02 de maio de 2011 Estado de Minas | Cultura | MG Os meios artísticos do Rio de Janeiro ficaram traumatizados na semana que passou com o suicídio de Luciana de Moraes, filha do poeta Vinicius de Moraes, de seu primeiro casamento, com Leila Boscoli. Ela se atirou do terceiro andar do prédio onde morava, e a polícia busca descobrir - como ocorre nesses casos, o que foi mesmo que aconteceu. A suicida tinha uma ligação, há mais de 10 anos, com outra mulher, chamada Adriana. E os comentários gerais são que ela estaria passando por uma crise depressiva muito forte. Suicídio sempre comove mais do que qualquer outro tipo de morte, porque é o máximo da negação da vida que uma pessoa pode ter. Ocorre muito, mas a imprensa brasileira tem um acordo que impede que seja noticiado, porque incentiva outros gestos de desespero. Mas seria possível evitar? O Brasil não tem tradição ou cultura suicida mas, segundo dados do Mapa da Violência/2011, divulgado pelo Instituto Sangari e o Ministério da Justiça, das três causas de mortalidade violenta os suicídios foram os que mais cresceram na década de 1998-2008: 17% tanto para a população total quanto para a jovem (com idade entre 15 e 24 anos). Para o psicólogo paulista Julio Peres, os brasileiros precisam ficar mais atentos aos sinais dados pelas pessoas em depressão ou com outros transtornos, para evitar um fim tão trágico. "Entre as principais causas que levam uma pessoa a acabar com a própria vida estão problemas como depressão, abuso de drogas e situações que despertam forte carga emocional, como o fim de um relacionamento amoroso, a perda de um emprego ou de um ente querido. Porém, muitas dessas situações são vistas por familiares e amigos como algo temporário ou, muitas vezes, como "frescura"", explica Julio Peres, psicólogo e doutor em neurociência e comportamento pela USP. A partir do momento em que familiares e amigos percebem que a pessoa começa a desenvolver o pensamento de suicídio, é preciso buscar ajuda profissional. As psicoterapias atuais enfatizam as estratégias de superação utilizadas naturalmente por indivíduos resilientes (com a capacidade de atravessar situações traumáticas e voltar à qualidade de vida satisfatória). E, segundo Julio Peres, experiências traumáticas podem criar oportunidades de crescimento pessoal por meio da introdução de novos valores e perspectivas para a vida. "Essa atitude de desenvolver novos interesses e objetivos de vida depois do trauma é um dos cinco fatores do crescimento pessoal. Os outros fatores que podem agir de modo independente ou paralelamente são: apreciação e valorização da vida, melhor relação familiar e interpessoal, resgate da religiosidade e espiritualidade no dia a dia e descoberta de força e recursos pessoais para superação de adversidades. Esses fatores podem salvar um indivíduo de optar pelo suicídio e, além disso, permitem a construção de uma qualidade de vida superior à que ele tinha antes do trauma", afirma o psicólogo. Ele tem artigos científicos publicados sobre trauma psicológico, psicoterapia, espiritualidade e superação. É autor do livro Trauma e superação: o que a psicologia, a neurociência e a espiritualidade ensinam, editado pela Roca. |
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