São decisivos no processo de desenvolvimento de um país os meios de colaboração entre as instituições de ensino superior e o setor produtivo da sociedade, numa integração que fortalece a academia e proporciona a inserção na economia de descobertas e avanços científicos e tecnológicos. Nos Estados Unidos, esse esforço colaborativo data do início da revolução industrial que elevou a nação à condição de grande potência. Todas as universidades ali estão em permanente contato com o mundo empresarial, inicialmente por meio de dotações financeiras que revertem em benefícios tributários, e hoje também mediante sistemática inovadora que consiste em vínculo direto da empresa com professores e alunos na elaboração e implantação de projetos de interesse prático. Os jornais norte-americanos referem-se às incubadoras de experiências científicas financiadas por empresas, por intermédio de centros de estudos. O New York Times cita o caso do professor Douglas P. Hart, do departamento de engenharia mecânica do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que obteve um adiantamento de US$ 1,5 milhão para realizar pesquisa destinada à criação de um assistente de audição dotado de scanner de terceira dimensão, capaz de guiar o receptor por inteiro às vibrações do ambiente. O MIT é o instituto líder nessa nova modalidade de integração universidade-empresa, já adotada por diversas instituições que selecionam ideias, programas e projetos e os oferecem às entidades privadas e públicas que tenham interesse na sua implementação. Trata-se de um meio de comercializar a pesquisa científica que hoje envolve 26 companhias, num investimento total de US$ 87 milhões, com a criação de 180 postos de trabalho. O Brasil ainda adota modos compartimentados de pesquisa científica, concentrada a ação acadêmica na atuação de órgãos públicos que oferecem bolsas aos participantes, selecionados por uma elite de professores doutores e de abrangência bastante restrita. Relevante também a atuação de organismos internacionais, mas são poucas as empresas que se vinculam a entidades educacionais para a elaboração de programas de criação e comercialização de produtos. Ressalvem-se os casos de cooperação científica entre cursos superiores de computação e grandes empresas do ramo de informática. Os gestores e os docentes universitários brasileiros estão apegados a dogmas quanto ao caráter sagrado da academia e ao temor de comprometimento com o mundo empresarial de culto ao lucro. Pensam que tais ligações teriam caráter espúrio, desvirtuariam a pureza da busca do conhecimento. O resultado dessa visão isolacionista é o empobrecimento dos centros de ensino superior e o sucateamento dos laboratórios e salas de aula, desprovidos de equipamentos e de recursos. De um lado, a academia de sábios contemplativos, distantes das engrenagens da produção; do outro, quadros profissionais recrutados geralmente após diplomação. Assim, alunos e professores se colocam num campo neutro enquanto ensinam e estudam, para somente tratar da aplicação do conhecimento do lado de fora, munidos de diplomas que fazem o papel de ponte entre a ciência e a realidade. Felizmente, no nível tecnológico, graças à atividade de entidades como Senai, Senac e Sesi, de há muito está superada essa concepção e as empresas encontram meios de formar quadros técnicos para suprir as suas necessidades de trabalho qualificado. Dia virá em que cairão os tabus, no âmbito universitário, e o saber se revestirá da indispensável vinculação aos setores da produção e dos serviços. Correio Brasiliense | |
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