5 de agosto de 2013

Mulheres sofrem mais violência dentro de casa, aponta pesquisa

No levantamento, 70% dos entrevistados disseram acreditar que é no lar que elas são agredidas

  • Vítimas não separam dos maridos por medo de serem assassinadas em 58% dos casos
MARCELLE RIBEIRO (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)
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A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Polí­ticas para as Mulheres da Presidência da República
Foto: Gustavo Miranda / Agência O Globo
A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Polí­ticas para as Mulheres da Presidência da República Gustavo Miranda / Agência O Globo
SÃO PAULO — Para a maior parte dos brasileiros, a casa é o local onde as mulheres mais sofrem violência, segundo pesquisa do Data Popular e do Instituto Patrícia Galvão divulgada nesta segunda-feira. E metade da população considera que é dentro de sua própria casa que as mulheres se sentem mais inseguras.
No levantamento, 70% dos entrevistados disseram acreditar que é no lar — mais que em espaços públicos — que as as mulheres são vítimas. Segundo a pesquisa, a percepção da população brasileira é de que os crimes contra as mulheres têm aumentado nos últimos cinco anos: 89% dos que responderam disseram ter percebido um crescimento do número de agressões e 88% do de assassinatos. As agressões contra mulheres e os estupros estão entre os crimes percebidos como recorrentes no Brasil, atrás apenas de assassinatos e roubos.
Para a ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, faltam delegacias especializadas no atendimento às mulheres no Brasil.
— O número de delegacias para atender mulheres não chega a 600 no Brasil. E as que existem precisam de pessoal qualificado para atender melhor, precisam de psicólogos e assistentes sociais. Não basta ter apenas delegado e escrivão — disse a ministra.
Na opinião de 85% das pessoas ouvidas na pesquisa, as mulheres que denunciam seus maridos correm mais riscos de serem mortas por ele. Para os entrevistados, as mulheres não se separam dos agressores principalmente porque têm vergonha de que outras pessoas saibam que elas são vítimas de violência (66%) e porque têm medo de serem assassinadas (58%). Outros motivos muito citados foram o pensamento nos filhos (49%) e a dependência econômica do marido (47%). Só 8% acham que a separação não acontece porque as mulheres "gostam de apanhar".
O Data Popular e o Instituto Patrícia Galvão ouviram 1501 homens e mulheres maiores de 18 anos de idade em mais de cem cidades do país entre 10 e 18 de maio deste ano. Mais da metade disseram conhecer uma mulher agredida que já foi agredida pelo parceiro (54%) ou um homem que agrediu a parceira (56%).
A ideia de que "mulher que apanha porque provoca" é ultrapassada: apenas 17% dos ouvidos na pesquisa concordam com ela. Para 86% das pessoas ouvidas, "quem ama não bate". E só 9% acham que bater na parceira pode ser errado, mas não deveria ser crime.
A Lei Maria da Penha já está bastante conhecida entre os brasileiros: só 2% dos entrevistados disseram nunca ter ouvido falar nela. Para 86% as mulheres passaram a denunciar mais os casos de violência doméstica depois que a legislação entrou em vigor. E 57% acreditam que um número maior de homens passou a ser punido por agredir mulheres.
No entanto, para a maioria as agressões e assassinatos contra as mulheres não são punidos nunca ou quase nunca. Metade dos ouvidos no levantamento acreditam que a forma como a Justiça pune não faz a violência contra as mulheres diminuir. Na opinião de 85%, a punição aplicada pelo Judiciário a homens que matam suas parceiras não é adequada, principalmente porque ele é lento e estabelece penas pequenas.
Para 69% dos entrevistados, a violência contra a mulher não é algo que acontece apenas em famílias pobres. Em todas as classes sociais, a maioria dos entrevistados disse conhecer vítimas.
Só 40% das pessoas ouvidas conhecem o número de telefone gratuito para ajudar mulheres vítimas de violência e apenas 20% disseram, espontaneamente, que esse número era o 180.


 http://oglobo.globo.com/pais/mulheres-sofrem-mais-violencia-dentro-de-casa-aponta-pesquisa-9356667#ixzz2b7LDOFMj 

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