Ruy Espinheira Filho em artigo intitulado “Como é que se vai perdendo a Bahia” (A TARDE 29/11/2012) concorda com o dito por João Ubaldo Ribeiro de que “não somos brancos, nem pretos, nem índios - somos baianos”. Mas lamentavelmente a cultura, se nos identifica por tradições, jeitos de ser, expressões artísticas, também nos separa ao se misturar com economia e política, e não está acima de desigualdades sócio-raciais historicamente construídas e reproduzidas hoje por relações sociais em varias dimensões da vida e inclusive pela indiferença avestruz dos que advogam que vivemos em relações sócio rac iais sem conflitos, como sugere implicitamente o escritor em seu artigo, nostálgico por uma Bahia idílica de um passado imaginado. Desculpe, mas para quem era “doce” a Boa Terra ontem e para quem deixou de ser assim, hoje, cara pálida?
Se somos todos baianos como explicamos os dados do recém lançado “Mapa da Violência 2012. A cor dos homicídios no Brasil” (FLACSO-CEBELA- Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, de autoria de Julio Jacobo Waiselfiz)? No Mapa se lê: “Individualmente, Bahia, Paraíba e Pará foram as unidades que tiveram maior crescimento no seu número de homicídios negros, mais que triplicando em 2010 os números de 2002”. As Taxas de Homicídio (por 100 mil) na População total, segundo Raça/cor na Bahia em 2 002 e 2010 são: 4,5 e 11,7 considerando a população branca; e 12,5 e 47,3 entre os negros. O índice de vitimizaçao negra (relação entre taxa de homicídios de brancos e a taxa de homicídios dos negros) passou de 175,6 (2002) para 303,8 (2010). Considerando só Salvador, têm-se as seguintes taxas de homicídios em 2010: 21,6 e 78,3, com um índice de vitimizaçao de negros de 263
Será que a “privilegiada nação da baianidade” não está sendo perdida e cada dia mais violenta porque muitos não estão se sentindo menos baianos do que outros?
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