A cada vez que os cientistas reavaliam as evidências de mudanças climáticas mundiais, seus prognósticos pioram. O mesmo acontece com as perspectivas políticas de um acordo mundial para lidar com as emissões de carbono. Desde o fiasco em Copenhague, há dois anos, ninguém ousa esperar muito do interminável processo de negociação internacional sobre o clima, cuja mais novo capítulo começa hoje em Durban.
O prazo para estender o protocolo de Kyoto, cujos compromissos de redução nas emissões dos países ricos acaba em 2012, está praticamente se esgotando. A meta continua sendo um preço mundial para os créditos de carbono, sustentado por cotas negociáveis de emissões ou taxas sobre as emissões. Não importa tanto por qual caminho se chegue a isso - se por meio de um protocolo de Kyoto aprimorado, de um novo acordo obrigatório mundial que o substitua ou de novos compromissos nacionais voluntários, mas eficientes.
O triste fato hoje, porém, é que todos esses caminhos parecem politicamente pouco realistas.
Os motivos de preocupação crescem. Neste mês, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) advertiu que as emissões de gases causadores do efeito estufa deverão provocar ondas de calor e inundações costeiras mais extremas. Ainda assim, o apoio político para ações reais se está perdendo força. As economias mundiais mais ricas estão estagnadas. A dependência de combustíveis fósseis tornou-se mais atraente, graças a novas tecnologias, como a fratura hidráulica. Atualmente, os esforços desajeitados dos EUA em 2009 para definir uma política para as mudanças climáticas parecem ter sido o ponto culminante do país.
A verdade inconveniente é que o argumento político a favor de ações decisivas para combater as mudanças climáticas corre o risco de se perder. Além de acertar acordos entre países sobre como agir, os líderes precisam fortalecer o apoio popular a essas soluções.
A situação está longe de ser incorrigível. Muitos países avançam - o compromisso britânico para um piso ao preço do crédito de carbono e a adoção pela Austrália de um imposto sobre as emissões são duas luzes em meio à escuridão. Pelo lado da tecnologia, a forte queda no preço dos painéis de células solares significou a quebra de muitos fabricantes, mas foi um grande avanço para a viabilidade comercial da energia solar.
A lição é que os incentivos ao mercado funcionam - e, uma vez que isso seja compreendido, também é politicamente possível adotar políticas que gerem os incentivos apropriados. Determinar o preço certo dos créditos de carbono e deixar o mercado encontrar a melhor forma de reduzir as emissões prejudica os interesses velados da antiga economia de uso intensivo de carbono, mas recompensa os que têm a ingenuidade de solucionar o problema.
Os eleitores apoiarão as políticas climáticas se virem isso como uma oportunidade, e não como o fim de seu estilo de vida. Conseguir isso é tão importante para o futuro de nosso planeta como o que for acertado - ou não - em Durban.
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