Folha de São Paulo ANDREA VIALLI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Cientistas ligados à área ambiental do mundo todo lançaram ontem, em Londres, manifesto pedindo mais atenção às questões ambientais na Rio+20, conferência da ONU sobre desenvolvimento sustentável que será realizada em junho. Com 3.000 signatários, a "Declaração do Estado do Planeta" diz que não basta buscar um "ideal distante" e cobra agilidade dos políticos contra a crise ambiental. "As questões que estão sendo debatidas na Rio+20 são as mesmas que foram debatidas há 20 anos, mas agora é ainda mais urgente enfrentá-las", afirma o texto do encontro "Planet Under Pressure", última reunião de cientistas antes da Rio+20. A declaração lembra que a degradação ambiental cresceu nas últimas décadas, a despeito dos acordos feitos na Eco-92, como a convenção de mudanças climáticas. "O rascunho zero da Rio+20 [esboço do documento final do encontro] joga a solução para o futuro. Já fizemos isso há 20 anos e só o que se viu foi aumento da emissão de CO2, aumento da perda de espécies e 800 milhões de pessoas com fome. Precisamos sair da mesa de negociação para ações práticas", diz o biólogo Fabio Scarano, um dos brasileiros que participaram do encontro. O governo brasileiro afirma que a Rio+20 tratará dos três pilares do desenvolvimento sustentável (ambiental, social e econômico) e que as críticas da comunidade científica não se justificam. "Considero uma vitória do ambientalismo promovermos uma conferência baseada nos três pilares, não apenas com foco no ambiental", disse Samyra Crespo, secretária do Ministério do Meio Ambiente. Para ela, os ambientalistas estão ressentidos por não serem as estrelas da Rio+20, como foram na Eco-92. A falta de discussões sobre ambiente e clima na Rio+20 já tinha sido abordada em outras reuniões de cientistas. No Fórum Mundial da Água, há duas semanas em Marselha, na França, a necessidade de metas sobre água potável e direito à água nas discussões foi destacada."Vou levar o tema para a conferência", disse à Folha na ocasião o francês Brice Lalonde, secretário executivo da Rio+20. |
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