18 de maio de 2011

Violência escolar mobiliza PM em Minas Gerais


18 de maio de 2011
Educação no Brasil | Estado de Minas | Gerais | MG

- Landercy Hemerson
A violência nas escolas mineiras tem demandado maior intervenção da Polícia Militar, conforme admitiu ontem o subchefe do Estado Maior da PM, coronel José Anísio Moura, durante audiência sobre o tema na Assembleia Legislativa (ALMG). Dados de 2008 a 2010, apresentados pelo oficial, revelam que 4.335 boletins de ocorrência foram gerados no período em ambientes escolares do estado, o que dá quase 1,5 mil por ano. Eles mostram também que as ações violentas não se restringem aos grandes centros urbanos. Frutal, no Triângulo Mineiro, a 650 quilômetros da capital e com 54 mil pessoas, faz parte de um grupo de oito municípios que responde por 2,3 mil registros policiais do gênero, o equivalente a 55% do total.
A audiência pública foi realizada pelas comissões de Segurança Pública e de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG, com o objetivo de debater a violências nas escolas mineiras, e serviu como primeira reunião preparatória para um fórum técnico, previsto para outubro. Os dados estatísticos da PM foram requisitados pelos deputados para que possam contribuir na elaboração de propostas a serem apresentadas no fórum. Dos 43 mil PMs em atividade, 1,1 mil atuam no policiamento escolar.
O coronel José Anísio Moura explica que a maioria das ocorrências está ligada a crimes contra o patrimônio e contra a vida: sendo que o maior número de registro de ocorrências é nas escolas estaduais, seguidas pelas municipais. Segundo ele, 73% das intervenções foram realizadas em 24 municípios, principalmente da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O grupo de oito cidades onde a situação é tida como crítica é liderado pela capital, com 914 registros (21%), e conta ainda com Contagem e Ribeirão das Neves (na Grande BH), Uberlândia, Uberaba e Frutal (Triângulo), Patos de Minas (Alto Paranaíba) e Juiz de Fora (Zona da Mata).
Porém, a exatidão dos dados da polícia foi questionada pelo presidente da Federação das Associações de Pais e Alunos das Escolas Públicas de Minas Gerais, Mário de Assis. Ele disse que apenas 2% do que de fato ocorre nas escolas resulta em boletim de ocorrência. "Conflitos que os diretores, supervisores e orientadores resolvem dentro da escola não chegam ao conhecimento da sociedade e da polícia", afirmou. Já Cleonice Rezende Mendonça Martins, da Associação dos Professores de Minas Gerais defendeu a presença da família no ambiente escolar.
O advogado e ex-secretário de Defesa Social de Minas, Maurício Campos Júnior, que esteve à frente da pasta em 2008 e 2009, chamou a atenção para a dificuldade de levantar estatísticas sobre violência escolar. "A falta de critérios homogêneos, não consolidados, provocam distorções nas análises, que podem colocar uma cidade pequena como Frutal no mesmo patamar da violência dos grande centros. É necessária uma análise do ponto de vista qualitativo, para se ter um diagnóstico objetivo da violência escolar e compreender o fenômeno da criminalidade gerada nesse ambiente."

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