3 de novembro de 2010

Formação de professores

. Pesquisa analisa formação de professores para
educação básica no Brasil

Estudo foi financiado pela Unesco, com o objetivo de auxiliar o Conselho Nacional de Educação (CNE) no acompanhamento e revisão das diretrizes estabelecidas em 2006 para os cursos de pedagogia no país

Poucos cursos de pedagogia propõem componentes curriculares de aprofundamento para modalidades como o Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e a educação indígena. Há poucas disciplinas optativas, destinadas a complementar a formação, e não há distinção entre as características e condições de oferta dos cursos oferecidos à noite e no período diurno.
Essa realidade é apresentada pela professora Leda Scheibe, do Instituto de Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). As análises fazem parte de um artigo produzido com base na pesquisa "Avaliação da implantação das novas diretrizes nacionais para os cursos de Pedagogia", coordenado pela educadora em 2009 para um projeto financiado pela Unesco, com o objetivo de auxiliar o Conselho Nacional de Educação (CNE) no acompanhamento e revisão das diretrizes curriculares nacionais para os cursos de Pedagogia, estabelecidas em 2006.
A pesquisa apresenta um panorama sobre os cursos de pedagogia no Brasil, após estabelecidas as diretrizes curriculares nacionais, normas que orientam o planejamento curricular do ensino superior.
Foram analisados os textos oficiais dessa reforma e o currículo de 30 Instituições de Ensino Superior, para verificar se elas estão se adequando às diretrizes. Os cursos que fazem parte do levantamento foram selecionados entre os que obtiveram os melhores conceitos no Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade), no ano de 2005.
De acordo com o estudo, 27 das 30 instituições analisadas possuem cursos noturnos, porém todos têm a mesma grade curricular que os diurnos.
"Não há distinção de carga-horária e proposta pedagógica para os cursos noturnos, nos quais certamente maiores dificuldades são interpostas em relação aos diurnos", destaca Leila Scheibe. Do total de instituições pesquisadas, 67% cumprem o mínimo de horas exigidas pela reforma curricular de 2006. Entre as instituições que oferecem cursos de pedagogia com carga horária abaixo do que é determinado pelas diretrizes curriculares, 20% são públicas e 80% privadas.
Os assuntos curriculares mais focados, com percentual de 27%, dizem respeito às técnicas e aos métodos de ensino que os pedagogos aprendem para, futuramente, ensinarem as áreas de conhecimento que compõem a educação básica. Estudos ligados aos contextos não-escolares, à educação especial e às problemáticas pertinentes à educação, como meio-ambiente, somam apenas 4% das grades curriculares.
A pesquisadora destaca a falta de explicitação em relação à especificidade dos estágios em boa parte das instituições e de definição quanto às horas destinadas a cada modalidade de estágio. "Sugere-se fortemente uma maior exigência no que diz respeito às opções formativas dos cursos. A pulverização encontrada nas matrizes, principalmente em relação aos estágios práticos, parece não favorecer um processo formativo mais efetivo dos profissionais pedagogos", alerta.
De acordo com a professora, novos estudos devem ser realizados para acompanhar o andamento da incorporação das diretrizes curriculares definidas para os cursos de pedagogia.
"Não apenas para verificar a incorporação ou não das regulamentações, mas principalmente para detectar, no âmbito da autonomia das Instituições de Ensino Superior, novas formulações a serem socializadas e levadas à discussão pelo coletivo dos educadores", ressalta a pesquisadora.

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