25 de outubro de 2011 Educação no Brasil | O Globo | Rio | BR Alguns educadores acharam que o exame exigiu conteúdos mais específicos, fugindo de sua característica Leonardo Cazes leonardo.cazes@oglobo.com.br Neste ano, os candidatos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2011 não enfrentaram problemas no cabeçalho dos cartões-resposta nem vazamentos. Sem surpresas externas, a prova também manteve a cara dos últimos anos, ao juntar a avaliação das capacidades de leitura e interpretação dos estudantes com os conteúdos. No entanto, já há quem aponte uma tendência de crescimento da exigência de conhecimentos mais específicos. Hoje, serão liberados os gabaritos oficiais do exame. Esta é a opinião do coordenador de ensino médio da Escola Edem, Wilson Mendes. Professor de Geografia, ele crê que o exame fugiu às características propostas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). - Todos os professores têm esse entendimento. A prova, que o Inep descreve como uma avaliação focada em habilidades e competências, está se voltando cada vez mais para conteúdo. Ou o candidato sabe o assunto ou não sabe a resposta. Se você comparar com o exame de 2005, é perceptível uma mudança no perfil - afirma. Meio ambiente foi destaque nas questões de geografia Já o coordenador da área de Ciências da Natureza do Colégio Alfa Cem, Daniel Lisboa, aponta um bom equilíbrio entre os dois elementos. - A prova teve um caráter interdisciplinar positivo, que foi bem atingido, e as perguntas estavam relacionadas ao cotidiano do estudante. E tudo veio dentro da proposta de avaliar habilidades e competências dos candidatos. Mendes destacou o meio ambiente como o assunto mais presente nas questões de geografia, englobando temas muito discutidos atualmente, como a construção da Usina Belo Monte e os seus impactos sociais, econômicos e ambientais. O professor diz que a preferência pelo tema já uma constante nas últimas edições do Enem. Em Biologia, a ecologia também recebeu atenção em várias questões. Pouco conteúdo sobre mecânica, muito sobre ótica Em física, Lisboa afirma que chamou a atenção a falta de perguntas sobre mecânica, uma das áreas da disciplina mais estudadas durante todo o ensino médio. Peso maior foi dado à ótica e a ondas. - Neste ano, física ganhou até mais questões do que costumamos ver. Mas só teve uma questão de mecânica, que era sobre queda livre. Isso não significa que seja uma regra para o futuro, mas já é observado há algum tempo - diz. Dentro do caderno de Ciências Humanas, o professor Ulisses Martins, do Colégio Notre Dame, do Recreio, não viu nada de muito diferente dos anos anteriores. O privilégio a história do Brasil é marcante e segue a tendência de outros vestibulares. Mesmo história antiga e medieval, que fazem parte do programa, pouco apareceram. - Considero a prova de média para fácil, e tinha bastante coisa de República Velha e escravidão. Só numa questão das constituições é que os estudantes poderiam se enrolar um pouco, porque era um conhecimento mais específico. Na parte de Linguagens, a professora Lucia Soares, do Colégio A. Liessin, conta que o modelo foi muito parecido com anos anteriores. A prova buscou avaliar a capacidade de leitura e interpretação dos alunos, sem pedir especificidades de gramática. - A prova toda estava dentro do esperado, não houve nenhuma surpresa. Foram trabalhados os diferentes tipos de texto, desde peças publicitárias a imagens. O único problema a meu ver é a extensão dos enunciados. Os estudantes têm pouco tempo para responder cada questão e a formulação das perguntas dificulta ainda mais - critica. O professor de química do Colégio e Curso pH, Guilherme Guimarães, não viu problemas no exame, que classificou de "médio para fácil". Ele questionou os enunciados grandes. - A impressão que tive foi de uma prova bem clássica. Talvez até para evitar confusão, o Inep tentou ser o mais conservador possível, sem maiores inovações. Abordou combustíveis, sustentabilidade, dentro daquilo que o Enem normalmente apresenta. Sobre 45 questões de matemática, o professor do Pensi Rodrigo Villard crê que só enfrentou problemas quem privilegiou a redação e a prova linguagens e, consequentemente, teve pouco tempo para resolvê-las. - Nesta edição, a parte de matemática estava bem mais fácil do que nos dois últimos anos. As notas, inclusive, devem ser mais altas para quem vai fazer área de exatas. |
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