27 de agosto de 2011 Educação no Brasil | Folha de S. Paulo | BR Fernando de Barros e Silva ABC da miséria nacional - Pela primeira vez, uma pesquisa de âmbito nacional mediu conhecimentos básicos das crianças que acabaram de concluir o 3º ano do ensino fundamental (antiga 2ª série). Os resultados obtidos pela Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização) são muito desanimadores. Metade das crianças do país não aprendeu o mínimo esperado para essa etapa de sua formação. Apenas 43% tiveram rendimentos satisfatórios em matemática; 53% em escrita; 56% em leitura. Em termos concretos, metade dos alunos não identifica o tema e os personagens centrais de um texto, não consegue ler as horas num relógio digital, não reconhece o centímetro como medida de comprimento. Se o resultado do conjunto é ruim, são as disparidades entre as regiões e entre os ensinos público e privado que revelam o tamanho real do buraco educacional do país. Enquanto nas escolas particulares 79% dos alunos têm desempenho satisfatório em leitura, nas públicas eles são apenas 49%. O mesmo abismo se reproduz em relação à escrita (82% contra 44%) e à matemática (74% contra 33%). É preciso ter claro que, dos 32 milhões de alunos matriculados no ensino fundamental, 88% estão concentrados na rede pública. Os filhos do ensino privado pertencem a uma pequena elite nacional. As diferenças entre regiões também são escandalosas. Por exemplo: na rede pública do Nordeste, apenas 21% dos estudantes foram aprovados no teste de escrita. No Sudeste, 54% conseguem passar. Mas, na rede privada do próprio Sudeste, a aprovação é de 98%! Para o leigo, fica a sensação de que a pesquisa vem confirmar aquilo que já sabemos: o país é muito desigual, as crianças mais pobres recebem uma educação de péssima qualidade e mesmo entre os mais ricos há razões para preocupação. Sabemos também que essa situação já foi pior. Mas, diante da tragédia disponível, seria cínico demais dizer que isso serve de alento. |
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