Ativo há dois anos, n-FUTUROS é aprovado como integrante do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares e propõe parcerias entre o setor público e o privado.
Um projeto multidisciplinar e de tendências policêntricas, que já lutava pela estabilidade há dois anos, acaba de ganhar status oficial na Universidade de Brasília (UnB). O Núcleo de Estudos do Futuro (n-FUTUROS) tem o objetivo de reunir e desenvolver ações em inovação que integrem o conhecimento acadêmico à sociedade, além de antever e planejar cenários. Ele começou a tomar forma ainda em 2010, sob as primeiras diretrizes de quatro professores de diferentes áreas da Universidade. Em outubro de 2012 foi aprovado como integrante do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (Ceam) e agora segue com ambicioso pioneirismo.
O núcleo conta com professores oriundos de áreas diversas como biologia, educação, computação, geografia, artes e sociologia, totalizando cerca de 15 membros. A expectativa é de alcançar o dobro de participantes a partir da implantação pensada para 2013. Mais que isso, o grupo já faz os primeiros contatos para instaurar quatro braços espalhados pelo sul e norte do País, além de países da América do Sul - possivelmente Peru e Paraguai. Há uma ânsia pela descentralização do projeto que, embora ainda incipiente, conta com a simpatia logo no primeiro contato. "Estudantes e nossos colegas professores se predispuseram a trabalhar logo de cara; a receptividade é grande", garante Isaac Roitman. "O primeiro é simbólico, e tinha de ser nesse lugar diferente que é a UnB. Agora os próximos precisam andar mais rápido, em 2013, sob risco de não funcionarem", advertiu Tadao Takahashi.
"O que a gente precisa é de combustível intelectual para fazer as coisas certas e duradouras", resume Isaac Roitman, professor emérito da UnB e ex-decano de Pesquisa e Pós-Graduação. Foi Roitman quem deu o pontapé inicial ao projeto, ao convocar a participação do professor Tadao Takahashi para pensar as mídias digitais da instituição, desde a informação gerada pela Secretaria de Comunicação (Secom) até grupos de pesquisa em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação.
Pós-graduado no Tokyo Institute of Technology (TIT), Takahashi tem vasta atuação na área: foi coordenador-geral da Rede Nacional de Pesquisas - do Ministério da Ciência e Tecnologia - e do Programa Sociedade da Informação da Presidência da República, entre outros projetos envolvendo tecnologia, educação e sociedade.
A partir desse primeiro contato, Tadao detectou na UnB o que procurava quando se desvinculou "do ambiente volátil" - na sua definição - de projetos do governo federal em que estava envolvido. Na visão dele, um legado social duradouro não pode depender exclusivamente do poder público - que, no Brasil, muda de gestão de quatro em quatro anos e cerceia qualquer intenção de continuidade. "Para tocar grandes projetos, de décadas, é preciso montar modelos mais livres. Implementamos uma ideia de Núcleo em que há a parcela do mundo público e outra do mundo privado. Que o administrador público possa emergir nesse processo e entender que ele dá ritmo as coisas, mas de forma mas fluida, sem armadilhas", diz.
Para a tarefa, Takahashi e Roitman convocaram Leonardo Lazarte, professor do Departamento de Matemática, e Marcos Formiga, professor cujo trabalho no Laboratório Estudos do Futuro guarda identificação com o n-FUTUROS.
Projetos - O primeiro exemplo de projeto traz o codinome interno e provisório de UnB Bike, cuja implantação envolve o esforço da UnB e do Governo do DF. Envolvendo conceitos de mobilidade e sustentabilidade, o UnB Bike disponibilizará bicicletas para a comunidade se locomover entre três grandes estações, no Campus Darcy Ribeiro, Rodoviária do Plano Piloto e Parque da Cidade - abarcando, respectivamente, o público universitário, regiões periféricas ao Plano Piloto e o turismo no Eixo Monumental.
Tadao Takahashi considera a execução "muito rápida", prescindindo agora da aprovação do Governo do DF. "Os projetos têm de se consolidar como algo que funcione fora do próprio Núcleo. Olhamos os parceiros ideais, articulamos e alavancamos, mas quando o projeto entra em funcionamento, nos retiramos", explicou Takahashi. "É um paradoxo, eu sei, mas acredito que só assim conseguiremos ações duradouras e desvinculadas de gestões", complementou.
Nesse processo de articulação, o n-FUTUROS capacita trabalhadores do setor público para que prossigam o trabalho. "Se o núcleo quer ensinar as coisas, então tem de ensinar de forma que seja criada uma rede de participação autônoma", resume.
Já o Centro de Multimídia da UnB (também um codinome provisório) funcionará como facilitador e agregador de informação dentro de toda a academia. O grupo pretente gerar um modelo que permita que algumas funções se tornem comuns a todos que trabalhem com mídias digitais. Um arquivo eletrônico presente em pontos dos campi em que se jogue conteúdos. "Cada área trabalha como se estivesse sozinhas, mas não está. Pelo contrário, as informação podem estar acessíveis à Biblioteca e aos centros de comunicação e informação", explica Tadao. O n-FUTUROS ajudará na montagem e otimização do centro, atuando com independência dos órgãos e com administração própria.
Ainda no ambiente da UnB, o núcleo pretende um inovador projeto de prospecção de cenários de futuro. Em plena comemoração do jubileu da Universidade, o projeto, de codinome UnB 2030, agregará diversas áreas para planejamento do que se ambiciona na comemoração dos 70 anos da instituição, em 2032. Como exemplo, o grupo cita os três campi construídos nos últimos anos. "Recém-construídos, os três têm um futuro ainda imprevisível. A pergunta a se responder é, olhando 20 anos para frente, qual a presença da UnB nas cidades satélites e entorno do DF".
Tadao Takahashi entende que o UnB 2030, bem como tudo que o n-FUTUROS pode abarcar, vem no momento exato, em que nova reitoria assume e o projeto de expansão está em curso. "Conversamos com o reitor Ivan Camargo e a recepção foi muito grande. Mostramos a ele como o próprio núcleo pode capacitar alunos e docentes da UnB. Ao propor cenários de futuro, estamos dizendo que queremos uma Universidade que pertença ao seu próprio século, não ao passado, e ele é receptivo a isso", afirma Takahashi, observando ser decisivo o entendimento da tecnologia de informação e comunicação junto aos jovens.
Para 2013, o núcleo dispõe de cerca de sete bolsas para estudantes de graduação, número que já foi maior, mas o momento de maturação pede mais objetividade no trabalho realizado.
(Agência UnB)
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