7 de janeiro de 2011

Mapa da Violencia

O signo da violência
 

O assassinato do turista argentino Raúl Baldo por assaltantes, que se apossaram de seu carro, em Canasvieiras, momentos após ter chegado ao balneário, onde costumava passar as férias de verão junto com a família, é emblemático. Ele foi executado, na frente dos filhos, com dois tiros desfechados à queima-roupa por um dos delinquentes. Pelas características do crime e, principalmente, pelo fato de a vítima ser um visitante, proveniente de um dos maiores polos emissores de turismo para o Estado, o caso obteve enorme repercussão, aqui e no exterior, e mobiliza toda a cúpula da Segurança Pública catarinense, que considera questão de honra a prisão dos latrocidas. Esta é, também, uma expressa determinação do novo governador, que emitiu nota oficial a respeito. De fato, o Estado principalmente a região da Grande Florianópolis, antes considerado um oásis de tranquilidade e amena convivência, foi engolfado por uma assustadora onda de violência e criminalidade, que pode ser avaliada pela disparada das estatísticas criminais referentes a todos os tipos de delitos, dos pequenos furtos aos assaltos, sequestros, estupros, homicídios e latrocínios, como o cometido contra o visitante argentino, em Canasvieiras, a pouca distância de um posto da Polícia Militar. A tal ponto chega a ousadia da marginalidade neste tempo e condição. Impende lembrar que o tráfico e o consumo de drogas aceleram as estatísticas da criminalidade e nutrem o temor e a sensação de desvalia da cidadania.
O trágico episódio de Canasvieiras insere-se num contexto amplo e ameaçador, que não pode mais ser ignorado, e precisa ser encarado de frente, e com a mobilização de todos os recursos possíveis pelos novos governos, os estaduais e o federal, oque assumiram o comando neste início de ano. Pesquisa recente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, nos últimos 15 anos, a taxa de homicídios cresceu 32% no país, um índice que supera o da expansão da população e o do aumento da renda dos trabalhadores. Em média, 117 pessoas são assassinadas no país diariamente.
Isto significa, segundo o cientista político Júlio Jacobo Waiselfisz, autor do estudo Mapa da Violência, mais do que um massacre do Carandiru por dia. Ele também observou que a violência e a marginalidade estão se interiorizando , ou seja, tanto vicejam nas grandes cidades quanto passaram a assolar, também, comunidades de médio e pequeno porte, e áreas de turismo predatório. A violência vai para onde vai o dinheiro e para onde há menos repressão.
No ranking da violência, o Brasil está na sexta posição entre 91 países pesquisados, perdendo apenas para El Salvador, Colômbia, Guatemala, Ilhas Virgens e Venezuela. Não será exagero dizer que uma verdadeira guerra civil está sendo travada nas ruas e nos desvãos obscuros da sociedade, e que os poderes públicos constituídos e a cidadania, até agora, a estão perdendo.
O efetivo das forças de segurança de Santa Catarina está muito aquém das necessidades para garantir um mínimo de tranquilidade à população e aos turistas que para cá acorrem na temporada de verão. Infelizmente, foi necessário um crime de repercussão internacional, que prejudicou a imagem do Estado como destino turístico preferencial, para que algumas medidas neste sentido fossem anunciadas. Impositivo lembrar que o governo recém-empossado, em suas promessas de campanha, garantiu que trataria a questão da segurança pública como uma prioridade, dando resposta, assim, aos anseios da cidadania sitiada e atemorizada. Que o faça já.

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