11 de junho de 2011

Aluna põe lição no Facebook e é suspensa

Novas Tecnologias | Folha de S. Paulo


Jannah Nebbeling, 15, foi suspensa após criar comunidade no Facebook para troca de informações sobre tarefas e provas
Comunidade na rede social foi criada por estudante para a troca de informações sobre tarefas e provas da escola
Colégio diz que site era usado para cola; mãe reclama que houve constrangimento e dá queixa na polícia

DENISE MENCHEN

DO RIO

A suspensão de uma aluna de 15 anos que criou uma comunidade na rede social Facebook para a troca de informações sobre tarefas e provas da escola pH virou caso de polícia no Rio.

Após Jannah Nebbeling chegar sozinha de táxi em casa dizendo ter sido coagida a apagar a página sob risco de prisão, a mãe dela, Andrea Coelho, registrou queixa.

Ela entrou, também, com processo por danos morais contra a escola.

A comunidade, criada em março, era usada por alunos do 1º ano do ensino médio de diversas unidades do pH para a divulgação de respostas de lições que valiam nota.

Jannah diz que o ambiente era "construtivo", já que muitas vezes as respostas publicadas por um aluno viravam tema de debate. Ela reconhece, porém, que muitos também usavam a rede social só para copiar trabalhos. "Isso depende de cada um.

Eu copiei algumas vezes, com outras palavras, mas, antes do Facebook, eu me reunia com minhas colegas para fazer o dever. A comunidade só facilitou", diz.

A mãe da garota diz que o problema maior foi ter considerado negligente a atitude da escola ao enviar a aluna sozinha de táxi para casa.

Além disso, Andrea diz que a filha foi constrangida pela diretora na frente de dois professores e coagida a apagar a comunidade, o que ela não conseguiu fazer.

"Eles disseram que, se ela não apagasse a página, eu poderia ser presa por crime cibernético", conta a mãe.

Educadores ouvidos pela Folha são unânimes em reprovar a reação do colégio.

Para Luli Radfahrer, professor de comunicação digital da USP e colunista da Folha, o Facebook poderia sediar um enorme grupo de estudos voluntário, que melhoraria o desempenho dos alunos.

"O pavor das novas tecnologias apenas revela o quanto a escola é cada dia mais anacrônica", diz Luca Rischbieter, consultor pedagógico da área de tecnologia educacional da Positivo.

O problema, afirma Nilbo Nogueira, doutor em educação com ênfase em novas tecnologias pela PUC-SP, é o uso inadequado da internet por falta de orientação dos professores.

Colaborou CRISTINA MORENO DE CASTRO, de São Paulo
Colégio diz em nota que seguiu a sua linha pedagógica
OUTRO LADO
DO RIO

Em nota, o colégio pH afirmou lamentar que a estudante tenha levado à Justiça um assunto de cunho estritamente educacional.

"A instituição tomou as medidas cabíveis, seguindo sua linha pedagógica, ao constatar que a aluna administrava página em rede social na qual usava o logo da instituição e veiculava material didático do colégio sem autorização e de forma inadequada", diz a nota.

O colégio diz que ofereceu um funcionário para acompanhá-la até em casa, mas que a oferta foi recusada.

O pH é um dos colégios com maior taxa de aprovação em vestibulares.


11 de junho de 2011
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Escolas ainda têm dificuldade para se adaptar à tecnologia
ANÁLISE
ANTÔNIO GOIS

DO RIO

Em abril deste ano, em Harvard, a mais prestigiosa universidade do mundo, estudantes foram acusados de usar o Facebook para colar.

Há três anos, na também reverenciada Cambridge, na Inglaterra, um jornal publicou uma enquete com universitários em que 49% admitiam já terem usados sites e redes sociais para plagiar.

Surpresa seria se isso não acontecesse. Mas é sintomático que, no caso da educação, estudos demonstrem que a entrada do computador na sala de aula veio acompanhada de queda no desempenho dos alunos.

Há uma anedota que ajuda a entender essa dificuldade: se alguém fosse transportado de um passado remoto para hoje, a única instituição que reconheceria seria a escola, onde quase nada mudou.

Fazer com que todo esse arsenal tecnológico jogue a favor do aprendizado é um desafio. Não há receita simples para o sucesso, mas há uma infalível para o fracasso: negar que, com ou sem o aval do professor, estudantes farão bom ou mau uso das mídias a seu alcance.

7 comentários:

  1. Gostei muito da matéria que foi postada aqui no blog de Jorge Werthein, apenas a frase: "O colégio diz que ofereceu um funcionário para acompanhá-la até em casa, mas que a oferta foi recusada." Não condiz com a verdade, o colégio não ofereceu em nenhum momento que um funcionário me acompanhasse ate em casa. Ao contrário, manifestaram pouca importância da maneira que eu iria para casa. Infelizmente, é uma pena que o reconhecimento desse erro esteja sendo omísso..

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  2. eu acho que o ph é muito autoritário, estamos no século 21 se tem internet nós temos que usa-la para ajudar os alunos do ph a fazer as lições, JÁ QUE, as lições são COM CONSULTA. ou seja se for com consulta, qualquer um dos alunos poderia olhar em livros ou INTERNET, e bom eu acho que a jannah criou essa comunidade para ajudar, e o ph foi totalmente PODRE em fazer isso com ela, acho que deveria ter conversado com a aluna e não ter feito isso, como: ameaças...
    fala sério né ph, cada vez caindo mais!
    PENSE ANTES DE AGIR!!!! olha a M** que deu para vocês agora...
    Boa sorte jannah, os alunos, e o povo brasileiro está ao seu lado!

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  3. Acredito que o que esta aluna fez foi contra as regras da moral e ética da nossa sociedade, sem contar que pelo que ficou entendido ela e outros alunos colocavam respostas de material didático (de propriedade da instituição de ensino) na internet com soluções resolvidas.
    Acredito que a tecnologia, computadores, internet devem ser utilizadas para colaborar e ajudar os estudos, mas não para burlar e criar uma rede de divulgação de resultados e colas.

    Concluo o meu comentário com um pensamento:
    "Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo toda a vida." Lao-Tsé

    Daniel Serafim

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  6. a questão aqui não é o uso ou o não uso da internet, e sim a ética. se ela realmente usou o facebook para mandar a resposta das lições para os colegas, o colégio tem que aplicar alguma punição, e acho que uma suspensão nem foi uma tão rigorosa. E tendo estudado no pH durante muito tempo, eu não acredito que tenham ameaçado a aluna de prisão ou algo do tipo, mesmo o colégio tendo diversas falhas.

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  7. que se tem muito para se mudar nas escolas não há dúvidas, não conheço esse colégio mas ele deve ter suas falhas, contudo o problema central aqui é ética. Preocupante é a declaração da mãe na outra emissora: "posteriormente fiquei sabendo que não tinha crime nenhum...que ela pode dizer no site o que ela quiser " então se não é crime pode?....e a ética? Furar a fila por exemplo então tudo bem? não é crime, né?....a questão é porque essa comunidade foi criada? a própria aluna disse em outra entrevista que ela mesma usava a comunidade para copiar exercícios, aliás até disse "copiava com outras palavras", com outras palavras pois sabia que o que fazia não era correto, criou-a sobretudo para alunos poderem copiar as respostas sem esforço, ou reflexão, para fingirem que as lições eram feitas . As escolas tem muito o que mudar, inclusive no tocante as novas tecnologias, mas a questão aqui é outra e muito mais grave...No caso a mãe, em vez de repreender a filha por cometer um ato antiético, algo normal para uma adolescente de 15 anos, vai usar o caso para processar o colégio e tentar ganhar um dinheiro, a grande lição que a garota está aprendendo com o caso, e os colegas dela, é que não há problemas em tomar atitudes antiética, pelo contrário, dá pra se ganhar com isso. Sem ética nunca termos um país decente, e isso deve começar a ser ensinado pelos pais.

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