Nos dias 25 e 26 de outubro o Instituto Unibanco organizou um grande seminário, com quase mil participantes, sob o tema de “como aumentar a audiência no Ensino Médio?” O gráfico ao lado, com dados da PNAD 2009, resume a situação. Cerca de 60% dos jovens no Brasil entram hoje no ensino médio aos 16 anos, e outros entram mais tarde. Aos 18 anos, 30% ainda estão estudando neste nível, e 19% já concluíram. Até os 30 anos de idade, 45% terão concluído o ensino médio ou superior, e 55% nunca concluirão.
Para lidar com o problema, o Instituto Unibanco tem dois projetos, o “Jovem de Futuro”, que apóia com recursos financeiros e técnicos a gestão de escolas públicas que desenvolvam um plano de melhoria de qualidade definido por elas mesmas, e o “Entre Jovens”, que traz estudantes de licenciatura para atividades de tutoria com alunos da primeira série do ensino médio, também em escolas públicas. Em 2009, o “Jovem de Futuro” apoiou cerca de 60 mil alunos em 86 escolas, e o “Entre Jovens”, cerca de 20 mil jovens em 176 escolas
Com os dois projetos, o Instituto trata de melhorar o funcionamento das escolas e o atendimento aos estudantes, fazendo com que eles se interessem mais pelos cursos e não o abandonem, mas sem colocar em questão os objetivos e o conteúdo do ensino médio que é ensinado. No entanto, para alguns dos palestrantes do seminário – entre os quais Claudio de Moura Castro, Francisco Soares e eu – é essencial abrir alternativas e criar mais opções para os estudantes neste nível de educação, como ocorre em quase todo mundo menos no Brasil. Vanessa Guimarães, Secretária de Estado de Educação de Minas Gerais, também falou sobre a importância de fazer com que as escolas de ensino médio ofereçam uma educação condizente e adequada aos alunos que recebem, ao invés tentar forçá-los a absorver um currículo sobrecarregado de 14 ou mais matérias que é o que existe atualmente.
Na minha apresentação, que está disponível aqui, eu procuro mostrar que o engessamento do ensino médio brasileiro vem da própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, e é reforçado pelo ENEM que, no seu formato atual, não abre espaço para opções. Um efeito particularmente perverso desta legislação é o atrofiamento do ensino técnico no país, que, ao invés de ser uma alternativa, se transformou em um peso adicional aos alunos que querem este tipo de formação, já que ela não dispensa que eles façam também o currículo do ensino médio tradicional.
Simón Schwartzman
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