, educação, trabalho, padrão de vida e renda e saúde. Em alguns, a melhora foi rápida; em outros, lenta demais.
    Talvez o indicador social que mais tenha melhorado nos últimos anos seja a taxa de mortalidade entre crianças de até cinco anos de idade. Essa taxa caiu de 53,7 óbitos por mil nascidos vivos em 1990 para 18,6 óbitos em 2010. Esse é um índice bastante próximo do que todos os países que se comprometeram a cumprir as Metas do Milênio precisam alcançar até 2015, de 17,9 óbitos por mil nascidos vivos. Melhora nas condições de saneamento básico, mais ações preventivas, melhor assistência médica às crianças e às mães, mais informação sobre cuidados de higiene e saúde estão entre os fatores que proporcionaram essa notável redução de praticamente 66% desse indicador em 20 anos.
    O estudo do IBGE adverte, no entanto, que o envelhecimento da população, as más condições ambientais e sanitárias em diversas regiões, a necessidade de pesquisas de moléstias ainda relevantes, como a malária, e a busca de novas tecnologias e de tratamentos mais eficazes exigem "esforços adicionais" do poder público "para melhorar a qualidade dos serviços, tornar a saúde pública mais equânime, homogênea no território e capaz de enfrentar os crescentes desafios ligados à dinâmica demográfica".
    Melhoras apreciáveis houve também em diversos indicadores da situação do ensino. Mais crianças entre zero e 3 anos frequentam escolas. Entre 2002 e 2012, a taxa de escolarização - isto é, o porcentual de pessoas dessa faixa etária que frequentam creche ou escola - praticamente dobrou, passando de 11,7% para 21,2%.
    Para crianças entre 4 e 5 anos, a taxa saltou de 56,7% para 78,2% entre 2002 e 2012, o que é uma boa indicação. Mas 22% das crianças na idade considerada não estão na escola. Recorde-se de que a meta do Plano Nacional de Educação é universalizar a educação nessa faixa etária até 2016, o que parece bastante difícil de ser alcançado.
    O fato de praticamente 30% dos domicílios urbanos não terem acesso simultâneo aos serviços básicos de saneamento e iluminação (abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e luz elétrica) mostra como, apesar dos planos anunciados nos últimos anos, a melhora das condições das habitações nas cidades continua lenta. Dos domicílios nessas condições, mais de 90% careciam de sistema de coleta de esgoto.
    Na área de trabalho, o avanço da formalização foi notável em dez anos. Em 2002, 44,6% dos trabalhadores eram formalizados, isto é, tinham registro em carteira profissional de seu contrato de trabalho, eram funcionários públicos civis ou militares ou trabalhavam por conta própria ou eram empresários, e contribuíam para a Previdência. Em 2012, o índice passou a 56,9%. Mesmo reconhecendo a importância das transformações do mercado de trabalho, deve-se destacar que mais de 40% dos brasileiros ainda trabalham em condições precárias.
    Do ponto de vista demográfico, o estudo mostra a persistência do fenômeno "nem-nem", isto é, jovens de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham, o que sugere dificuldades de acesso a escolas e ao mercado de trabalho. Eles somavam 9,6 milhões em 2012. E aumentou (de 20% para 24%) a proporção de pessoas de 25 a 34 anos que, por razões financeiras, escolares ou profissionais, preferem continuar morando com os pais.


    HÉLIO SCHWARTSMAN, Exotismo parlamentar

    SÃO PAULO - Não deixa de ser paradoxal que um dos políticos mais contestados do país, o pastor e deputado Marco Feliciano, não só esteja com sua reeleição garantida como ajudará a eleger outros parlamentares para seu partido (o PSC). As controvérsias durante sua gestão à frente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara deram tanta visibilidade aos evangélicos que a bancada bíblica já se mobiliza para seguir no comando da comissão.

    A questão é interessante. Ninguém discorda de que, na democracia, cabe à população eleger seus representantes. O problema é que o termo "eleger" comporta muitas acepções.
    Se levamos em conta só os votos a favor, como ocorre no atual modelo de sufrágio nominal e proporcional, Feliciano e outras figuras controversas nadam de braçada. Ter alguma representatividade, ainda que dispersa, e destacar-se na multidão de postulantes se tornam os requisitos mais importantes. Mas, se déssemos ao eleitorado algum poder de veto --o que, de certa forma, ocorre no sistema distrital--, candidatos cuja principal característica é o exotismo teriam dificuldades para se eleger.
    Não dá para afirmar que exista um sistema certo. Se o atual favorece o surgimento de Felicianos, ele também assegura um Congresso diverso e que representa bem minorias articuladas. Já o distrital, em que pese contribuir para aproximar mais representantes de representados e até para conter a proliferação de partidos, reforçaria as tendências paroquiais dos deputados, que se tornariam vereadores federais.
    Com o passar dos anos, tenho ficado mais simpático ao distrital. Mas não nos enganemos. Sua adoção serviria mais para trocar problemas antigos por novos do que para resolver as coisas. Quem duvida deve olhar para o Senado. Ele é fruto de eleições majoritárias e isso não nos poupa de figuras como Renan Calheiros (PMDB), com suas prodigiosas vacas e maravilhosas caronas na Força Aérea.

      26 de dezembro de 2013

      Why Teacher Preparation Programs Lack the Will to Change

      Posted: 26 Dec 2013 07:31 AM PST
      There is an interesting parallel between teacher education programs and the history of the computer industry. In the 1970s, refrigerator-sized minicomputers were the cutting-edge machines of their time, and the companies that made them were some of the most respected companies in the world. Surprisingly, however, when the desktop computer emerged it wasn’t brought to market by Digital Equipment Corporation, Data General, or any of the other minicomputer companies. Through the 1980s as desktop computers flooded the industry, the minicomputer makers all struggled to stay afloat and many did not survive. With historical hindsight this shift seems to have been inevitable, but as it was happening the minicomputer companies just couldn’t see the sense of entering the personal computer business. The way minicomputer companies made money was by selling their machines to large corporations that were hungry for computing power. Corporations that bought minicomputers didn’t have any use for the cheap, low-performance desktop machines. Hence, minicomputer companies had no interest in making desktops.
      This problem of new opportunities not making sense to established organizations is not new. It has played out over and over again throughout history. In fact, it is the root cause of the innovator’s dilemma.
      Organizations are created to address jobs that people need done. Over time, as an organization works at addressing a job, it develops capabilities that are aligned with that job. These capabilities belong to one of three categories: resources, processes, or priorities. Resources are the physical capital and human capital that an organization uses to address the job. Processes are the ways in which resources come together. Priorities are the shared notions of “what matters” that the organization develops as it figures out how to do the job successfully.
      Interestingly, an organization’s resources, processes, and priorities define not only its capabilities, but also its disabilities. For example, the capabilities that make McDonalds great at operating fast-food restaurants are not well suited to building highways, designing smart phones, or treating diseases. Organizations just aren’t good at doing things they weren’t built to do.
      Here is where organizations often fumble: sometimes there is a shift in what matters. In such circumstances, existing organizations find themselves confronted with new jobs that are different from the ones they were built to do, and their current capabilities become debilitating. For example, in the computer industry, the performance of networked desktop computers eventually started to approach the performance of minicomputers. As a result, corporations started to value the modularity and low cost of the desktop machines over the computing power of the minicomputers. When this shift happened, desktop manufacturers stepped in to address the need. Meanwhile, the minicomputer companies continued to focus on their core business of making better minicomputers until that core business had completely evaporated.
      Fortunately, the resources and processes that make up an organization’s capabilities do not have to be fixed. With time, new resources can be bought, built, or hired, and new processes can be developed through hard work and ingenuity.
      Old priorities, on the other hand, are often more tenacious. Sometimes, as in the case of the minicomputer makers, deeply-held priorities can keep an organization from addressing a new challenge that is staring it in the face. When old priorities dominate, an organization can’t find the motivation to change their existing resources and processes.
      This seems to be the case for teacher education programs. Just as minicomputer companies learned to succeed by prioritizing the advanced computational needs of large corporations, many of the priorities of teacher preparation programs are defined by their accrediting bodies and parent institutions. Accordingly, they place high value on priorities such as staffing their faculty with doctorate-level researchers, giving their professors academic freedom regarding how they structure their courses, expanding their course offerings, and awarding degrees based on students’ completion of seat-time-based credit hours.
      In our current education landscape of high-stakes testing and teacher evaluations, the practical skills of teaching—such as classroom management, instructional delivery, coaching, and relationship building—are becoming increasingly more relevant. The existing priorities of teacher preparation programs, however, are more aligned with fostering academic knowledge and critical thinking than with teaching these practical skills. Accordingly, the job of teacher preparation programs is shifting, and new teacher training programs like Relay and Match are emerging to address this job.
      Another shift is also looming on the horizon. Emerging personalized learning models are transform the role of the teacher. Teachers in these models find themselves acting more as coach and mentor than as deliverers of direct instruction. As such, the skills they need to successfully fulfill their jobs are shifting, but many of the programs that train them remain static.
      At the end of the day, preparing good teachers is the ultimate priority of all teacher preparation programs. Nonetheless, established programs face competing demands from other conflicting priorities that they have developed through years of operation in the traditional system of higher education. Whether existing teacher education programs will succeed in addressing the new jobs they are being asked to do depends on how well they are able to deliberately restructure their priorities.
      -Thomas Arnett
      Thomas Arnett is a research fellow in education at the Clayton Christensen Institute for Disruptive Innovation. This first appeared on the blog of the Christensen Institute.

      Dos que tanto amam odiar a imprensa. EUGÊNIO BUCCI


      26 de dezembro de 2013 | 2h 04

      - O Estado de S.Paulo
      Primeiro, eles acusavam a imprensa de ser um "partido de oposição" e pouca gente se incomodou. A acusação era tão absurda que não poderia colar. Numa sociedade democrática, relativamente estável e minimamente livre, os jornais vão bem quando são capazes de fiscalizar, vigiar e criticar o poder. O protocolo é esse. A normalidade é essa. Logo, o bom jornalismo pende mais para a oposição do que para a situação; a imprensa que se recusa a ser vista como situacionista nunca deveria ser atacada. Enfrentar e tentar desmontar a retórica do poder, irritando as autoridades, é um mérito jornalístico. Sendo assim, quando eles, que se julgavam aguerridos defensores do governo Lula, brandiam a tese de que a imprensa era um "partido de oposição", parecia simplesmente que os jornalistas estavam cumprindo o seu dever - e que os apoiadores do poder estavam simplesmente passando recibo. Não havia com o que se preocupar.
      Depois, as autoridades subiram o tom. Falavam com agressividade, com rancor. A expressão "partido de oposição" virou um xingamento. Outra vez, quase ninguém de fora da base de apoio ao governo levou a sério. Afinal, os jornais, as revistas e as emissoras de rádio e televisão não se articulavam nos moldes de um partido: não seguiam um comando centralizado, não se submetiam a uma disciplina tipicamente partidária, não tinham renunciado à função de informar para abraçar o proselitismo panfletário. Portanto, acreditava-se, o xingamento podia ser renitente, mas continuava sendo absurdo.
      Se os meios de comunicação tivessem passado a operar como partido unificado, com o intento de sabotar a administração pública, o que nós teríamos no Brasil seria um abalo semelhante ao que se viu na Venezuela em 2002. Ali, houve um conluio escandalosamente golpista dos meios de comunicação que, por meio de informações falsificadas, tentou derrubar o presidente Hugo Chávez, eleito democraticamente havia pouco tempo. Por fortuna, a quartelada mediática malogrou ridiculamente. Por escassez de virtú, Chávez passaria todo(s) o(s) seu(s) governo(s) se vingando das emissoras que atentaram contra ele.
      No Brasil, não tivemos nada parecido. Nossa imprensa, convenhamos, é preponderantemente de direita e, muitas vezes, apresenta falhas de caráter, algumas inomináveis, mas nunca se perfilou com a organicidade de um partido político. Por todos os motivos, a acusação continuava sem pé nem cabeça.
      Mas o fato é que começou a colar e o cenário começou a ficar esquisito. Agora, as inspirações até então submersas daquela campanha anti-imprensa afloram com mais nitidez. Era um recurso para dar tônus à disposição dos cabos eleitorais (de muitos níveis), para inflar o ânimo dos militantes de baixo e para inflar o ego dos militantes de cima. Agora, chegamos ao ponto de dizerem que os repórteres deram de ombros para a cocaína encontrada no helicóptero da família do senador Zezé Perrella (PDT-MG) porque ele, embora esteja filiado a um partido da base governista, teria lá suas inclinações consideradas pouco fiéis. Difícil saber. As mesmas vozes acusam os mesmos repórteres de terem exagerado na cobertura do julgamento do mensalão. Na falta de uma oposição de verdade que pudesse servir de vilã cruel, na falta de um satanás mais ameaçador para odiar (a "herança maldita" de FHC não funciona mais como antagonista imaginária), querem fazer valer essa ficção ufanista de que o País vai às mil maravilhas, só o que atrapalha a felicidade geral é esse maldito partidarismo da imprensa. A tese pode ser doidona, mas está funcionando. Alguns quase festejam: "Viva! Achamos um inimigo para combater! Vamos derrotar os editores de política deste país!".
      Deu-se, então, um fenômeno estranhíssimo: as forças instaladas no governo, como que enfadadas do ofício de governar, começaram a fazer oposição à imprensa. Dilma Rousseff jamais embarcou na cantilena, o que deve ser reconhecido e elogiado, mas está cercada de profetas que veem em cada redator, em cada fotojornalista, uma ameaça ao equilíbrio institucional.
      A oratória petista depende de ter um antagonista imaginário. Sem isso, parece que não para mais de pé. Sim, temos aí um traço de discurso autoritário. Em todo regime autoritário ou totalitário, a figura mais essencial é a do inimigo. Para os nazistas, esse inimigo estruturante foram os judeus. Para o chavismo, foi o imperialismo, encarnado por Bush, que teria cheiro de enxofre. E mesmo Bush só conseguiu salvar seu mandato do fiasco porque lhe caiu no colo o inimigo chamado terrorismo. É claro que não se pode dizer que o PT atualmente se reduza a um discurso tropegamente autoritário, mas as feições autoritárias e fanatizantes desse discurso vão ganhando densidade a cada dia. Não obstante, está assentado em bases fictícias, completamente fictícias.
      Vale frisar este ponto: sem um inimigo para chamar de seu, esse tipo de ossatura ideológica se liquefaz. O que seria dos punhos cerrados dando soquinhos no ar sem o auxílio luxuoso do inimigo imaginário? O que seria dos sonhos de martírio em nome da causa? O que seria das fantasias heroicas e do projeto ambicioso de virar estátua de bronze em praça pública?
      Foi aí que a imprensa entrou no credo. Na falta de outra instituição disposta a não se dobrar ao poder, disposta a desconstruir os cenários grandiloquentes armados pelas autoridades, eles encontraram na imprensa a sua razão de viver e de guerrear. Só assim, só com seu inimigo imaginário bem definido, esse discurso encontra seu ponto de equilíbrio: ficar no poder e ao mesmo tempo acreditar - e fazer acreditar - que está na oposição, que combate um mal maior. Seus adeptos, que imaginam odiar a imprensa sem se dar conta de que a temem, agarram-se à luta com sofreguidão. Estão em ponto de bala para o ano eleitoral de 2014.
      Mesmo assim, feliz ano-novo.
      JORNALISTA, PROFESSOR DA USP
      E DA ESPM

      Por que adotamos avaliações externas?, Claudia Costín

       GLOBO - , 26/12/2013
       


      Um dos grandes avanços que tivemos na educação brasileira nos últimos anos foi a introdução de uma cultura de avaliação, expressa em provas como o Saeb, a Prova Brasil, o Enem e a participação do Brasil no Pisa, teste internacional aplicado pela OCDE a jovens de 15 anos de 65 países. Foi este último teste que permitiu ao país recentemente constatar o atraso em que se encontra, com o 58º lugar, a despeito de ser a sétima economia do mundo. Também foi esta avaliação externa que nos mostrou que fomos o país que mais avançou em matemática, entre 2003 e 2012. Com isso, inúmeras medidas focadas poderão ser adotadas (ou reforçadas) para melhorar a educação. No caso do ensino fundamental, aplica-se a Prova Brasil a cada dois anos, para alunos de 5º e 9º anos, e com ela estabelece-se um índice, o Ideb, que permite às redes e a cada escola conhecer seus desafios.
      Mas dois anos é muito tempo na vida de uma criança. Erros se cristalizam e medidas de correção só podem surtir efeito para uma próxima geração de alunos. Por isso, muitas redes optam por complementar esta avaliação com outras, de periodicidade mais curta. O município do Rio optou por realizar dois tipos de provas anuais: a AlfabetizaRio, para alunos de 1º ano, com vistas a avaliar se conseguiram se alfabetizar ao fim do ano, e a Prova Rio, para os de 3º, 4º, 6º, 7º e 8º anos, para verificar o desempenho em língua portuguesa, matemática e ciências.
      Os resultados destas provas nos possibilitam aferir o grau de avanço educacional do município e de cada escola, sem riscos de autoengano, típicos de avaliações impressionistas ou de incorreções próprias de exames cujo aplicador ou corretor pode ter seus desejos de sucesso influenciando a nota. Ficamos felizes com o grande avanço da rede municipal, mas sabemos também quais são os desafios que persistem, como a reduzida melhora em matemática de 7º ano. Com isso, pudemos investir mais em materiais de apoio ao professor nos tópicos ainda não dominados pelos alunos e melhorar a formação continuada dos professores.
      Utilizamos os resultados também para identificar quais alunos precisam de um reforço escolar mais forte. Para eles, foram criadas as turmas do Nenhuma Criança a Menos (para alunos de 3º e 4º anos) e do Nenhum Jovem a Menos (para os de 7º). As escolas com desempenho mais fraco ganham uma escola madrinha, de perfil parecido, mas com resultados mais positivos na prova. Esta escola ajuda a unidade com maiores desafios a elaborar e implantar um Plano de Melhoria da Aprendizagem, que é apresentado ao nível central para que as diferentes áreas identifiquem apoios possíveis. São eles também a base para descobrirmos os talentos ocultos na rede e dar-lhes visibilidade. Com isso, vamos construindo a possibilidade de dar um salto na qualidade da educação, corrigindo rumos e baseando-nos em práticas melhores e testadas. O Rio merece!

      Todos los actores del bullying

        Revista Ñ, Clarín
      • 24/12/13

      Psicología. El acoso en edad escolar es un fenómeno de violencia entre pares y tiene más responsables de los que se visualizan. El autor de la nota propone analizarlo en el contexto local.

      Es necesario hacer una adaptación local y regional de la problemática del bullying porque la explicación que se propone habitualmente viene impuesta desde países con otra realidad social y cultural. Pretendo limitar el bullying sólo a determinados cuadros, generalmente vinculados a un problema psicopatológico previo intrafamiliar, y no a cualquier conflicto escolar.
      El fenómeno del bullying viene a sumarse, como una nueva categoría, al listado de las llamadas violencias institucionales. En este caso se trata de violencia entre pares, dentro del ámbito escolar. El grupo de alumnos puede llegar a detonar en alguno de sus integrantes un perfil patológico, alterando su mapa emocional. Del mismo modo la enfermedad mental de un miembro del grupo puede llegar a encontrar un terreno fértil en el espacio grupal para hacer su despliegue, a veces macabro, alterando el mapa emocional del grupo. Bullying es un término que se utiliza actualmente para nombrar un tipo de dinámica grupal que, en épocas pasadas, se conocía como maltrato entre compañeros de escuela. Tiene ciertas características que permiten distinguirlo de otras problemáticas sociales alteradas; incluso de un simple “maltrato” por discrepancias.
      Para diferenciar la concepción europea o norteamericana propongo una adaptación local y regional de los protocolos de evaluación para hacerlos coincidir con nuestras realidades sociales y culturales. Por lo tanto señalo que esta dinámica se desarrolla si, al menos, hay cuatro personajes involucrados, a saber: un sujeto maltratador o victimario; un sujeto sometido o víctima; un sujeto colaborador o encubridor y un sujeto testigo no participante. Y también propongo la necesidad de encontrar los cuatro tipos de violencia integrados: la física (golpes y maltrato corporal), la verbal (insultos, amenazas e intimidación), la psicológica (acoso y persecución) y la simbólica (segregación y discriminación negativa). Todos estos componentes permiten diferenciarlo claramente de cualquier otro fenómeno de tensión entre fuertes y débiles y permite lograr que no se estigmaticen ni situaciones ni personas. El bullying no es un simple maltrato o insulto sino un problema psicopatológico que sobrelleva una persona y que hay que atender. Lo puede sufrir porque lo padece o porque lo ejecuta. La posición de víctima o victimario está signada desde la personalidad y el carácter, los que se forjaron en el vínculo con los padres. Para poder estar en alguno de estos lugares hay que tener una personalidad previa.
      Personalidad de los protagonistas del bullying 1) El maltratador o victimario, es el autor intelectual de las estrategias de maltrato y sólo se involucra si su participación lo deja como un líder. Suele tener una personalidad dominante (posiblemente desde muy pequeño) y en quien la fuerza y la capacidad de control, sobre los demás, parece ser un valor y una característica destacada. Se trata en general de personalidades impulsivas con un muy bajo umbral para tolerar la frustración. Logra, durante largos períodos, mantenerse como referente popular de otros que ven en él un líder con prestigio social que imitar. Goza con la desgracia ajena y le provoca mucha satisfacción desarrollar acciones que induzcan malestar, daño o sufrimiento. Se advierte que suele estar a cargo de adultos más bien negligentes que carecen de autoridad y que no hacen un seguimiento adecuado ni imponen una disciplina.
      2) El sometido o víctima, es el objeto de maltrato. Tiene baja autoestima y una predisposición a victimizarse; con una personalidad introvertida y con tendencia al aislamiento. Se muestra sensible y con habituales estados de ansiedad y angustia que pueden derivar en episodios de llanto y crisis nerviosas. Se expone inseguro frente a la toma de decisiones y frente a los planteos que lo conminan a enfrentarse con sus deseos. Suele permanecer en la periferia de los grupos y no logra buenas amistades. En general se acerca a otros que muestran características de indefensión similares a las que experimenta él habitualmente. Su actitud es temerosa y prefiere el aislamiento. Suele tener conductas reactivas de defensa anticipadas, porque siempre tiene una suposición de ataque permanente. Su actitud de ansiedad, depresión e introversión suele ser blanco de la acción de los acosadores. En algunas oportunidades el sujeto en posición de víctima también puede ser un agresor y su justificación frente al maltrato es que a su vez lo han maltratado. Suelen ser personajes pueriles, irritables y tiranos. Los adultos que rodean a este tipo de sujetos suelen ser inseguros, no ponen límites, no sostienen la normativa parental y suelen ser sujetos muy arbitrarios que pasan del maltrato a la compasión.
      3) El colaborador o encubridor, es el ejecutor de las acciones de maltrato perpetradas por el matón. Es quien habitualmente no tiene el coraje ni la autoestima suficiente para enfrentar directamente situaciones adversas. Se identifica con el agresor o con un rasgo que muestra el matón y que él desea para sí. Suelen motivarlo sentimientos de impotencia y venganza por defectos propios o por intensos procesos de inhibición que dominan su vida y que aparecen atenuados en el marco de una dinámica social de bullying. Esta participación implica un protagonismo que no tendrían en otros contextos de su vida; y esto en definitiva es una identidad. Siempre es mejor ser algo, aunque sea una “mala persona”, que no ser nada.
      4) El testigo no participante, es una persona con poca iniciativa, temeroso de denunciar las injusticias que otros cometen por temor a ingresar en el listado de las potenciales víctimas; incluso de dar una opinión aunque su integridad no esté en juego. Generalmente no se involucra activamente en este tipo de situaciones de maltrato o agresiones entre pares. Sin embargo y paradójicamente no advierte que están absolutamente incluidos como observadores no participantes.

      Messi, el número 1

      El diario inglés The Guardian eligió a los 100 mejores futbolistas y la Pulga quedó en lo más alto.  

      Mirá en qué ubicación quedaron los otros ocho argentinos que fueron seleccionados.

      Los 100 mejores futbolistas, según The Guardian.

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      24/12/13 - 13:28
      "A pesar de haber tenido un año 'afuera', Messi sigue siendo el mejor", se puede leer en el diario inglés The Guardian que armó un ranking con los 100 mejores futbolistas de la actualidad y eligió a Lionel Messi como el número 1 cuando faltan pocas semanas para la gala del Balón de Oro de la FIFA.
      El diario convocó a 12 'jueces' para que eligieran 40 jugadores cada uno. Al primero que seleccionaban se le otorgaban 40 puntos y Messi fue el que más acumuló. El podio lo completan el portugués Cristiano Ronaldo y el sueco Zlatan Ibrahimovic, mientras que el francés Franck Ribery quedó en el cuarto puesto.
      Además, hay otros ocho argentinos entre los 100 que seleccionó The Guardian: Sergio Agüero quedó 10°, Carlos Tevez 46°, Gonzalo Higuaín 56°, Javier Mascherano 63°, Angel Di María 72°, Pablo Zabaleta 77° y Diego Conca 78°.

      El "rolezinho": Los nuevos ‘vándalos’ de Brasil

      El 'rolezinho', la novedad de esta Navidad, muestra que, cuando la juventud pobre y negra de las periferias de São Paulo ocupa los centros comerciales anunciando que quiere formar parte de la fiesta del consumo, la respuesta es la de siempre: criminalización. Pero ¿qué es lo que le están "robando"estos jóvenes a la clase media brasileña?


      Las Navidades de 2013 serán recordadas como aquellas en las que Brasil trató como gamberros a chicos pobres, la mayoría de ellos negros, por haber osado divertirse en los centros comerciales donde la clase media hace las compras de fin de año. A través de las redes sociales, centenares, a veces miles de jóvenes, se ponían de acuerdo para lo que llaman "rolezinho” (un paseo) en centros comerciales próximos a sus comunidades, para “hacer jaleo, dar unos besos, flirtear, divertirse, sin robos”. El sábado, 14, decenas entraron en el Shopping Internacional de Guarulhos (Estado de São Paulo), cantando estribillos de funk da ostentação (un tipo de música que exalta la ostentación). No robaron, no destruyeron, no portaban drogas, pero aún así 23 de ellos fueron llevados a comisaría sin que nada justificara la detención. Este domingo, 22, en el Shopping Interlagos, varios fueron revisados a su llegada por un fuerte despliegue policial: según la prensa, una base móvil y cuatro furgones, cuatro unidades de la Polícia Militar, una del Grupo de Operaciones Especiales y cinco coches de seguridad particular para montar guardia. Varios jóvenes fueron “invitados” a retirarse del edificio por tener apariencia defunkeiros, como dos hermanos que empujaban al padre, amputado, en una silla de ruedas. De nuevo, no se registró ningún hurto. El sábado, 21, la policía -a la que llamó la administración del Shopping Campo Limpo- no constató ningún “tumulto”, pero varios vehículos y motos de la Policía Militar permanecieron en el aparcamiento para inhibir elrolezinho. Algunos policías entraron en el centro comercial con pistolas de balas de goma y bombas lacrimógenas.
      Si no hay crimen, ¿por qué la juventud pobre y negra de las periferias del área de São Paulo está siendo criminalizada?
      Primero, a causa de su entrada. Los centros comerciales fueron construidos para mantenerlos del lado de fuera y, de repente, osaron traspasar el límite. Y lo hicieron reivindicando algo transgresor para jóvenes negros y pobres en el imaginario nacional: divertirse fuera de los límites del gueto. Y desear objetos de consumo. No neveras y televisores de pantalla plana, símbolos de la llamada clase C o nueva clase media -la parcela de la población que ascendió con la ampliación de renta en el Gobierno Lula-, sino marcas de lujo internacionales, aquellas que se pretenden exclusivas para una élite, en general blanca.
      Antes, el 7 de diciembre, cerca de 6.000 jóvenes habían ocupado el aparcamiento del Shopping Metrô Itaquera, y también fueron reprimidos. Varios rolezinhos se organizaron a través de las redes sociales en diferentes centros comerciales de la región metropolitana de São Paulo hasta el final de enero pero, por miedo a la represión, muchos han sido cancelados. Sus organizadores, jóvenes que a menudo trabajan como chicos de los recados, temen perder el empleo al ser detenidos por estar donde supuestamente no deberían estar – en una ley no escrita, pero siempre cumplida en Brasil-. Los agentes de seguridad de los centros comerciales recibieron orientación para monitorizar a cualquier joven “sospechoso” que esté delante de un escaparate, aunque sea solo, deseando gafas de Oakley o tenis Mizuno, dos de los iconos de los funkeiros da ostentação. En vísperas de Navidad, Brasil muestra la cara deformada de su racismo. Y necesita encararla, porque el racismo sí es un crimen.
      Eita porra, que cheiro de maconha” (algo así como "Joder, qué olor a marihuana") era el estribillo que cantaban los jóvenes al entrar en el Shopping Internacional de Guarulhos. El funk es de MC Daleste, que homenajea en su nombre artístico la región donde nació y se crió, la zona este, la más pobre de São Paulo, aquella que cada verano se inunda con las lluvias por obras que los sucesivos gobiernos siempre aplazan, aplastando sueños, enterrando casas, matando adultos y niños. Daleste murió en julio de un tiro en el pecho durante un show en Campinas (a unos 100 kilómetros de São Paulo). El asesinato es la primera causa de muerte en Brasil para los jóvenes negros y pobres, como los que ocuparon el Shopping Internacional de Guarulhos.
      La policía reprimió, los comercios cerraron, la clientela corrió. Una testigo dijo la frase-símbolo a la reportera Laura Capriglione, de Folha de S. Paulo: “Tiene que prohibirles a este tipo de maloqueiro [término despectivo para habitantes de zonas pobres de las favelas] entrar en un lugar como este”. Los días siguientes, en diferentes webs de periódicos, los lectores definieron así a los rolezeiros (vea entrevista abajo): “maloqueiros”, “bandidos”, “prostitutas” y “negros”. Negros emerge aquí como palabra ofensiva.
      As novelas ya vendían una vida de lujo hace muy tiempo, solo que en ellas los ricos eran los que pertenecían al mundo de riqueza. En los videoclipes de funk ostentação, son los pobres que aparecen en este mundo.”
      El funk da ostentação, surgido en la Baixada Santista y la región metropolitana de São Paulo en los últimos años, evoca el consumo, el lujo, el dinero y el placer que todo eso otorga. En sus videoclips, los DJs aparecen con cadenas y anillos de oro, vestidos con ropas de marca, en coches caros, rodeados de mujeres con mucho culo y poca ropa. (Para conocer el funk de la ostentação, vea el documental aquí). Distinto del núcleo duro del hip hop paulista de los ochenta y noventa, que renegaba del sistema, y también del movimiento de literatura periférica y marginal que, al inicio de 2000, defendía que para consumir, se comprasen marcas producidas por la periferia para la periferia, el funk da ostentação coloca a los jóvenes -aunque para la mayoría solo en la imaginación- en escenarios hasta ahora reservados para la juventud blanca de las clases media y alta. Esa, tal vez, sea su transgresión. En sus vídeos, los DJs tienen vidas de ricos, con todos los símbolos de los ricos. Gracias al éxito de su funk en las comunidades, muchos DJs se enriquecieron de verdad y tuvieron acceso al mundo que celebraban.
      Esta exaltación del lujo y del consumo, interpretada como adhesión al sistema, hizo el funk da ostentação incómodo para un sector de los intelectuales brasileños e incluso para parte de los líderes culturales de las periferias de São Paulo. Ahora, los rolezinhos – y la represión que les siguió– le añaden a esta vertiente del funk un componente de insurgencia, celebrado estos últimos días por voces de la izquierda. Al ocupar los centros comerciales, la juventud pobre y negra de las periferias no estaba solo apropiándose de los valores simbólicos, como ya hacía con las letras del funk da ostentação, pero también de los espacios físicos, lo que marca una diferencia. Y, para algunos sectores de la sociedad, agrega un contenido peligroso a aquello que era denominado [porque no hablaba de violencia, sino de ostentación] “funk do bem”.
      La respuesta violenta de la administración de los centros comerciales, de las autoridades, de la clientela y de parte de los medios demuestra que esos actores leyeron la entrada de la juventud de las periferias en estos establecimientos como un acto violento. Pero la violencia era justamente el hecho de no estar allí para robar, el único acto en que se acostumbra a ver jóvenes negros y pobres. Entonces, ¿cómo encajarlos? ¿en qué lugar colocarlos? Prefirieron concluir que existía la intención de hurtar y destruir, algo más fácil de aceptar en lugar de admitir que solo querían divertirse en los mismos lugares que la clase media, deseando los mismo objetos de consumo que ella. Llevaron a parte de los rolezeiros a la comisaría. Aunque tuvieran que soltarlos luego, porque no había motivos para mantenerlos allí, el acto ya los ha estigmatizado y señalará sus vidas, como históricamente se ha hecho con los negros y pobres en Brasil.
      Jefferson Luís, 20 años, organizador del rolezinho del Shopping Internacional de Guarulhos, fue detenido, es blanco de investigación policial, su madre lloró y él acabó cancelando otro rolezinho ya programado por miedo a sufrir más. Auxiliar en una empresa, ahorró un mes de salario para comprar la cadena dorada que lleva al cuello. Jefferson dijo al periódico O Globo: “No iba a ser una protesta, iba a ser una respuesta a la opresión. Uno no se puede quedar en casa encerrado”.
      Por esta subversión no será perdonado. Los jóvenes negros y pobres de las periferias de São Paulo, en vez de contentarse con trabajar en la construcción civil y en servicios subalternos de las empresas de lunes a viernes y quedarse encerrados en casas sin servicios básicos el fin de semana, también quieren divertirse. Zoar, como dicen. La clase media acepta que quieran pan, que quieran nevera, se siente más incomodada cuando llenan los aeropuertos, pero ¿divertirse, y en centros comerciales? Otra frase de Jefferson Luiz: “Si yo tuviera un cuarto solo para mí ya sería una ostentación”. Divide una habitación en la periferia de Guarulhos con ocho personas.
      Estas Navidades, los funkeiros da ostentação parecen haberse convertido en los nuevos “vándalos”, como son llamados todos los manifestantes que, en las protestas, no se comportan dentro de la etiqueta establecida por las autoridades y por parte de los medios. En las primeras noticias, el rolezinho del Shopping Internacional de Guarulhos fue tachado de “arrastão” (avalanchas humanas que crean confusión para robar). Pero no había arrastão. El antropólogo Alexandre Barbosa Pereira hace una provocación precisa: “Si fuese un grupo numeroso de jóvenes blancos de clase media, como sucedió varias veces, ¿sería interpretado como un flash mob?”.
      A idea de la imaginación como una fuerza creativa se presenta fuertemente en el funk ostentação.”
      ¿Por qué los administradores de los centros comerciales, la policía, parte de los medios y los clientes solo consiguen encuadrar a un grupo de jóvenes negros y pobres dentro de un centro comercial en un arrastão? Hay varias respuestas posibles. Pereira propone una bastante aguda: “¿Será que la clase media entiende que los jóvenes están ‘robando’ su derecho exclusivo de consumir?”. ¿Este sería el “robo” imperdonable, el que colocó a las fuerzas de la represión en la puerta de los centros comerciales para impedir la entrada de chicos desarmados que querían zoar, dar unos besos y codiciar objetos de deseo en los escaparates?
      Para ayudarnos a pensar en los significados del rolezinho y del funk da ostentação entrevisto a Alexandre Barbosa Pereira en esta columna. Profesor de la Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), se dedica a investigar las manifestaciones culturales de las periferias paulistas. En su máster, recorrió el mundo de pichação, un estilo de grafiti característico de São Paulo. En el doctorado, buceó en las escuelas públicas para comprender lo que es zoar. Desde 2012 investiga el funk da ostentação. Aunque los rolezinhos, por la fuerza de la represión, concluyan estas Navdades, hay mucho que necesitamos comprender sobre lo que dicen sus protagonistas – y sobre lo que la reacción violenta en su contra dice de la sociedad brasileña-.
      El rolezinho aparece conectado al funk da ostentação. ¿En qué medida existe, de hecho, esa conexión?
      Alexandre Barbosa Pereira. El funk ostentação es una relectura paulista del funk carioca, hecha a partir de la Baixada Santista y de la región metropolitana de São Paulo, en la cual las letras pasan a tener la siguiente temática: dinero, marcas, coches, bebidas y mujeres. No se habla directamente de crimen, drogas o sexo. Los funkeiros de esa vertiente comenzaron a producir videoclips inspirados en la estética de los del gangsta rap estadunidense. Pero lo más curioso de ese movimiento es el giro que los jóvenes hacen para cambiar la pauta que, hasta entonces, era principalmente la criminalidad para el consumo. Las músicas dejan de hablar de crimen para hablar de productos que ellos quieren consumir. Así, en vez de cantar: “Roba motos, roba coches, un bandido no anda a pie” (Bonde Sinistro), los funkeiros de la vertiente de la ostentación cantan: “Vida es tener un Hyundai y una [moto] Hornet, diez mil para gastar, Rolex....” (MC Danado). De este modo, los DJs empezaron a tener más espacio para cantar en locales nocturnos y pasaron a producir videoclips cada vez más elaborados, con más de 20 millones de accesos en Youtube, lo que les llevó a un éxito al margen de los medios tradicionales. Algunos llegaron a alcanzar gran repercusión entre un segmento del público joven sin haber aparecido nunca en la televisión. Vi a niñas llorando por DJs en bailes incluso antes de que el funk ostentação alcanzara el protagonismo que consiguió en los grandes medios. Surgieron empresas especializadas en la producción de clipes en el estilo de la ostentación, como Kondzilla y Funk TV, claramente inspirados en el gangsta rap, en el que los jóvenes aparecen en coches y motos, exhibiéndose con ropas, dinero y mujeres. Una reflexión interesante para hacer es cómo los medios tradicionales, que antes execraban el llamado funk proibidão, que hablaba abiertamente de crimen, drogas y sexo, ahora comienza a elogiar el funk ostentação, denominándolo incluso “funk del bien” y resaltando la trayectoria económica y social ascendente de los DJs.
      Pregunta. Haciendo un paréntesis aquí, antes de llegar al rolezinho:¿cuál es el camino para que un joven pobre tenga acceso al consumo de lujo, según la mirada del funk da ostentação? Este giro que tú mencionabas...
      Respuesta. Primero, que ese bien de lujo no es tan de lujo. Al final, una botella de whisky a 60 u 80 reales (de 25 a menos de 35 dólares) no es ningún absurdo. Siempre es posible comprar una copia de aquellas gafas de sol que cuestan más de mil reales. En las discotecas de funk que observé, este era el precio. Pensemos en un grupo de por lo menos cuatro amigos dividiendo el valor de la compraventa. No sale tan caro jugar a la ostentación. Eso sí, están los coches. Eso sí que está fuera del alcance de la mayoría de esos jóvenes. Pero ahí hay una explicación interesante, que Montanha, un productor y director de videoclips de Funk TV, sabiamente me dio. Me dijo que las novelas ya vendían una vida de lujo hace mucho tiempo, solo que en ellas los ricos eran los que pertenecían a ese mundo. En los videoclips de funk ostentação, son los pobres los que aparecen en un mundo de “riqueza” o de “lujo”, con coches, mansiones, ropas de marcas más caras. Los jóvenes ahora podrían, segundo Montanha, verse como parte de un mundo de prestigio, de ahí la gran identificación. El crimen puede ser un camino para acceder a ese mundo de lujo o lo que esos jóvenes entienden por un mundo de lujo, pero no es el único. Esta es la lección que muchos DJs de funk están intentando transmitir en sus letras. De cierta forma muestran otro camino, que, de hecho, siempre estuvo presente para esos jóvenes de la periferia: hacerse famoso por la música o por el fútbol. De hecho, esos son los caminos que aparecen como los más posibles para que jóvenes negros y pobres de las periferias del país imaginen un futuro de éxito. En un mundo en que hay una fuerte división entre trabajo intelectual y manual, con la extrema valorización del primero, el uso del cuerpo en formas lúdicas como medio de ganar dinero se muestra como opción para la transformación de la vida. “Crimen, fútbol, música, cojones, yo tampoco conseguí huir de eso ahí”, ese es el Negro Drama cantado por los Racionais MCs. Los DJs de funk ostentação están intentando decir que es posible construir una vida de éxito a través de la música. Y lo que era ficción (los videoclips con coches importados, prestados o alquilados, con dinero de mentira lanzado al aire) comienza a hacerse realidad. Muchos de ellos comienzan a ganar una cantidad razonable de dinero con los shows. Creo que la idea de la imaginación como una fuerza creativa se presenta con fuerza en el funk ostentação.
      Será que la clase media entiende que los jóvenes están ‘robando’ el derecho exclusivo de ellos consuman? Direito que, por su parte, venía siendo robado de esos jóvenes pobres hace muy tiempo.”
      Por otro lado, es preciso destacar que masculinidades marcadas por el deseo de poseer un automóvil o una motocicleta no fueron construidas por el funk ostentação. Ya existían hace tiempo. Para los niños de la periferia, poseer un buen coche, bonito y potente, es una de las metas principales de vida. La posesión del coche es, en el imaginario de esos jóvenes, pero también de la población en general, un indicativo de éxito económico y social, garantizando, como consecuencia, el éxito con las mujeres.
      En este caldo cultural, el consumo es cada vez más exaltado como espacio de afirmación y de reconocimiento para los jóvenes. Es, inclusive, bastante compleja la forma de la relación entre criminalidad y consumo en el funk. En el giro que produjeron, parece que hay el mensaje de que esas dos acciones pueden ser dos lados de una misma moneda. Ellos no dejan de hablar del crimen. Acaban citándolo indirectamente, como en las músicas de MC Rodofilho, en las cuales él celebra: “Ay dios, qué bueno es ser vida loka”. Lo importante es entender cómo el crimen y el consumo son pautas constantes en las relaciones sociales de los jóvenes de la periferia. Los más pobres también quieren que iPads, iPhones y automóviles potentes formen parte de su mundo. Aún necesito observar y reflexionar más sobre ello, pero creo que tanto en el caso del crimen como en el del consumo tenemos que estar más atentos al modo en el que se dan las relaciones entre personas y cosas. Pienso que la búsqueda de la realización solo mediante el consumo implica sentimientos y posturas extremas de un egoísmo hedonista y de un profundo desprecio por otros seres humanos. Las mercancías, o las cosas anheladas, de cierta forma han conformado las subjetividades contemporáneas. Y en esas nuevas subjetividades, marcadas por lo instantáneo y la inestabilidad, parece no haber mucho espacio para la solidaridad. Hay una nueva tendencia en la discusión antropológica que afirma que no podemos entender las cosas solo como representación o resultado de lo social. Necesitamos pensar también en cómo las cosas hacen a las personas e incluso a lasociedad. Cómo las cosas o las mercancías más deseadas hoy motivan tanto un consumismo desenfreado, irracional y egoísta, como el ingreso de jóvenes en la criminalidad. Siempre me quedo espantado cuando veo las imágenes en otros países de personas corriendo desesperadas para comprar un nuevo lanzamiento de smartphone, videojuego, tableta... Pero no solo eso, estas cosas también motivan y determinan formas de estar, pensar, relacionarse y sentir en el mundo contemporáneo.
      Penso mucho en eso cuando parte de la clase media critica el consumo de esos jóvenes, diciendo que solo ellos –la clase media que, supuestamente, paga los impuestos – tienen derecho a consumir, o a relacionarse con ciertos productos. ¿Será que la clase media entiende que los jóvenes están robando el derecho exclusivo de que ellos consuman o de relacionarse con esos objetos de prestigio? ¿Un derecho que, por otra parte, había sido robado de esos jóvenes pobres hace mucho tiempo?
      Esa crítica puede venir inclusive de cierta clase media más intelectualizada e incluso con ideas políticas progresistas, que cree que sabe lo que es mejor para los pobres. Hacen la crítica desde sus iPads e iPhones a lo que entienden como un consumo irracional de los más pobres, que deberían ahorrar en vez de gastar en productos que no son para su nivel económico. Hay un juego de perder y ganar y también de búsqueda de satisfacciones individuales que rodea el robo del derecho de algunos al consumo, que es preciso profundizar para entender mejor esas dinámicas contemporáneas. ¿Todos tienen el derecho a consumir lo que quieran? ¿Y sería viable, hoy, que todos consuman a altos niveles? ¿Qué implicaciones mediombientales tendríamos? Y si no es sostenible o viable que todos consuman con tamaña intensidad, ¿por qué incentivamos así el consumismo? Con eso, lo que quiero decir es que no se puede pensar la relación entre crimen y consumo solo entre los pobres. Creo que también necesitamos mirar hacia las clases medias y altas y hacia los crímenes que, históricamente, han sido cometidos contra los más pobres y el medioambiente para proteger el consumo de los ricos.
      P. ¿Es en este punto en el que los rolezinhos aparecen y crean una tensión reveladora en estas Navidades?
      R. Los rolezinhos en los centros comerciales están conectados directamente a ese contexto. No sé  cómo surgieron, pero me parece que despuntarion por esas nuevas relaciones que las redes sociales permiten construir, de forma que una broma pueda volcar algo serio. De repente, una convocatoria hecha en Internet puede llevar a centenares de jóvenes a encontrarse en un centro comercial, un local donde pueden tener acceso a esos bienes a los que canta la música, aunque solo sea un acceso visual. Eso sí, es importante resaltar que no fueron los rolezinhos ni el funk ostentação los que crearon esa relación de fascinación con el consumo. Esta ya existía hace mucho. Os Racionais, hace más de diez años, ya cantaban sobre eso, con afirmaciones como: “Tú dijiste que era bueno y la favela lo escuchó. Allá también tiene whisky, Red Bull, tenis Nike y fusiles” o “La abundancia alegra al sufridor”
      É importante percibir que los centros comerciales donde los rolezinhos ocurrieron están en regiones más periféricas. Ellos no han ido a los templos mayores del consumo de lujo en la ciudad.”
      P. Algunos análisis relacionan losrolezinhos con una acción afirmativa de la juventud negra y pobre, a una denuncia de la opresión y a una reivindicación de participación, en este caso en el mundo del consumo. ¿Como analizarías tú este fenómeno tan nuevo?
      R. No me arriesgaría a decir que hay un movimiento político muy claro. Puede indirectamente constituirse como una acción afirmativa de la juventud negra y pobre. Tal vez la tensión que se creó con la criminalización de esos jóvenes durante los rolezinhos pueda llevar a algún tipo de reflexión y acción política mayor, pero es difícil de prever. En un libro intitulado Cidadania Insurgente, [el antropólogo americano] James Holston analiza el surgimiento de las periferias urbanas en Brasil, particularmente en São Paulo, destacando la discriminación contra ciertas clases de ciudadanos en el país. Ese autor muestra como, históricamente, las formulaciones de ciudadanía elaboradas por los más pobres se dieron a partir de su ocupación de barrios en las periferias de las grandes ciudades. Nociones y prácticas propias de ciudadanía que se produjeron, a la vez, por medio de las experiencias de hacerse propietario, de participar de movimientos sociales por la mejoría de los barrios y de ingresar en el mercado del consumo. Primero se ocuparon los barrios, incluso sin estructura mínima. Después llegaron las reivindicaciones por la legalización de los terrenos ocupados. Y, finalmente vinieron las luchas por la llegada de la energía eléctrica, el saneamiento básico y el asfalto. Creo siempre muy interesante, en conversaciones con antiguos líderes de los barrios periféricos de São Paulo, observar que indican la llegada del asfalto como el gran marco de transformación del barrio y la integración de este al espacio urbano.
      Percibo, por lo tanto, acciones como las de los rolezinhos, desde el punto de vista de esa “ciudadanía insurgente”, en referencia a las asociaciones de ciudadanos que reivindican un espacio para sí y así se contraponen al gran discurso hegemónico o, si no se disocian del discurso hegemónico, al menos provocan ruidos en él. Se trata de una reivindicación por la ciudadanía, la participación política y derechos que, históricamente, fue hecha por los más pobres, muchas veces en la frontera entre lo legal y lo ilegal, y que comenzó con la propia ocupación de los barrios en la periferia de la ciudad de São Paulo, como forma de habitar y sobrevivir en el mundo urbano. Esa ciudadanía no necesariamente se presenta como resistencia, pero puede también querer, en muchos casos, asociarse a la hegemonía produciendo disonancias.
      ¿Qué son el funk ostentação y los rolezinhos si no esa reivindicación de los jóvenes más pobres de una mayor participación en la vida social más amplia a través del consumo? Estas acciones culturales parecen situarse en esa lógica, que no necesariamente se contrapone a lo hegemónico, en la medida en que intenta afirmarse por el consumo, pero provoca una incomodidad, un ruido extremadamente irritante para aquellos que se guían por un discurso y una práctica de segregación de los que consideran como los “otros”.
      P. ¿Cómo definir esa incomodidad? ¿Qué son los “otros” en este contexto? ¿Y qué papel desempeñan estos “otros”?
      R. La incomodidad de ver pobres ocupando un lugar en el que no deberían estar, como consumidores de ciertos productos que deberían ser más exclusivos. Es un tipo de espanto que se pregunta: “¿Cómo ellos, que no tienen dinero, quieren consumir productos que no son para su posición social y económica?”. Estos “otros” son los considerados “subalternos”. Pueden ser funkeiros, pobres y mestizos de la periferia, pero pueden ser también las empleadas domésticas, losmotoboys, los grafiteros, entre otros “otros”, que muchas veces son utilizados como chivo expiatorio de las frustraciones de un sector considerable de la clase media.
      Há una tendencia de percibir los jóvenes pobres a partir de tres perspectivas: a de el gamberro, a de la víctima y a de el héroe.”
      Los rolezinhos no son protestas contra el centro comercial o el consumo, sino afirmaciones de: “Queremos estar en el mundo del consumo, en los templos del consumo”. Sin embargo, por ser jóvenes pobres de barrios periféricos, negros y mestizos en su mayoría, y que escuchan un género musical considerado marginal, pasan a ser vistos y clasificados por la mayoría de la sociedad como gamberros o marginales. Pensemos que, en la propia concepción del centro comercial, no está prevista la presencia de ese público, aún menos en grupo y provocando confusión. Me pregunto: si fuera en un centro comercial más noble, con jóvenes blancos de clase media alta, vestidos como se espera de un joven de este estrato social, ¿la repercusión sería la misma? ¿la criminalización sería la misma?. Tal vez fuera considerado solo un flash mob. Hay una tendencia, de una parte considerable de la clase media, de los medios y del poder público, a percibir a los jóvenes pobres a partir de tres perspectivas, casi siempre exclusivistas: la del gamberro, la de la víctima y la del héroe.
      P. ¿Cómo funcionan estas tres perspectivas, gamberro, víctima y héroe?
      R.  Son más formas de etiquetar a esos jóvenes por parte aquellos que quieren tutelarlos que categorías asumidas por los propios jóvenes. Por eso, son contextuales. Dependiendo de la situación y de los actores sociales con quienes dialoga, el joven puede ser entendido a partir de una de esas categorías. El pichador (grafitero de pichaçao), por ejemplo, es un agente que puede movilizar todas esas clasificaciones, dependiendo del contexto y de los interlocutores: la policía, la Secretaría de Cultura, los investigadores académicos o la ONG que quiere salvar los jóvenes de la periferia de la violencia. En el caso del funk, por ejemplo, ya hay comentarios e incluso textos de personas más politizadas viendo los rolezinhos como una acción afirmativa o extremadamente contestataria. Para estos, los protagonistas de losrolezinhos son víctimas que se hicieron héroes. Otros, como la policía, la administración de los centros comerciales y la clientela, pero también sus vecinos, que viven allá en los barrios pobres de la periferia, ven en ellos principalmente a villanos y gamberros.
      Jóvenes como estos que están en los rolezinhos no necesariamente aceptan entrar en esas etiquetas pero, en algunos casos, pueden también encajar en todas a la vez. No se puede simplificar un fenómeno como este. Sin embargo, si pensáramos en ese movimiento que surge principalmente con el hip hop de valorar la periferia como espacio político y de afirmación positiva, es posible ver, aunque en menor intensidad, una cierta acción política. De decir: “Somos de la periferia y estamos orgullosos”. Un movimiento de reversión del estigma en marca positiva.
      P. Pero ¿hay, de hecho, una acción consciente, organizada, con un sentido político previo? ¿O el sentido está siendo construido a partir de los acontecimientos, lo que es igualmente legítimo?
      R. Mira, sinceramente, es difícil decir si hay un sentido político, directo, consciente y/o explícito. Tal vez por parte de algunos, pero por lo que he visto en las redes sociales, no de la mayoría. Si el movimiento persiste o toma otras formas, puede ser que el sentido político tome más fuerza. De momento es difícil analizar ese punto. El antropólogo Arjun Appadurai analiza hace algún tiempo los cambios que se producen en el mundo a causa del avance de las tecnologías de comunicación y del transporte. Según este autor, las personas se desplazan cada vez más en el mundo actual, y no solo físicamente, sino también y tal vez principalmente en la imaginación, a causa de medios de comunicación como la televisión y, más recientemente, por Internet. Hoy es posible imaginarse en los más diferentes lugares del mundo, pero también en diferentes clases sociales. ¿Qué son los videoclips de funk de la ostentación sino imágenes/imaginaciones que los jóvenes tienen sobre lo que sería pertenecer a otra clase o poseer mejores condiciones económicas para el consumo?
      O que son los videoclipes de funk ostentação que no imágenes que los jóvenes producen sobre lo que sería pertenecer la otra clase social?”
      Esa imaginación, según ese autor, puede constituirse como un proyecto político compartido, pero puede también ser solo una fantasía, algo individualista y egoísta, sin gran potencial político. Me parece que elfunk da ostentação en São Paulo y movimientos como lo de losrolezinhos en los centros comerciales tienen intensamente esos dos potenciales. Difícil saber si alguna de ellas va a prevalecer o volverse hegemónica.
      P. ¿La elección de la música de MC Daleste, asesinado en un show en Campinas, para el rolezinho del Shopping Internacional de Guarulhos, puede tener algún otro significado?
      R. La elección de la música de MC Daleste en la entrada de los jóvenes en el centro comercial de Guarulhos me pareció bastante significativa por varios motivos. Principalmente, porque su muerte en el escenario, cantando funk, de cierta forma construyó un marco para ese funk da ostentação. Su asesinato acabó por dar aún más visibilidad a esta vertiente del funk paulista. MC Daleste cantaba proibidão antes y, así, esa relación confusa entre crimen y consumo se manifiesta de modo bastante fuerte en lo que él representa. Hay en su propio nombre artístico esa afirmación de un cierto orgullo del lugar de donde viene, de ser de la periferia, que tanto el funk como el hip hop expresan. No es  casualidad que él sea “Da Leste”. Recordemos que Guarulhos también está al este de la región metropoliitana de São Paulo.
      P. Hoy, una parte significativa de la generación que se crió en las periferias con movimientos contestatarios como el hip hop y la literatura periférica o marginal ha asumido, por el funk da ostentação, los valores de consumo de las clases medias y alta. ¿Como analizas este fenómeno en el contexto histórico actual de Brasil?
      R. Lo que un evento como ese parece poner de manifiesto es, por un lado, ese anhelo por consumir y por afirmarse mediante el consumo que esos jóvenes vienen demostrando ya hace algún tiempo, por las letras de los funks, pero también en el hip hop. A pesar de las críticas de ciertos segmentos del hip hop, no sé si el funk ostentação rompe con el hip hop más politizado de los ochenta y noventa o si ofrece una de las muchas posibles continuidades a ese movimiento cultural. Me parece que el funk ostentação es una relectura paulista, muy influenciada por el hip hop, del funk carioca. Muchos MCs de funk eran MCs de hip hop. Muchos de ellos, además de funk, cantan también rap, y en los shows se escuchan músicas de los Racionais. Hay trozos de letras de canciones de los Racionais en las letras del funk. Ahora, el hecho es que el funk no está tan marcado por la cuestión política como el hip hop. O Montanha me dijo algo interesante una vez: que, en la verdad, el hip hop ofrecería un espacio de expresión política que les faltaba a los jóvenes, ya el funk es un espacio de ocio y de socialización. Me parece una reflexión interesante. No que el hip hop no pueda contener ocio y socialización, ni el funk protesta política, pero las dos vertientes tienden hacia uno de los polos. El funk, de hecho, ganó ese gran espacio junto a los jóvenes de las periferias de São Paulo porque, en esa articulación de un espacio de ocio, se configuró un espacio para las mujeres que, en el hip hop, era más difícil. Las mujeres son presencia fundamental en los bailes de funk. El protagonismo del baile siempre fue suyo. Incluso que los niños también bailen y las niñas participen cada vez más como MCs. El hip hop siempre fue mucho más masculino, del baile a la vestimenta.
      P. Pero ¿cuál es la diferencia, en tu opinión, entre cómo hablan de consumo, por ejemplo, los Racionais y cómo lo hacen los MCs de la ostentación?
      Devemos cuestionar no la acción de los niños, pero las relaciones sociales fomentadas en la contemporaneidade que se pautam cada vez más por la búsqueda del reconocimiento por el consumo, por la posesión de bienes.”
      R. Hay dos perspectivas. Cuando digo que los Racionais ya lo cantaban, quiero decir que ellos ya identificaban esa necesidad de consumir de la juventud. Y de consumir lo que ellos creían que era bueno, nada de consumo consciente. Por eso digo que los Racionais ya hacían, hace más de diez años, una lectura de ese anhelo por consumir de la juventud pobre. Por otro lado, hay esa dimensión de movimientos como el de los escritores de la periferia, promoviendo productos de la periferia, por la periferia. El funk ostentação comienza sin preocuparse con esa cuestión directamente. No le duele la conciencia por cantar al consumo y adherirse al sistema. Indirectamente, sin embargo, acaba llegando a un otro punto, en la medida en que una parcela considerable de jóvenes de la periferia pasa a poseer algún tipo de renta con la producción del funk. Ya sean los chicos que graban los videoclips, los propios MCs, pero también los empresarios, productores, técnicos e incluso algunos MCs que se hacen emprendedores y crean sus propios negocios. Como MC Nego Blue, que observando de cerca el éxito de las ropas de marca entre los jóvenes, creó Black Blue, una tienda de ropa cuyo símbolo es una carpa colorida. Hoy, además de poseer establecimientos propios, vende en tiendas multimarca, al lado de camisas de Lacoste o de otras marcas famosas que los chicos buscan, y por un precio muy parecido. Una de las empresas que programa shows de funk en Cidade Tiradentes se llama justamente “Nosotros por nosotro”.
      Los rolezinhos parecen decir: no solo queremos consumir, queremos ocupar en masa y divertirnos en los centros comerciales, en los suyos o en los nuestros. Es importante percibir también que los centros comerciales donde los eventos ocurrieron están en regiones más periféricas, probablemente próximos a la residencia de los jóvenes. De momento no han ido a los templos mayores del consumo de lujo en la ciudad, en Jardins, Faria Lima, Marginal Pinheiros... Puede haber también un componente de un término que descubrí en la pesquisa que hice en escuelas de bachillerato, en mi doctorado, que es la idea de “zoar”. Ellos quieren zoar, que es llamar la atención y divertirse, flirtear, jugar y, si fuera preciso, pelear.
      P. ¿Por qué, en este momento, el ocio se impone como una reivindicación de esta generación, por encima de cuestiones como salud, educación y transporte de calidad?
      R. Creo que no hay una reivindicación política bien formulada como sucedía con el hip hop: queremos más salud, educación y ocio. Ellos simplemente quieren estar en los centros comerciales para zoar, y van. No existe esa reflexión más elaborada que el hip hop produce, es más espontáneo. Ese tal vez pueda ser un punto de distinción. Y el propio funk es, por sí solo, ocio y diversión, un dispositivo poderosísimo para bailar y flirtear. El zoar puede ser leído como un acto político, pero no me parece intencional. Creo que crea una tensión que es política, que es de disputa de poder por los espacios de la ciudad, pero no hay un manifiesto por la zoeira o por los rolezinhos, como hubo, por ejemplo, en el caso del manifiesto del arte periférico de los escritores.
      P. ¿Hay también un movimiento para salir de los guetos y ocupar los guetos de la clase media? ¿De forma masiva, y no individualmente, como cuando un grupo de rap aparecía en la televisión (aunque fuera MTV) o un escritor del movimiento literario marginal o periférico publicaba en una gran editorial? ¿Es esta una novedad importante?
      R. Creo que se abre hacia fuera del gueto, del barrio donde se vive, pero no hasta muy lejos. Al fin y al cabo, los centros comerciales a los que van están al lado de sus casas. En este sentido, creo que el hip hop, a pesar de hablar más del gueto, se abre mucho más hacia fuera en la medida en que conquista un espacio importante en las políticas públicas de cultura, por ejemplo.
      É como si la sociedad dijera: ‘Vosotros, pobres, pueden consumir, pero ir al centro comercial en grandes grupos, solo para zoar y cantar funk, ahí ya es vandalismo’.”
      Claro que ese espacio de ocio es problemático y conflitivo incluso dentro de los barrios de las periferias donde viven esos jóvenes. Si entrevistáramos a sus vecinos, seguramente la mayoría se posicionaría totalmente a favor de prohibir las fiestas callejeras que ellos organizan, con música alta que muchas veces dura toda la madrugada. Por eso creo importante no tomar el funk ni como un movimiento libertador, ni como el gran villano o el gran movimiento corruptor de la juventud contemporánea, como sectores más moralistas, a la izquierda y a la derecha, tienden a hacer.
      La cuestión del consumo también me parece problemática. El deseo de consumir siempre ha existido. Antes del Gobierno Lula, el proceso de urbanización ya induce a ese apego mayor al consumo. Sin embargo, no se puede negar que, en los últimos años, hubo también una mejora económica para segmentos que antes estaban bastante alejados del mercado. Sin embargo, creo que reducir el éxito del funk da ostentaçãoa eso es simplificar demasiado el movimiento y olvidar que han existido y existen movimientos juveniles parecidos en otras partes del mundo, como el propio gangsta rap, en Estados Unidos, en el que se inspiran los videoclips.
      Debemos cuestionar no la acción de los chicos, sino las relaciones sociales fomentadas en la contemporaneidad. Es preciso conceder a los jóvenes, y no solo a los pobres, sino también a los de clase media y alta, otros espacios de reconocimiento y de establecimiento de relaciones sociales que no estén guiados por la afirmación por medio de la posesión y del consumo de bienes. Porque, como dicen los Racionais, otra vez: “¿Quién no quiere brillar, quién no? Muestra quién. Nadie quiere ser secundario de nadie”. Para algunos tener un tenis caro, un smartphone de última generación o ir al centro comercial parazoar puede ser una forma de intentar brillar.
      P. Al ocupar los centros comerciales, los adeptos del funk da ostentação estarían promoviendo su primera actitud de insurgencia contra el sistema, en el sentido de: “Voy a ocupar el espacio que me es denegado o donde no me quieren”. ¿Es eso? ¿O las propias letras de las músicas, interpretadas, en general, como adhesión al sistema, ya serían una insurgencia, en la medida en la que se apropian simbólicamente de los valores de la élite y de la clase media y, ahora, con los rolezinhos, también de sus espacios físicos?
      R. Sí, creo que esa es la mayor irritación de la clase media con esos movimientos. Basta ver los comentarios a los videoclips en el Youtube, irritados con los chicos que ostentan y se exhiben con productos más caros. Esta es la principal rebelión que provocan. La clase media, de forma general, más pobre o más rica, más o menos intelectualizada, se irrita bastante cuando los subalternos compran bienes caros, incluso antes de ellos. Ya he oído comentarios indignados, del tipo: “Mi empleada ha comprado una televisión de última generación mejor que la mía”. Eso tiene antecedentes históricos que parecen llegar hasta hoy. James Holston, en el libro sobre ciudadanía insurgente que cité anteriormente, pone como ejemplo la legislación colonial portuguesa, que prohibía a los negros el uso de joyas y artículos considerados finos...
      P. Parece que los rolezeiros de los centros comerciales están ocupando el mismo lugar simbólico de los vândalos en las manifestaciones, en la narrativa hecha por parte de los medios de masas y por las autoridades. ¿Como interpretas esa reacción?
      Os comentarios en webs y redes sociales revelan ese profundo racismo entrañado en parcela considerable de la población brasileña.”
      R. Lo que me asustó de verdad en esta historia fueron las reacciones de medios y policía, condenando y ordenando detenciones, incluso en casos en que dijeron que no hubo robos, sino estampidas. Me pregunto quién provocó la estampida: ¿los jóvenes o la acción de los guardas jurados y de la policía? Eventos como estos revelan también una faceta complicada y extremadamente prejuiciosa de la clase media brasileña. Concedí una entrevista corta para la web de un gran grupo de comunicación y me asusté al leer los comentarios de los lectores, de un odio terrible contras los jóvenes que fueron a los centros comerciales, contra los pobres, contra mí, que resalté la forma prejuiciosa en la que se trataba el tema. Al hablar de lo sucedido, algunas palabras utilizadas como acusación contra los jóvenes fueron bastante reveladoras del prejuicio, e incluso del racismo, de este segmento social: “favelados”, “maloqueiros”, “gamberros”, “prostitutas” y “negros”. En ese último caso es evidente el racismo de muchos comentarios de esa noticia, pero también en las comunidades derolezinhos que los jóvenes crearon en las redes sociales. Uno de los comentarios pide los jóvenes vuelvan a África. Eso es muy grave. Revela ese profundo racismo enraizado en una parte considerable de la población. Como si esta sociedad dijera, por medio de los administradores de los centros comerciales, de los medios y de la policía, jugando un poco con la cuestión de las manifestaciones de junio: “Ustedes, pobres, pueden consumir, pero ir al centro comercial en grandes grupos, solo para zoar y cantar funk... eso ya es vandalismo”.
      P. ¿La clase media es racista?
      R. Lo que llamamos clase media no es uno todo homogéneo. Es posible segmentarla en diferentes niveles y a partir de diferentes contextos, es posible pensar en una clase media intelectualizada o no intelectualizada. Pero me parece que la división más importante para pensar la clase media en São Paulo es la que se da por criterios socioeconómicos y espaciales. Existe la clase media que está concentrada principalmente en el entorno del eje céntrico, que va del Centro a Pinheiros, pasando por la Avenida Paulista y barrios próximos. Esta, en su mayoría, vive en una burbuja y tiene poco contacto con otras clases, con la excepción de los trabajadores subalternos: conserjes, empleadas domésticas, etc. Para esta, en gran medida, el Shopping Itaquera puede estar más distante que París o Londres.
      Sin embargo, hay también determinada clase media baja que vive en la periferia. Citando nuevamente a Holston, él habla de una diferenciación que se produjo en las periferias de São Paulo entre aquellos que compraron sus terrenos, incluso que por medio de contratos opacos, y aquellos que ocuparon espacios formando las favelas. Esa pequeña diferencia no crea un gran abismo económico, pero produce una profunda diferenciación, por medio del cual un grupo estigmatiza el otro. Ya he visto un individuo de esta clase media de la periferia cuestionando programas como lo Bolsa Familia, porque había visto envases vacíos de yogur en la basura de la favela. Este individuo afirmaba que ni él consumía yogur con tanta frecuencia. ¿Cómo ellos se creían con derecho a consumir un producto que es un lujo, raro, pero sobre el cual él tiene cierta exclusividad?
      La ayuda a los más pobres, en especial el programa Bolsa Familia, es un factor importante de estigmatización por parte de esos diferentes segmentos de la clase media, pero sobre todo por parte de esa clase media de la periferia. Estuve recientemente en una escuela pública próxima a una gran favela de São Paulo. Según los profesores, uno de los problemas del centro era que el 90% de los alumnos venían de la favela vecina. Y que esos alumnos estaban muy acomodados, pues vivían de ayudas y en la favela tenían todo muy fácil gracias a la gran cantidad de proyectos existentes allá. Incluso proyectos de música, resaltó un profesor. Es muy importante reflexionar sobre esto, porque esos profesores, si no viven en la favela, son vecinos de ella. Pero aun así se permiten marcar diferencias con los jóvenes por cuestiones muy pequeñas. Y son estos profesores los responsables por formar a esos chicos. ¿Con esta mirada, son capaces de luchar para que la escuela se haga un espacio de convivencia, afirmación y reconocimiento para los jóvenes?
      P. ¿Cómo tú, que has vivido el día a día de las escuelas públicas en São Paulo, percibes la educación?
      Para una parcela de la clase media de São Paulo, el Shopping Itaquera puede estar más distante del que París o Londres.”
      R. Es necesario que pensemos en una educación para las diferencias, para que no caigamos más en la trampa de la intolerancia y de los análisis apresurados y prejuiciosos de sectores de las élites y de las clases medias al hablar de “subalternos”. Me acuerdo de un documental portugués que merece la pena ver sobre la historia de un arrastão que no existió.Se llama Era una vez un arrastão(asista aquí). En él se habla del día en que jóvenes caboverdianos o descendientes de caboverdianos decidideron frecuentar la noble playa de Carcavelos, en Portugal. La policía, al ver la concentración de jóvenes de origen africano, se asustó y decidió intervenir, provocando una gran estampida que fue considerada como un arrastão. Pero, en realidad, los jóvenes huían de la represión policial gratuita. Eso tal vez nos enseñe algo sobre losarrastões que estamos creando cada día, criminalizando jóvenes pobres.
      Cuando investigaba en escuelas públicas de la periferia de São Paulo, era común oír de los profesores que, en aquel centro, los alumnos eran todos gamberros o marginales. El discurso de la criminalización es efectivo y poderoso y condena a mucha gente al fracaso escolar e incluso al crimen. El sociólogo polaco Zygmunt Bauman, en un libro sobre educación y juventud, resalta la necesidad cada vez más urgente, en la actualidad, de desarrollar el arte de convivir con desconocidos y la diferencia. En especial en un mundo en el cual las migraciones tienden a aumentar cada vez más. En nuestro caso, no fue necesaria la llegada de extranjeros para expresar las más brutales formas de prejuicio, pues los extranjeros éramos nosotros, los brasileños. Pero brasileños que viven muy lejos, aunque son vecinos. Viven en Guaianazes, Capão Redondo, Grajaú, Cidade Ademar, Cidade Tiradentes, Vila Brasilândia...
      P. ¿En qué medida, en su opinión, los rolezinhos se conectan con las manifestaciones de junio?
      R. Creo que no hay una conexión directa. Pero, indirectamente, es posible percibir la reivindicación común del uso del espacio público y de quebrar las marcas de la segregación. Me acuerdo de que, antes de las manifestaciones de junio, para la prensa conservadora era un tabú ocupar la Avenida Paulista. Los movimientos sociales mostraron que no solo no era un tabú, sino que era un derecho, el derecho de ir a las calles y ocuparlas para protestar. Los rolezinhos no parecen tener una pauta tan clara, pero también están, aunque indirectamente, diciendo: “¿No dijeron que era bueno consumir? Pues bien, nosotros también queremos”.
      P. Esa ocupación de espacios que supuestamente pertenecerían a “otros”, tanto en el caso de las manifestaciones como en el caso de losrolezinhos, parece marcar una novedad importante. ¿Qué está sucediendo?
      R.  Creo que la novedad está ahí, pero es difícil decir lo que está sucediendo o lo que sucederá. Puede ser solo un hecho puntual -algo parecido a la revuelta de la vacuna como reacción a las propuestas políticas opresoras de la reforma sanitaria de Río de Janeiro [a principio del siglo XX], por ejemplo – o puede ser una nueva forma de pensar los espacios públicos y privados en las ciudades brasileñas. Sin embargo, es difícil prever. Los rolezinhos pueden haber acabado esta semana, por ejemplo. Y los movimientos como los de junio no se han repetido con tanta intensidad y repercusión. Pero lo que los movimientos como estos garantizan es la posibilidad de crear tensión en la ocupación de espacios urbanos, muy denegada hasta entonces.
      P. ¿Por qué este nombre, rolezinho? ¿Y qué significados tiene?
      R. Rolezinho es un término que está directamente conectado a la idea de ocio. De salir a divertirse y sacar fruto a la ciudad. Los pichadores, con quienes realicé la pesquisa en el máster, también usan la idea derolê (dar una vuelta) para referirse a sus grafitis. Con eso están diciendo que pintar es dar vueltas para conocer y apropiarse de la ciudad. Parece que por este término, indirectamente, podemos entender una reivindicación del derecho de divertirse en la ciudad.
      P. ¿Divertirse en la ciudad no sería un acto de insubordinación para jóvenes pobres y negros? ¿Tal vez hasta el mayor acto de insubordinación?
      R. Sí, sobre todo en una sociedad en la que pobres y negros tienen que trabajar – y solo trabajar – sin reclamar. Recordemos que la policía, a finales del régimen militar, actuaba en las periferias abordando a los habitantes y pidiéndoles la identificación profesional como prueba de que eran trabajadores y no vagabundos. Dedicados, por tanto, al trabajo y no a la diversión. Eso sí, claro que estos jóvenes no están pensando exactamente en eso. Lo que quieren de verdad es divertirse.
      P. ¿Cómo entender este fenómeno, que es, a la vez, una insubordinación y una adhesión al sistema?
      R.  Creo que la mejor palabra es paradoja. El funk da ostentação en São Paulo es paradójico: no se le puede situar en un extremo o en otro dentro del modo tradicional de pensar la política. ¿Conservador o revolucionario? Ninguno de los dos, pero con la posibilidad de ser los dos a la vez.
      Eliane Brum es escritora, reportera y documentarista. Autora de los libros de no ficción A Vida Que Ninguém ve, O Olho da Rua y A Menina Quebrada y del romanceUma Dos. Email: elianebrum@uol.com.br . Twitter: @brumelianebrum