28 de agosto de 2011 O Liberal | Atualidades | PA Morte nas ruas cresce 730% em dez anos NO PARÁ BRASÍLIA THIAGO VILARINS Da Sucursal O percentual de pessoas assassinadas em vias públicas no Pará cresceu 729,5% entre 1999 e 2009. Segundo dados do sistema Datasus, do Ministério da Saúde, dos 2.322 óbitos por causas externas em 1999, 213 (9,1% do total) foram causados por agressão em via pública. Em 2009, das 5.200 mortes registradas, 1.554 (29,8% do total) foram de assassinatos nas ruas paraenses. Saltou de um homicídio a cada dois dias para mais de quatro mortes por dia no Estado. Desse total, 1.134 (73%) foram mortes causadas por arma de fogo. Como comparativo, há dez anos esse índice de vítimas foi de 61% (131 casos). Belém é a campeã de registros no Estado. De acordo com o Datasus, foram 389 agressões que resultaram em mortes nas ruas de Belém, em 2009. As armas de fogo foram responsáveis por 325 (83%) dessas vítimas. Chega a ser quase oito vezes maior do que os casos registrados dez anos antes. Os óbitos foram assinalados nas redes hospitalares do Estado. Cerca de 630 (40,5%) dessas vítimas chegaram a receber algum tipo de atendimento em hospitais e unidades de saúde da região metropolitana (Belém com 62% dos casos e Ananindeua com 28%). A segunda maior parcela foi atendida pela regional denominada Itacaiúnas-Tocantins, com 212 assassinatos, sendo 74% deles ocorridos em Marabá. Em média, de cada 10 paraenses baleados nas ruas em 2009, apenas quatro conseguiram chegar com vida a um hospital para receber o socorro. Consultado por O LIBERAL, o Ministério da Saúde afirmou que não é adequado fazer a comparação entre os dois períodos. A pasta reforça que a qualidade das informações melhorou ao longo dessa década. Além disso, destaca que nesses anos houve significativa ampliação da oferta de serviços médicos-hospitalares, com destaque para a implantação do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), em 2003, que reduziu o tempo-resposta dos atendimentos nas ruas, especialmente dos crimes violentos. No entanto, segundo o secretário de saúde do Estado, Helio Franco, é possível que os números finais, que indicam mais de quatro homicídios por dia, não estejam refletindo a real situação do Estado. "Esses são os números oficiaIs, são os que nós ficamos sabendo. Porque tem muito mais casos que não são registrados. Na verdade, esse número final também está subnotificado", revela. Coordenador da pesquisa "Mapa da Violência 2011", o sociólogo Julio Jacobo diz que os números atuais do Datasus são subnoticados. Para ele, muitos dos registros de armas de fogo se perdem dentro dos hospitais. "O paciente dá entrada como vítima de arma de fogo, mas depois ele acaba sendo notificado no Datasus com o tipo de contusão, ou seja, se foi ferimento no pulmão, um trauma, um problema neurológico. Esse quadro começou a mudar há três anos para cá, mas ainda não temos estudos feitos que apontem um número real", explica. |
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