Em 2011, eram 35,8% dos pretos e pardos dessa faixa etária no ensino superior, contra 10,2% em 2001.
Nunca tantos pretos e pardos frequentaram o ensino superior no Brasil como em 2011, segundo a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) do IBGE: 35,8% dos jovens desses grupos éticos entre 18 e 24 anos que estudavam no Brasil em 2011 estavam em faculdades.
Mas o aumento de 350% em relação aos 10,2% de 2001 esconde que a desigualdade em relação aos brancos continua. Dez anos antes, a proporção de brancos de 18 a 24 no nível superior era de 39,6%; em 2011, dos jovens brancos dessa faixa que frequentavam escola, 65,7% estavam no ensino superior.
Não foi possível determinar a influência das ações afirmativas, como as cotas de acesso à universidade pública, no avanço dos pretos e pardos, disse a pesquisadora Cristiane Soares, do IBGE. "A Pnad (pesquisa em que a Síntese se baseia) não tem uma pergunta específica", explicou ela.
A economista Irene Rossetto, do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reconheceu o avanço dos pretos e pardos no período estudado. Mas lembrou que essas faixas partiram de um patamar muito baixo (daí o aumento ter sido tão grande em termos porcentuais) e afirmou que os brancos também avançaram - o que manteve a distância entre os dois grupos.
"A gente só está olhando, nesta estatística, para as pessoas que estão estudando", disse. "Muitos jovens pretos e pardos nem na escola estão." Ela afirmou não ter como avaliar o peso das políticas de ação afirmativa no crescimento, mas afirmou que as cotas, o Programa Universidade para Todos e as bolsas de estudo devem ter tido peso na mudança. Também a melhoria de renda pode ter ajudado, disse.
O País registrou outros avanços na área educacional de 2001 a 2011 segundo a SIS. Aumentou de 27% para 51% a proporção de jovens de 18 a 24 anos frequentando curso superior (incluindo mestrado e doutorado) e caiu de 21% para 8% a proporção de brasileiros nessa faixa etária que estavam no ensino fundamental. E houve crescimento de 40% na proporção de jovens de 15 a 17 no ensino médio (embora só metade esteja na série adequada).
Relato - Rodolfo de Souza Rodrigues, de 22 anos, faz graduação em Logística. Quando terminar o curso, continuará estudando. Está em dúvida entre uma pós-graduação ou o curso de Engenharia da Produção. "Quero chegar aos 30 anos estruturado e com outro nível de vida", diz ele, que seguiu à risca o conselho da mãe analfabeta e negra Joseane Pontes de Souza: "Estude para ser alguém na vida".
"Tenho orgulho de vir de uma família pobre, humilde e negra", diz Rodrigues. Na certidão de nascimento, sua cor é parda. Ele é o primeiro da família a fazer faculdade, incluindo pais, avós, tios, primos. Trabalha em loja de móveis, onde ganha R$ 1,1 mil - com horas extras - e paga a Faculdade IBGM, onde estuda. E diz aprovar o sistema de cotas implantado pelo governo federal.
(O Estado de São Paulo)
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário