21 de maio de 2011

Debate sobre homofobia incendeia a televisão ,Brasil.

21 de maio de 2011
O Dia Online | Brasil | RJ
No programa SuperPop, cantor Agnaldo Timóteo irrita-se ao ser chamado de gay e deputado Jair Bolsonaro revela que já foi cantado muitas vezes por homossexuais
Rio - A semana em que se celebrou o Dia Internacional contra a Homofobia - terça-feira - acabou com debate incendiário sobre homossexualismo na TV. O SuperPop de quinta-feira, na Rede TV!, foi palco para bate-boca entre deputado, pastor ex-gay e travesti. O kit anti-homofobia do Ministério da Educação (MEC) foi alvo de críticas da Igreja Católica e do Sindicato das Escolas Particulares.

O programa reuniu a travesti Luisa Marilac, fenômeno da Internet, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), o cantor e ex-deputado Agnaldo Timóteo, a ex-BBB Angélica, o jornalista Felipeh Campos e o pastor Robson. A discussão começou quando Felipeh disse que era homossexual assumido, "assim como Agnaldo". O cantor não gostou e confrontou o jornalista. "Não sou, não. Eu sou um homem total e absolutamente liberado. Você está equivocado. Eu não imponho meus romances. Minhas relações são privadas", afirmou Timóteo.

IRRITAÇÃO

Diante da negativa, Felipeh pediu desculpa e alfinetou o cantor: "Eu pensei que você fosse assumido". Indignado, Agnaldo respondeu: "Quem me conhece sabe que não. Não sou assumido ou "desassumido", devolveu.

Num dos trechos mais polêmicos, o pastor afirmou que as pessoas viram homossexuais porque sofreram abusos na infância e garantiu que poderia transformar Luisa em homem. A ex-BBB Ana Angélica, lésbica declarada, provocou o deputado Bolsonaro, ao queixar-se de não ter sido cumprimentada por ele. O deputado - ferrenho crítico do kit anti-homofobia - negou o desprezo e disse que já recebeu cantadas de gays: "Os homossexuais gostam de heterossexuais. Já levei muita cantada, mas não faz meu tipo".

Discussão vira o assunto mais comentado do Twitter no País

O bate-boca no SuperPop virou o assunto mais comentado do Twitter no Brasil. Ontem, Agnaldo desabafou, revoltado com o rumo que o programa tomou.

"Ele (Felipeh) é maluco. Cadê o meu namorado? Jamais vou permitir que meus relacionamentos sejam públicos. Ele já me viu na cama com outro homem para dizer que sou homossexual?", questionou.

"Quando ele (Agnaldo) negou que fosse homossexual, eu perguntei: "Então, você é enrustido?". Odeio hipocrisia", garantiu o jornalista, que criticou o pastor Robson: "Não existe ex-gay. Isso é impossível".

"Não tenho nada contra os gays. Só não quero que esses romances parem em praça pública, agredindo as famílias. Não gosto também de casais heterossexuais se beijando desta forma: são exibicionistas e idiotas", afirmou Agnaldo.

"Só queria entender por que o Agnaldo diz que o beijo gay é tão agressivo. Segundo ele, dentro do "armário" pode", afirmou a ex-BBB. O programa terminou com um casal de lésbicas se beijando em imagem no telão do palco.

Bispo afirma que vídeos do kit ferem a lei

Evangélicos e católicos reprovam os três vídeos do kit anti-homofobia do MEC. Para o bispo auxiliar do Rio de Janeiro, D. Antônio Augusto Dias Duarte, o kit distorce o conceito de sexualidade e agride o Estatuto da Criança e do Adolescente ao exibir jovens em situações constrangedoras.

"A sexualidade é mais rica do que é mostrado. Estranho notar que o governo, que faz campanhas de proteção a crianças e adolescentes, também produza imagens com jovens passando por cenas de coação", criticou o religioso em relação ao vídeo "Probabilidade", que mostra um jovem confuso em relação a sua sexualidade. O material será distribuído em escolas públicas no segundo semestre e poderá ser usado em sala de aula com alunos a partir dos 15 anos.

Em Brasília, o pastor Silas Malafaia antecipou para o dia 1º a manifestação contra o projeto de lei que criminaliza ação ou crítica contra o homossexualismo no Brasil, com pena de 2 a 4 anos de prisão.

Estudantes e educadores divergem sobre como combater preconceito

Estudantes e educadores divergem sobre o combate à homofobia. Para Flávia Calé, presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE), a orientação sexual dos jovens deve ser debatida nas escolas: "O lesbianismo e o bissexualismo nas escolas públicas ou privadas já viraram moda há algum tempo. É importante debater sem medo o tema dentro da sala de aula".

Já o vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Rio, Edgard Flexa Ribeiro, alfinetou entidades que "transformaram o combate à homofobia em meio de vida". "O que será que estariam fazendo se não houvesse homofobia?", indagou, lamentando a badalação sobre o tema. "A escola deve agir naturalmente se um aluno for homossexual assumido. Ninguém é obrigado a calçar tamanho 40 se só o 38 cabe". Em enquete no DIA Online, 89,9% dos leitores se disseram contra a distribuição do kit.

40% são contra estudar com gays

Pesquisa da Unesco com 16.422 alunos, 3.099 educadores e 4.532 pais de alunos, em 2004, influenciou o MEC a encomendar os vídeos. Os pesquisadores constataram que 40% dos rapazes não gostariam de estudar com gays; 40,5% dos professores não sabem lidar com a situação e 35,2% dos pais não gostariam que seus filhos tivesses colegas gays. "O resultado mostra o quanto é importante discutir o tema nas escolas, preparando primeiro os professores", comentou Márcio Marins, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.

Reportagem de

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