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Confira a entrevista da presidente da SBPC, Helena Nader, publicada no jornal O Estado de São Paulo de domingo (29).
A 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), considerada o maior congresso científico da América Latina, terminou com um bom debate sobre o Programa Ciência sem Fronteiras, abordado em duas mesas redondas e na conferência do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp.
No total, foram 11.912 participantes de 700 cidades brasileiras, volume considerado um sucesso pela presidente da SBPC, a professora da Unifesp Helena Bonciani Nader. Nesta entrevista, ela fala sobre os pontos altos do encontro, destaca a presença inédita de um prêmio Nobel e faz sua avaliação do programa Ciência sem Fronteiras. O que a senhora destaca desse encontro?
Um dos destaques foi a presença de Dan Shechtman, prêmio Nobel de Química de 2011. A presença dele foi marcante para os jovens. Eu assisti à apresentação sentada no chão porque não tinha mais lugar e não tinha mais fone para a tradução. O que eu vejo de positivo foi ele ter tocado esses jovens.
E quanto à escolha do tema?
Outra novidade foi que nós, cientistas, sempre discutimos os saberes tradicionais, mas aquele que é o detentor desses saberes não participa. Desta vez, eles estavam sentados nas mesas com os pesquisadores. Teve uma troca de conhecimento inédita, que terá um saldo positivo para o futuro do País. Trouxemos pela primeira vez um ministro do Tribunal de Contas da União. Os pesquisadores precisam entender melhor como funciona esse sistema e aprender a dialogar. É isso que a SBPC pode fazer. Não pode oferecer soluções, mas pode juntar os cientistas, discutir e oferecer propostas.
O que ficou das discussões sobre o Ciência sem Fronteiras?
Desde quando foi lançada a ideia do Ciência sem Fronteiras, fui entrevistada várias vezes para dizer qual era a posição da SBPC. Todas as iniciativas para a melhoria da qualidade da educação e da ciência são válidas. O que foi colocado durante a mesa redonda, até mesmo pelos presidentes do CNPq, Glaucius Oliva, e da Capes, Jorge Guimarães, é que o programa foi criado rapidamente e, como tudo, precisa de ajustes.
Quais seriam esses ajustes?
O que eu vejo como impacto muito importante é o alerta de que o estudante brasileiro tem uma dificuldade no diálogo internacional. A única língua que o nosso estudante fala é o português, mas a língua internacional é o inglês. O programa Ciência sem Fronteiras deu uma cutucada nas nossas universidades, elas estão esquematizando como suprir essa deficiência. A Capes e o CNPq estão pensando em criar um projeto de ensino a distância em inglês que realmente capacite. O programa é bom e está andando.
Há preocupação com o retorno dos estudantes?
A China, que mandou na década de 1980 muitos estudantes para os EUA, trouxe essa turma bem formada de volta de uma forma muito competitiva. Ou seja: oferecendo excelentes condições de trabalho. A garantia que queremos é ter essas condições no Brasil. Por isso a gente insiste: os meninos estão sendo bem formados, então temos de mostrar que terão boas condições na volta.
(O Estado de São Paulo - 29/07)
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