Deficiência no ensino dificulta formação de engenheiros | |
Escassez de mão de obra especializada nas áreas de engenharia foi tema de audiência na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado, nesta segunda-feira, dia 15 As deficiências existentes no ensino médio brasileiro foram apontadas pelo diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz, como causa principal da escassez de mão de obra especializada nas áreas de engenharia no país. Ele foi um dos participantes da audiência pública sobre os desafios, necessidades e perspectivas da formação e capacitação de profissionais da área de engenharia no Brasil.
"Há restrições importantes no sistema de formação de recursos humanos no Brasil e, quando se fala de formar pessoas no nível de ensino superior, talvez a principal restrição não seja falta de vagas no ensino superior, mas falta de qualidade e quantidade de jovens cursando o ensino médio", disse.
Brito Cruz defendeu, como estratégia para o aumento urgente da formação de engenheiros no país, a implementação de cursos de especialização curtos, nos moldes dos existentes nos Estados Unidos. O professor criticou ainda a política educacional desenvolvida pelo governo federal, que segundo ele, privilegia os órgãos de educação federais, deixando de lado importantes instituições municipais e estaduais.
Edinaldo Afonso Marques de Melo, professor da Universidade Federal de Alagoas, reclamou uma participação mais ativa do setor produtivo na formação de profissionais de engenharia no país. Em sua opinião, as empresas do setor deveriam, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos, buscar seus empregados ainda na faculdade, realizando seleções e oferecendo estágios aos estudantes de engenharia.
O professor alertou aos parlamentares sobre a necessidade de se elevar o piso salarial dos engenheiros no país para se evitar a evasão na profissão. Ele considerou de relativa importância para o bom desempenho da profissão de engenheiro a titulação acadêmica de mestrado ou doutorado.
Fernanda De Negri, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), destacou a forte correlação existente, de acordo com estudos desenvolvidos pelo instituto, entre pesquisa e desenvolvimento e a demanda das empresas por engenheiros. Ela observou que de 750 mil diplomados em engenharia existentes atualmente no Brasil, apenas 212 mil estão exercendo a profissão.
A pesquisadora chamou a atenção ainda para a importância de se determinar os tipos de engenheiros mais demandados atualmente para sustentar o crescimento do país previsto para os próximos anos. Segundo ela, o fluxo de formação de engenheiros no Brasil é capaz de atender o crescimento da demanda, desde que as taxas de crescimento do PIB não ultrapassem 5%.
Michal Gartenkraut, ex-reitor do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), se referiu ao desafio da melhoria da qualidade da formação dos profissionais de engenharia. Em sua avaliação é importante que o Brasil acompanhe a tendência mundial de se retardar a especialização dos estudantes, evitando a escolha prematura de profissões.
Luiz Gonzaga Bertelli, presidente-executivo do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), defendeu a necessidade de se incrementar a qualidade da educação básica no país, para que se tenha profissionais de engenharia mais qualificados. (Laércio Franzon, Agência Senado) |
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