de maio de 2011 Educação no Brasil | O Globo | Opinião | BR O Índice de Desenvolvimento da Educação do Rio (IDE-Rio), divulgado no início da semana pela Secretaria Municipal de Educação, contém uma estimulante tendência: unidades de ensino catalogadas no programa Escolas do Amanhã, localizadas em áreas violentas ou recém-pacificadas da cidade, apresentam uma evolução acima da média do restante da rede. Dos colégios de regiões de risco, 60% atingiram a meta estipulada pela prefeitura para este ano, ao passo que, nos outros, o índice dentro do parâmetro ficou em 52%. O Ciep Primeiro de Maio, em Santa Cruz, que atende alunos de duas comunidades conflagradas, obteve nota 8,1 no primeiro segmento. É índice europeu, superior ao patamar (nota 6) que o Brasil pretende alcançar daqui a dez anos, a média de países desenvolvidos (OCDE). Os dados do IDE-Rio enterram um preconceito, disfarçado de mito, contra escolas situadas em áreas de reconhecido baixo poder aquisitivo - discriminação que aumenta quando, por fatalidade, a unidade fica em regiões violentas. Por esse tipo de pensamento, alunos pobres estariam condenados a ter um rendimento escolar igualmente indigente. Mas o mais significativo no levantamento é que os índices obtidos pelos colégios do programa evidenciam uma certeza: com planejamento, trabalho, foco numa linha de atuação acertada e compromisso da comunidade escolar (diretores, professores e famílias), pode-se desanuviar horizontes nos quais se convencionou enxergar apenas incontornáveis tempestades. Em 2009, quando foi feita avaliação semelhante na rede municipal, a partir da qual a secretaria adotou novos conceitos pedagógicos, o Ciep Primeiro de Maio havia obtido nota 4,7. Em reforço à evidência que derruba o mito geográfico como inibidor educacional, e contempla o trabalho sério como pressuposto de bons resultados, pode-se citar recente reportagem levada ao ar pelo "Jornal Nacional", numa série sobre a realidade da Educação no país: em Novo Hamburgo (RS), duas escolas públicas situadas a pouca distância uma da outra, portanto dentro das mesmas condições sociais, apresentaram indicadores de aproveitamento escolar diametralmente opostos. Se não foi obra do acaso a boa performance educacional do Ciep Primeiro de Maio, deve-se buscar as razões da mudança de perfil, até mesmo para replicar bem-sucedidas experiências. É sintomático que os números tenham se tornado mais positivos a partir de 2009, quando a Secretaria Municipal de Educação adotou nova orientação pedagógica, com a renúncia ao princípio da progressão continuada. Naquele ano, a rede municipal foi submetida a um teste para diagnosticar a qualidade do aprendizado de Português e Matemática. Constatou-se que dos anos de "aprovação automática" havia resultado um quadro em que 14% dos alunos da 4ª, 5ª e 6ª séries eram analfabetos funcionais. Outros 30% foram encaminhados para aulas de reforço. Atacou-se também a defasagem idade/série. Por fim, adotaram-se programas de capacitação de professores e reduziu-se acentuadamente o déficit de mestres nas salas de aula. São iniciativas que decorreram da vontade política de corrigir rumos equivocados. A elas se juntaram providências para comprometer a comunidade escolar, a partir da direção das unidades, com a superação de antigas e supostamente intransponíveis demandas. Disso ficou a lição de que ações concretas, e nada complexas, melhoram a Educação. O Globo |
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