5 de janeiro de 2013

Cidade de São Paulo: Pelo terceiro ano, desempenho de aluno em matemática recua


Estudante de 14 anos tem conhecimento que se espera de uma criança com dez anos de idade
Notas de português têm melhorado na rede municipal, segundo resultado preliminar da Prova São Paulo 2012
FÁBIO TAKAHASHIDE SÃO PAULO, Folha de SP, 5/1/2013

O desempenho em matemática dos alunos que se formam nas escolas municipais de São Paulo sofreu ano passado a terceira piora seguida na avaliação da própria rede.
Assim, o estudante da nona série do ensino fundamental (alunos com 14 anos) possui conhecimento equivalente ao que se espera para um da quinta série (de 10 anos).
Já em português, a tendência nos dois últimos anos na rede é de melhoria.
Folha teve acesso aos resultados preliminares da Prova São Paulo 2012, avaliação aplicada pela prefeitura. O ano passado foi o último da gestão Gilberto Kassab (PSD).
A média dos alunos em matemática do nono ano recuou nove pontos desde 2009, chegando a 228 (escala até 500).
Para essa série, o ideal é que a nota seja 72 pontos maior (30% superior), segundo analistas consultados pela ONG Todos pela Educação.
O sistema municipal de São Paulo possui mais de 450 mil alunos no ensino fundamental, o equivalente a 30% das matrículas na cidade.
AVANÇOS
De positivo, a Prova São Paulo mostra que houve forte melhora dos alunos da terceira série (faixa de oito anos), tanto em português quanto em matemática.
Na matéria de exatas, a média subiu 18 pontos em apenas um ano, chegando a 155.
Considerando os demais estudantes, houve avanço em português entre 2010 e 2012.
Um dos problemas que afetam o ensino da matemática é a carência de professores na área, o que pode levar ao aproveitamento de docentes com formação deficitária.
Educadores da rede dizem ainda que as gestões José Serra (PSDB) e Kassab priorizaram a alfabetização dos alunos e que não houve programas incisivos para a matemática.
Em 2006, a prefeitura criou o Ler e Escrever, programa que prevê formação de professores e materiais didáticos para melhoria da alfabetização.
"Só recentemente começaram programas para matemática", disse João de Souza, presidente do sindicato de diretores e coordenadores. "Faz sentido melhorar a alfabetização, porque ela dá base para tudo. Mas, na situação que estamos, não podemos deixar nenhuma área de lado."
Na avaliação da antiga gestão Kassab, foram feitas melhorias na rede que permitirão um avanço rápido nas médias nos próximos anos.
Entre elas, diz, a construção de escolas, que permitiu praticamente eliminar o "turno da fome" -turmas intermediárias entre o período matutino e vespertino, que deixavam todos com jornada menor.
Segundo dados da prefeitura, 71% das unidades possuíam esse turno em 2005, número que foi reduzido para 4% no ano passado.
Também são apontadas a introdução do currículo escolar, novos materiais didáticos e política de reajuste salarial.
REVISÃO
Oficialmente, nem os dados de 2011 da prova foram divulgados. A gestão Kassab apontou inconsistências nos resultados anteriores, pois haviam saltos de um ano para outro.
As médias obtidas pela Folha passaram por revisão técnica de um especialista externo contratado pela prefeitura, mas a reportagem não teve acesso às explicações do que foi feito para a correção.


Gestão Haddad quer reduzir número de exames
DE SÃO PAULOA gestão Fernando Haddad (PT) aponta como uma das metas na educação fazer com que as avaliações sejam mais bem utilizadas nas escolas.
A percepção é a de que diretores, professores e alunos recebem muitas informações, que têm sido pouco utilizadas na melhoria do ensino. Para pesquisadores, o problema é comum na maioria dos sistemas de ensino do país.
Além da Prova São Paulo, aplicada anualmente a alunos do ensino fundamental, a rede municipal paulistana também participa da Prova Brasil, do governo federal, e de avaliações específicas referentes à alfabetização.
A atual gestão avalia, preliminarmente, que pode haver uma sobrecarga de provas em cima dos alunos.
Segundo a Folha apurou, o secretário da Educação, Cesar Callegari, inclusive analisará se diminuirá o número de exames -deixando, por exemplo, de participar da avaliação federal ou extinguindo a Prova São Paulo.
A princípio, o exame municipal serviria a partir de 2012 como base para pagamento de bônus por desempenho aos professores da rede. De acordo com a gestão Gilberto Kassab (PSD), a proposta não se concretizou porque não houve consenso para definir indicadores para o ensino infantil (que não participa do exame).
Em nota, a Secretaria da Educação informou que, ao menos por ora, todos os programas estão mantidos, inclusive a Prova São Paulo.
Callegari não foi encontrado ontem para comentar os dados referentes ao último ano da gestão Kassab.
Uma das promessas de Haddad é melhorar os indicadores educacionais da rede. Dados divulgados no ano passado pelo Ministério da Educação apontam que a rede municipal paulistana não bateu as metas estabelecidas pela União para 2011.
As médias de 2012 da Prova São Paulo ainda poderão sofrer pequenas alterações.
Isso porque os resultados preliminares não consideram os alunos com deficiência. Não há previsão para a divulgação oficial. (FT)

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