21 de junho de 2012

Especialista pede qualificação dos professores para melhorar aprendizado




O Estado deve investir na qualidade dos professores e, inclusive, na premiação dos melhores para aperfeiçoar o desempenho dos alunos brasileiros de forma mais rápida. Essa é uma das conclusões da análise de 400 estudos mundiais sobre melhoria do aprendizado que foram selecionados pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, pelo Instituto Ayrton Senna e pelo Movimento Todos pela Educação.

Em audiência pública promovida pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara e pela Frente Parlamentar Mista da Educação, o secretário de Ações Estratégicas do Governo Federal, Ricardo Paes de Barros, disse que ter aula com o melhor docente da escola pode significar ao estudante um aumento no aprendizado de quase 70%: "A educação acontece quando um bom professor se encontra com um aluno motivado por horas. Quanto mais eles se encontrarem, maior será o aprendizado".

Para maximizar a quantidade de bons professores, segundo Paes de Barros, é necessário premiá-los, seja por meio de certificados, incentivos em projetos ou bonificações salariais. "Um dos problemas da profissão é que os próprios professores se convenceram de que eles são todos iguais, e que as diferenças entre eles não devem ser ressaltadas, documentadas, premiadas", argumentou.

Avaliação - O presidente da frente parlamentar, deputado Alex Canziani (PTB-PR), sustentou que o Brasil poderia ter sistemas mais refinados de avaliação da qualidade dos docentes como existem em outros países. Ele sugeriu a utilização de uma instituição independente que possa certificar quem é um bom professor. "Além de estarmos estimulando aqueles que não são considerados os melhores professores, poderemos pôr em prática a meritocracia. É justo pagarmos, darmos condições ou estimularmos mais aqueles que são mais efetivos na sua atividade", explicou.

Paes de Barros também citou dados que apontam acréscimos de mais de 40% na aprendizagem com a redução dos alunos por sala de aula, de 22 para 15, e com o aumento do calendário letivo de 190 para 200 dias.

Recursos - O secretário de Ações Estratégicas destacou ainda que o objetivo agora deve ser melhorar a qualidade, e não a quantidade, de recursos para o ensino. Conforme ele, o Chile gasta 4% do PIB em educação e está mais bem colocado que o Brasil, que gasta 5% do seu PIB, nos testes internacionais. Paes de Barros lembrou, no entanto, que o investimento no país andino chega a mais de 7% quando o gasto privado é somado.

O especialista propôs que os alunos brasileiros com boas condições financeiras paguem para estudar nas universidades públicas. "Esse é um gasto com educação que a gente poderia induzir as famílias a ter - isso é o que acontece no Chile. Se você é de classe média alta, rico e colocou seu filho na universidade pública, mais do que bem-vindo. Só que terá de pagar, pois não precisa que eu pague por você", declarou.

Atualmente, informou Paes de Barros, o Brasil está entre os cinco países que mais avançaram na pontuação dos testes internacionais de avaliação do ensino na última década. Por outro lado, ainda está entre os 20% piores na colocação geral.
Agencia Cámara, 21 de junho,2012

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