4 de janeiro de 2011

Ensino medio em tempo integral: Brasil

Vamos reforçar ensino médio em tempo integral





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Ministro vai apresentar a Dilma plano para que estudantes tenham formação profissionalizante em turno complementar.

BRASÍLIA. Mantido no cargo, o ministro da Educação, Fernando Haddad, quer que a oferta de ensino médio em tempo integral, associado ao ensino técnico, seja uma das marcas do governo Dilma Rousseff. Ele apresentará à presidente um plano de ação para que estudantes de todo o país possam fazer o curso regular num turno e, no outro, o profissionalizante. "Vamos apresentar propostas nesse sentido: reforçar o ensino médio de tempo integral", diz Haddad. O plano terá como foco também a valorização do magistério e a educação infantil. Aos 47 anos, ele está à frente do Ministério da Educação desde julho de 2005. Antes, foi secretário-executivo da pasta, de janeiro de 2004 até virar ministro.
Demétrio Weber
O GLOBO: Como será o MEC no governo Dilma?
FERNANDO HADDAD: É continuidade com inovação. Não faz sentido alterar a rota. Entendo que, para a educação brasileira, se nós levarmos em consideração o que foi anunciado em 2007 (no lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação), nossos compromissos foram honrados.
Quais seräo as prioridades daqui para a frente?
HADDAD: Em primeiro lugar, a presidente Dilma assimilou com muita naturalidade um conceito que a sociedade reconheceu como forte, o bordão que não cansamos de repetir, que nossa política Iria da creche até a universidade. Mas ela fez referência a três aspectos que me parecem importantes: a questão da educação Infantil, a da juventude, com atenção especial ao ensino médio, e a da valorização do magistério.
O que o senhor pretende fazer na educação infantil?
HADDAD: É preciso mudar o ambiente da creche, da pré-escola, fortalecer essas unidades como estabelecimentos de ensino. Atender mais crianças, universalizar a pré-escola até 2016. Mas também atuar do porão de vista qualitativo
O MEC terá fôlego para fazer seis mil creches em quatro anos, como prometido?
HADDAD: Olha, conhecendo a presidente, eu diria que ela honrará seus compromissos com o país. Ela é bastante obstinada em relação à palavra.
O que .o governo fará para tornar a carreira do magistério mais atraente?
HADDAD: O sistema de educação no Brasil, sobretudo o ensino fundamental, reagiu às políticas do Ministério da Educação positivamente. Assimilou a cultura da qualidade, do acompanhamento e do cumprimento de metas. Mas nós temos que reconhecer que esse impeto inicial vai encontrar, num médio prazo, um obstáculo, que é justamente a renovação do ambiente escolar.Como atrair os melhores profissionais para o magistério?
HADDAD: Aí é que entra em cena um elemento que nós queremos trabalhar imediatamente, que é a idéia de uma prova nacional de concurso. A idéia é que essa prova substitua os concursos realizados hoje por prefeituras e governos estaduais?
HADDAD: Sim. De posse do resultado, o professor poderá optar pelo sistema de ensino que oferece a ele as melhores condições de trabalho.
O que levará municípios e estados a adotarem os resultados da prova nacional?
HADDAD: Há uma grande vantagem: a seleção está pré.elaborada, basta abrir o edital e convocar (os professores), a partir dos resultados. E, obviamente, o professor que desejar exercer a profissão naquele município vale-se inscrever. O magistério é uma categoria nacional, que nós temos que valorizar.
E de onde sairá o dinheiro para salários mais atrativos?
HADDAD: Na minha opinião, uma das razões pelas quais o pretexto da falta de recursos sempre aparece na mesa é o temor que existe de que isso não vai impactar a qualidade. Mas, se o gestor pode fazer uma seleção de docentes a partir do desempenho numa prova nacional de concurso, ele terá segurança de que as melhores condições oferecidas vão ter um impacto favorável na realidade da escola. Quando será a prova?
HADDAD: A previsão é que ela aconteça no primeiro semestre de 2012. No começo do governo... HADDAD: Só para concluir, o terceiro ponto a que eu fiz menção é o ensino médio. Entendo que também nesse ponto nós demos passos importantes. Mas, no caminho da diversificação para atender mais e melhor às expectativas dos estudantes, sobretudo aqueles que estão fora da escola, temos que reforçar a concomitância do ensino médio com a educação profissional.
De que forma?
HADDAD: Em tempo integral. O estudante faz o ensino médio e a educação profissional em dois turnos, na mesma escola ou não. A forma concomitância avançou pouco, e eu penso que nós devemos apostar na concomitância. Porque aí você compatibiliza a necessidade do jovem que cursa o ensino médio de se profissionalizar, porque muitos deles precisam de uma profissão, em função das condições socioeconômicas da família. E você incrementa a educação de tempo integral, porque o jovem vai permanecer dois períodos na escola e não apenas um. Vamos sugerir medidas à presidente nessa direção.
Que medidas?
HADDAD: Não posso antecipar, porque vou apresentar o plano geral para a presidente para que ela avalie antes de qualquer anúncio. Vamos apresentar propostas nesse sentido: fortalecer o ensino médio de tempo integral. Tenho certeza de que nós temos condições para isso.
Com o atual orçamento?
HADDAD: Isso é o que nós vamos...
É o ponto mais difícil? HADDAD: Por incrível que pareça, não passa só por isso. Passa muito mais por um re-arranjo das forças que atuam na área da educação profissional do que propriamente por mais orçamento.
Quando o senhor terá essa conversa com a presidente?
HADDAD: O mais rapidamente possível, porque ela certamente vai começar a despachar com todos os ministros. Então, vamos apresentar um plano de trabalho para que seja validado, e a gente possa iniciar esse novo capítulo.





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