21 de dezembro de 2011 Jornal do Commercio Online | Política | PE Mapa da Violência 2012 Os novos padrões da violência homicida no Brasil, por Júlio Jacobo Waisefisz. A seguir, leia trechos do estudo referentes apenas a Pernambuco e a violência no Estado. Quem desejar, poderá ler o estudo na íntegra através do link http://www.sangari.com/mapadaviolencia/pdf2012/mapa2012_web.pdf O estudo confirma os dados oficiais divulgados pelo governo do Estado de que houve redução da violência na cidade do Recife: Nos dois municípios do estado com mais de 500 mil habitantes: Recife e Jaboatão dos Guararapes, as quedas foram significativas e semelhantes em ambos, em torno de 40%. A intensidade das quedas vai diminuindo até os 65 municípios de menor porte, entre 5 e 20 mil habitantes, onde as taxas em realidade cresceram, aponta o trabalho de pesquisa. O estudo de Júlio Jacobo ainda acrescenta: Recife, que em 2000 era a cidade mais violenta do Estado, com uma taxa de 97,5 homicídios em 100 mil habitantes, em 2010 passa para a 12º posição no Estado, com uma taxa de 57,9. No ano 2000 várias áreas concentravam a violência extrema do estado. Eram os polos dinâmicos centrados em torno de determinadas atividades: a agricultura irrigada do polo Petrolina, o polo das confecções do eixo Santa Cruz do Capibaribe/Caruaru, o denominado poligono da maconha, a Região Metropolitana do Recife, a região da Mata Sul do Estado. O estudo prossegue lembrando que na virada do século, Pernambuco era o estado que apresentava o maior nível de violência do país. Sua taxa de 54 homicídios em 100 mil habitantes duplicava o índice nacional. Para o ano 2010 essa taxa cai para 38,8, o que representa uma queda de 28,2%, localizando-se agora no quarto lugar entre as 27 UF. Em sua evolução histórica, desde 1980, podemos reconhecer quatro grandes etapas. Nas duas primeiras, que vão até o ano 2001, as taxas de homicídios são crescentes, e o motor desse crescimento pode ser encontrado na elevação das taxas nas regiões metropolitanas (RM) do estado, que se distanciam do interior. As duas últimas etapas, a partir de 2001, vão marcar o declínio nas taxas, com início lento e acelerando a partir de 2007, onde as quedas concentram-se também nas RM, cujas taxas vão se reaproximando das do interior. Diversas situações do Estado vão resultar nesses quatro períodos: Primeiro período: 1980/1994. As taxas do estado, sempre acima das nacionais, crescem de forma moderada, com um ritmo de 4,7% ao ano, com maior intensidade no interior. O estado acompanha de perto o crescimento nacional, onde já aparece entre os cinco mais violentos do país. Segundo período: 1994/2001. Acelerado crescimento das taxas (7,7% aa.), centrado nas RM (9,1% aa.) crescendo com uma intensidade bem acima da média nacional (3,9% aa.). Esse íngreme crescimento leva o Estado a ocupar o primeiro lugar no mapa nacional em 1998, situação que perdura até 2001. Em contra partida, também o interior continua crescendo de forma regular, mas com um ritmo bem menor que as RM. Com isso, as diferenças entre ambas as áreas tende a aumentar: as taxas das RM mais que duplicam às do interior. Terceiro período: 2001/2007. Estagna a espiral de violência e as taxas do estado, vagarosamente, começam a declinar (-1,7% aa.), acompanhando o ritmo nacional (-1,6%). As RM apresentam uma taxa de queda levemente maior (-2,8% ao ano) que as do interior, que praticamente estagna (0,8% ao ano.). Quarto período: 2007/2010*. Quedas aceleradas nas taxas de homicídio do estado (-9,9% aa.) puxadas pelas RM (-11,2% aa.), mas com significativas quedas, ainda que em menor grau, no interior (-7,3%). Num período que os índices nacionais aumentam muito devagar (1,3% aa.) o estado cai para o 4º lugar entre as 27 UF. As taxas do interior vão ficando mais próximas às da RM. Além dos 14 municípios que integram a RM de Recife, aqui também são incluídos os dados do município de Petrolina, integrante do RIDE do Polo Petrolina/Juazeiro. Na última década, podemos ver que: Cai a participação relativa dos grandes centros urbanos: nas seis cidades do estado com mais de 200 mil habitantes, as taxas passam de 89,6 em 2000 para 48,7 em 2010, um declínio de 45,6%. Pode-se verificar que, em geral, quanto maior o tamanho do município, maiores foram as quedas nos homicídios registrados na década. Nos dois municípios do estado com mais de 500 mil habitantes: Recife e Jaboatão dos Guararapes, as quedas foram significativas e semelhantes em ambos, em torno de 40%. A intensidade das quedas vai diminuindo até os 65 municípios de menor porte, entre 5 e 20 mil habitantes, onde as taxas em realidade cresceram. Inclusive nos 3 municípios com menos de 5 mil habitantes, que no ano 2000 não registraram nenhum homicídio, em 2010 já evidenciam a existência de mortes por agressão intencional. Vemos assim que, se no conjunto do estado os homicídios caíram 28,2%, as quedas não se espalharam uniformemente no conjunto dos municípios. Seria de esperar que com as quedas, deveria aumentar o número de municípios sem registro de homicídios, mas pelo contrário, o número de municípios livres do flagelo diminuiu. Em 2000, Pernambuco registrou 19 municípios sem homicídios, já em 2010 esse número caiu para 12. Recife, que em 2000 era a cidade mais violenta do estado, com uma taxa de 97,5 homicídios em 100 mil habitantes, em 2010 passa para a 12º posição no estado, com uma taxa de 57,9. Essas mudanças também podem ser observadas nos mapas. No ano 2000 várias áreas concentravam a violência extrema do estado. Eram os polos dinâmicos centrados em torno de determinadas atividades: a agricultura irrigada do polo Petrolina, o polo das confecções do eixo Santa Cruz do Capibaribe/Caruaru, o denominado poligono da maconha, a RM de Recife, a região da mata sul do Estado. Para 2010 o panorama fica muito mais difuso e os antigos polos perdem especificidade, com deslocamentos significativos, por exemplo, da região da mata sul para a mata norte do estado. Resumindo, Pernambuco forma parte do conjunto de estados onde o fenômeno da disseminação da violência atuou de forma clara, com marcadas quedas nos grandes centros urbanos e elevação dos níveis em áreas relativamente tranquilas na virada do século. |
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