Mogi News | Opinião | SP Vitimização "Eu não sou culpado? Apenas cumpri ordens!". Esta e tantas outras afirmações foram feitas pelos oficiais nazistas em julgamento por crimes praticados contra a humanidade, após a Segunda Guerra Mundial, no Tribunal de Nuremberg, na Alemanha, no longínquo dia 9 dezembro de 1946, uma data emblemática. A maneira de não ser réu ou de tentar atenuar a pena é se tornar vítima. Nossa cultura declarou guerra contra a culpa. O Dr. Wayne Dyer, autor do best-seller "Your Erroneous Zones", foi uma das vozes influentes a desacreditar completamente o sentimento de culpa. Segundo ele, este sentimento destrói a dignidade e a auto-estima. Diz mais: se você fez algo para sentir-se culpado, rejeite a culpa, não atente aos gritos da consciência, aos deveres da responsabilidade familiar ou dos seus queridos. O conceito de Dyer para a solução da culpa está bem longe do método bíblico de confissão, arrependimento e rejeição do comportamento pecaminoso, recebendo, assim, o perdão de Deus e a paz interior. A vitimização trouxe uma nova doutrina teológica em que se nega o pecado. Simplesmente, ninguém tem culpa do mal praticado. A culpa está na família ou na sociedade em que se vive. "Se não tenho culpa não tenho pecado, nem problema de consciência. Então, confessar o quê? Sou apenas uma vítima do sistema", é o pensamento vigente muitas vezes Por isso, os confessionários da Igreja Católica estão vazios, perderam a função. Em Nova York, um ladrão foi baleado pelo dono da loja que estava assaltando e ficou paralítico. Mais tarde, ele processou aquele homem que atirou nele, argumentando que sendo vítima da sociedade injusta em que vivia praticou o crime por suas desvantagens econômicas, e, ainda, acusou-o como insensível por condená-lo a ficar confinado a uma cadeira de rodas pelo resto da vida. O júri acatou o pedido do advogado para que seu cliente tivesse uma compensação financeira, que lhe foi paga com uma grande soma de dinheiro pelo proprietário da loja. Nesse caso, a vítima do assalto se tornou réu, e o réu tornou-se vítima. Meses depois, aquele assaltante, mesmo em cadeira de rodas, foi preso por outro assalto à mão armada. A banalização da vida começa pela irresponsabilidade da culpa. O Brasil, infelizmente, é campeão mundial de homicídios com armas de fogo segundo estudo pela Unesco nos últimos dez anos. Nesse período, vitimadas por bala, em nosso País, morreram 325.551 pessoas, uma média de 32.555 mortes por ano. Essa é a principal causa de morte entre os jovens - um em cada três que morrem é ferido por bala. Guerra desigual essa: bandido armado, e o cidadão enjaulado! MAURO JORDÃO É médico-ginecologista e colabora todo sábado com este espaço. |
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