20 de maio de 2010
Bruce Lewenstein, professor de comunicação científica da Universidade de Cornell, defende ampliação das esferas de divulgação da ciência
O fortalecimento das ações de divulgação científica em ambientes informais, como atividades ao ar livre, fora de escolas, pode melhorar o ensino das ciências e aumentar sua compreensão pela população em geral. A opinião é o do professor de comunicação científica da Universidade de Cornell (EUA) Bruce Lewenstein, que ministrou palestra sobre divulgação científica no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) na tarde de terça-feira (11/5).
"Investir no mundo informal fortalece o formal", garante Lewenstein, membro dos departamentos de Comunicação e de Estudos da Ciência e da Tecnologia da universidade norte-americana. "Ações informais mantêm o interesse popular na ciência e a motivação em aprender mais. São investimentos em longo prazo, que acabam por melhorar a divulgação formal".
Os ambientes informais de ensino são as atividades cotidianas que podem se transformar em oportunidades para o aumento da compreensão da ciência. Ou seja, discussões familiares, jardinagem, o ato de cozinhar, visitas a museus etc. seriam boas oportunidades de demonstração de como a ciência faz parte do cotidiano. Já os formais são as instituições de ensino.
Para Lewenstein, que participou da elaboração do relatório "Aprendendo Ciência em Ambientes Informais: pessoais, locais e objetivos", lançado pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA (NSF, na sigla em inglês) em 2009, houve pouco investimento em atividades informais como forma de ensino. Isso porque, segundo o professor, o mundo formal já possui poucos recursos e, nesse caso, haveria um "jogo de soma zero" - para investir mais em um, seria necessário retirar de outro.
Nessa medida, Lewenstein acredita ser necessário a introdução de políticas públicas para fortalecer ambas as vertentes. "Vejam se seus políticos topam isso", sugeriu, em referência à proximidade da 4ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia (CNCTI).
Entre as propostas, está a construção de museus que fujam do padrão tradicional. O norte-americano lembrou que essas instituições científicas foram criadas, em sua maioria, em um contexto de exploração colonial e de controle das riquezas dos países mais pobres. De acordo com Lewenstein, apesar de terem feito um bom trabalho científico, não se pode esquecer que os museus foram pensados primordialmente para os cientistas e não para o público em geral.
"Agora é hora de entendermos e integrarmos esses espaços à comunidade", afirma, em oposição às instituições fechadas e voltadas para fora. "Temos que utilizar novos formatos, que deixem o aspecto religioso da ciência de lado para adotar um formato funcional, interativo, que seja extensível à comunidade do qual faz parte", sugere.
O documento patrocinado pela NSF defende a possibilidade de fortalecer o ensino em ambientes informais. De acordo com o texto, o aprendizado científico acontece ao longo de toda a vida e é função dos cientistas divulgar seu trabalho em todas as oportunidades. Resultado de três anos de trabalho, o estudo reforça o papel da mídia, dos pais e das escolas no fortalecimento da ciência. O sumário executivo pode ser lido em http://national-academies.org/
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