31 de agosto de 2011 Educação no Brasil | Brasil Econômico | Educação / Gestão | BR Marina Amaral Cançado, Sócia-fundadora do Instituto Tellus A conexão e a complexidade são duas características observadas na sociedade em rede em que vivemos, que podem aumentar o envolvimento dos cidadãos com as questões públicas. As inúmeras conexões que fazemos pela internet faz com que tenhamos cada vez mais acesso a conteúdos variados, com pessoas as quais nunca imaginaríamos ter algum tipo de interação, influenciá-las e mobilizá-las no mundo todo. Do ponto de vista de políticas públicas, podemos facilmente obter informações sobre os desafios e soluções encontradas por outros países. Também temos mais acesso às informações dos governos municipais, estaduais e federal no Brasil, o que permite começar uma trajetória de demanda por mais transparência da administração pública, cobrança do cumprimento de propostas/metas e exigência de resultados dos gestores públicos. Ainda que haja uma série de desafios a serem superados, como mostra o caso do Programa Cidades Sustentáveis, há mais espaços de interação entre a sociedade e governo, informações disponíveis que respaldam os cidadãos, e uma vontade de grupos da sociedade de contribuir com o setor público na busca de políticas públicas que impactem positivamente os cidadãos. A demais, barreiras de tempo, espaço, idade, classe econômica e hierarquia que impediam a comunicação estão sendo superadas. Professores da rede pública municipal do Rio de Janeiro já se comunicam diretamente pelo Twitter com a Secretaria de Educação do Estado. Esse é um exemplo real de apenas uma das inúmeras ferramentas que possibilitam maior expressão e ação em prol de causas locais ou internacionais. A conexão on-line ou off-line, ao possibilitar o acesso a tanta informação e destacar a interdependência entre pessoas, países, problemas, evidencia a complexidade dos desafios que o mundo enfrenta. Ao trazer para o campo das políticas públicas, é importante destacar que a complexidade é característica de qualquer desafio público-por exemplo, tornar as cidades brasileiras mais sustentáveis - não há relações claras de causa e efeitos, há inúmeros atores com perspectivas diferentes e a realidade é tão sistêmica que não há caminhos óbvios. Por isso, cada vez se torna mais evidente a necessidade de expandir os paradigmas - as lentes pelas quais vemos um desafio - para gerar as mudanças necessárias no Brasil e no mundo. Afinal, como disse Einstein, não é possível resolver um problema com o mesmo nível de consciência que o gerou. No entanto, só conseguiremos questionar as premissas de uma realidade, pensar em alternativas viáveis e capazes de resolver os desafios públicos que nos afetam (qualidade da educação, saúde, transporte, etc.) se envolvermos os vários agentes de uma questão, escutarmos e entendermos seus pontos de vista, empoderarmos cidadãos e gestores públicos a desenvolverem juntos soluções. Logo, a conexão e a complexidade como características cada vez mais fortes na sociedade criam oportunidade para envolver a sociedade no desenho e acompanhamento das políticas públicas. Somos todos responsáveis pela construção do país - sociedade, governo e empresas. -------------- Professores da rede pública municipal do Rio de Janeiro já se comunicam diretamente pelo Twitter com a Secretaria de Educação, exemplo de ferramenta para expressão e ação em causas locais |
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