30 de outubro de 2011 Revista Veja | Especial Cidades | BR
O banditismo é um dos piores flagelos que afetam o cotidiano dos brasileiros, mas há municípios que venceram essa praga. É possível, sim, garantir segurança à população Marcelo Sperandio A combinação da areia branca com a água azul do Rio Tapajós deu às praias fluviais de Santarém, no oeste do Pará, o apelido de "Caribe Amazônico". O idílio não se restringe a sua exuberância natural. O lugar tem também a menor taxa de homicídios entre as cidades brasileiras com mais de 200 000 habitantes. Segundo dados inéditos do Mapa da Violência no Brasil, Santarém teve 3.8 assassinatos por grupo de 100 000 pessoas em 2009. Trata-se de um índice menor que o dos Estados Unidos e da Argentina, por exemplo. O clima de paz permite a seus habitantes levar um estilo de vida raro em grandes centros. Na orla do Tapajós, enquanto uns praticam exercícios, outros aproveitam para acessar a internet em seus notebooks. A tranquilidade fomenta o comércio. O setor, que representa 27% do mercado formal, criou 2 300 empregos desde 2006. O restaurante mais frequentado da região, o Massabor, nunca foi alvo de arrastão. "Seguranças e câmeras são desnecessários", diz o gerente Emílio de Oliveira. A ordem é atribuída à qualificação de seus policiais. Na Polícia Civil, 82% dos agentes tem ensino superior e outros 13% são universitários. Com um serviço de inteligência preparado, a polícia exibe uma altíssima marca: 95% dos autores de homicídios são descobertos e punidos. A Polícia Militar também conta com uma tropa letrada. Sete em cada dez PMs têm curso superior ou estão na universidade. Atuando de forma integrada, as forças de segurança garantem aos moradores um nível de tranquilidade de fazer inveja aos habitantes da capital, Belém. ou aos de Marabá, a maior cidade do sudeste paraense. Em Marabá, a taxa de assassinatos é a maior entre os municípios analisados: 125 homicídios por 100 000 habitantes, ou sete vezes a registrada no México. país conflagrado pelo tráfico de drogas. Antigo palco de conflitos agrários, a cidade ganhou o apelido funesto de "Marabalas". Na última década, com a urbanização. O faroeste deu lugar à degradação causada pelo tráfico de drogas. Policiais afirmam que 80% das execuções na cidade estão associadas a esse tipo de crime. Só em janeiro de 2011, uma disputa por pontos de venda de entorpecentes deixou nove mortos. "Se a estrutura policial fosse qualificada, os bandidos não teriam a certeza da impunidade, como têm hoje", diz o sociólogo Julio Jacobo, diretor do Mapa da Violência. A cidade é o exemplo extremo da escalada de banditismo no Norte e no Nordeste. Já o Sudeste coleciona indicadores promissores. A região foi a única a reduzir, em seu conjunto, o número de homicídios na última década. Praia Grande. no litoral paulista, é um modelo a ser seguido. Antes conhecida pelos crimes hediondos, a cidade derrubou a taxa de assassinatos de 93, em 2000, para 18. em 2009. para cada 100 000 habitantes. A queda de 81% foi a maior entre os municípios com mais de 200 000 moradores. O combate aos criminosos contou com o treinamento e o armamento da guarda municipal Em 2002, a prefeitura também partiu para a vigilância eletrônica: espalhou 1 500 câmeras em vários pontos da cidade, que hoje detém uma das maiores redes de monitoramento do país. Mais de 16 000 ocorrências de diversos tipos já foram flagradas graças à tecnologia. Há dez anos, a empresária Fabiana Paiva teve de fechar sua farmácia porque era assaltada toda semana. Com a queda da criminalidade, voltou ao comércio. Abriu uma franquia que vende salgados e funciona com total segurança. "Nesta nova fase, não tive problema", diz. Uma prova de que segurança é assunto de polícia. |
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