7 de dezembro de 2011

Sem educação,o Brasil não vai conseguir triunfar :Jorge Gerdau


07 de dezembro de 2011
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Gerdau: “Não evoluiremos sem promover a sustentabilidade econômica, ambiental e social em nosso cotidiano”

O empresário Jorge Gerdau defende que o país aproveite a demanda que tem garantido a expansão das companhias com o movimento do mercado interno e se capacite para o desenvolvimento sustentável
Rita Karam
Mais do que criar uma gigante da indústria siderúrgica que ultrapassou há tempos as fronteiras brasileiras, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter participa ativamente nas discussões sobre o rumo da economia brasileira. Dedicado na tarefa, levanta como uma das mais importantes bandeiras a necessidade de colocar a educação no foco das ações em todas as instâncias, do próprio indivíduo ao governo, passando pelas empresas.
A medida é essencial, avalia o empresário, para consolidar o avanço do país, que ainda luta com seus altos custos mas que, apesar de um arrefecimento nos números dos últimos meses, contrasta fortemente com mercados mais maduros por seu desenvolvimento.
É essa responsabilidade pública que faz do empresário o grande líder do lado privado da economia brasileira.
Como o senhor avalia o avanço do país nos últimos anos? O Brasil vive um momento positivo, com a melhora da qualidade de vida da população e um bom crescimento econômico.
Em função do significativo aumento do mercado consumidor brasileiro, uma empresa consegue, atualmente, ser plenamente competitiva atendendo apenas o mercado interno. O desafio é aproveitarmos essa demanda e nos capacitarmos para um crescimento sustentável. É preciso investir continuamente em capacitação e na constante busca pela excelência em todos os processos das empresas.
Quais os principais desafios? Entendo que, sem educação, o Brasil não conseguirá triunfar no longo prazo. A educação tem um impacto profundo e duradouro em toda a estrutura do país, qualificando o mercado de trabalho e, consequentemente, aumentando a produtividade dos governos e empresas. Além disso, a modernização da gestão pública brasileira também é de extrema importância, pois implica no desenvolvimento sustentável do Brasil.
Uma boa gestão exige planejamento de médio e longo prazo, não apenas o de curto prazo, como tem sido o processo histórico no país. É preciso buscar melhorias em custos e receitas, sem aumentar impostos, aprimorando a gestão. Ou seja, é preciso viabilizar que os governos façam mais com menos, com mais qualidade e eficiência.
Quais as suas sugestões para o país melhorar o seu sistema educacional? A educação no Brasil apresentou muitos avanços nos últimos anos. Mesmo assim, ainda existem muitos desafios. O mais importante deles é a efetiva conscientização de que a educação é um direito e um dever de todos.
Não é um problema dos governos, das escolas e dos professores.
O problema é de toda a sociedade.
Nesse sentido, destaco o papel do Movimento Todos pela Educação, que desenvolve um amplo programa de sensibilização da sociedade civil e dos governos, visando uma educação de qualidade para o Brasil. É preciso sempre lembrar que a efetiva educação de nossos jovens guarda relação direta com a formação de bons profissionais e, por consequência, de bons cidadãos, ampliando a competitividade do país.
E a indústria? Tenho expressiva preocupação com o processo de desindustrialização vivenciado pelo Brasil e também por outros países da América Latina. Em relação ao Brasil, os impactos têm sido fortemente sentidos no mercado interno em razão da perda de competitividade do país, principalmente devido à valorização do real, aos juros altos e ao excesso de tributação. É preciso lembrar que a indústria é uma grande empregadora, responsável por salários médios mais elevados e, em boa parte, pelo desenvolvimento técnico e científico da sociedade. Portanto, precisamos direcionar nossos esforços para eliminarmos os gargalos que impedem o desenvolvimento sustentável de longo prazo da indústria brasileira.
Quais são os riscos a que o Brasil se submete diante dessa nova realidade? Os países que não aderirem ao movimento da qualidade na gestão ficarão para trás na competição cada vez mais feroz do mundo globalizado. Quanto antes aderirmos a essa nova revolução gerencial, melhor deixaremos o Brasil para nossos filhos e netos.
Qual sua expectativa quanto aos benefícios que poderão decorrer do pré-sal? Não iremos evoluir como sociedade sem promovermos a sustentabilidade econômica, ambiental e social em nosso cotidiano.
Esse processo de conscientização passa por um grande esforço de toda sociedade. Além disso, acredito que, com a descoberta do pré-sal, o Brasil adquiriu um pilar de sustentação para a economia que puxará o desenvolvimento da indústria por muitos anos. Contudo, isso não deve durar para sempre, pois eventualmente surgirão alternativas para a atual matriz energética. No longo prazo, acredito que a indústria ligada à produção de alimentos tem grande potencial para crescer.
As terras aráveis e a água potável são recursos limitados no planeta. O Brasil ainda é muito focado na exportação de produtos agrícolas não-industrializados.
No futuro, devemos buscar a verticalização dessa indústria, exportando produtos de maior valor agregado ligados à alimentação (produtos congelados, processados).
Como o Brasil se apresenta no exterior? Em função do nosso ambiente político e econômico estável e do crescente mercado consumidor interno, o Brasil se tornou um país muito atrativo para o investimento estrangeiro. Por outro lado, a moeda brasileira está muito apreciada, o que dificulta a competitividade, principalmente, em relação às exportações de produtos industrializados.
Além disso, nossas restrições logísticas - falta de opções em ferrovias e hidrovias - impedem que o mercado doméstico cresça de forma sustentável e dificultam nossa posição para atender o mercado externo. Vivemos em um país caro, com uma carga tributária alta e uma taxa de juros reais elevada, a qual é extremamente atrativa para o capital especulativo estrangeiro.
Não conseguiremos frear a entrada de capital especulativo enquanto mantivermos altas taxas de juros.
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Tenho uma expressiva preocupação com o processo de desindustrialização vivenciado pelo Brasil e também por outros países da América Latina
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