18 de junho de 2012

A Caminho de uma cultura sustentavel



ARTIGO. Diretora-geral da Unesco defende a importância do fator cultural para a promoção do desenvolvimento. Sem ele, as estratégias de negócios estariam condenadas ao fracasso
Com a Conferência Rio+20, o mundo procura novos caminhos para apoiar o crescimento verde e o desenvolvimento sustentável para todos. A cultura faz parte desses caminhos.
Este é um setor econômico próspero, é também um acelerador da participação e da adesão das pessoas aos esforços de desenvolvimento.
Em todas as minhas visitas pelo mundo, eu vejo o apego visceral dos povos às suas culturas.
Eu pude constatar isso por ocasião de uma reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, que aconteceu em Brasília, em 2010. A cultura é uma fonte de identidade e de dignidade, é um ponto de referência diante dos riscos e da incerteza.
A cultura e as indústrias culturais também representam renda, uma fonte de crescimento e de empregos - muitas vezes, empregos verdes, fortemente ancorados no tecido local, dificilmente deslocáveis. Fomentar a cultura é o sentido do Centro Regional de Formação para Gestão do Patrimônio Cultural para os países lusófonos e hispânicos, criado pela Unesco e pelo Brasil, há dois anos, a fim de formar profissionais na região.
A história mostra que as estratégias de desenvolvimento que omitem o fator cultural estão condenadas ao fracasso, porque elas não conseguem ter o apoio da população-alvo. Essa é uma das lições fruto do esforço para se atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Isso é verdade nas áreas da saúde, da justiça, da luta contra a fome. Sem mobilização das pessoas, não há desenvolvimento sustentável possível. Podemos usar a cultura para estimular essa participação.
Essa é a mensagem da Unesco, retomada desde o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2004 e em várias resoluções das Nações Unidas. Há mais de 65 anos, de Abou Simbel a Angkor (templos no Egito e no Camboja, respectivamente, declarados parte do patrimônio mundial), a Unesco lidera as operações de salvaguarda e proteção desse patrimônio. A Unesco concebeu um quadro normativo completo para assegurar a promoção da cultura, da diversidade cultural e das indústrias criativas para o desenvolvimento.
O mundo está esgotando o seu ambiente natural; deve fazer crescer o seu ambiente cultural.
É chegada a hora de mudar o olhar sobre a cultura e ver nela algo além de um patrimônio frágil ou lazer de luxo, porque ela é também uma força de renovação e de progresso. Como setor econômico, como facilitador de políticas de desenvolvimento, a cultura é uma condição de sustentabilidade.
Eu levarei esta mensagem ao Rio, para que ela prospere após a Rio+20.
Irina Bokova é diretora-geral da Unesco

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