8 de outubro de 2013

30% dos cursos de humanas recebem nota baixa em prova



Maioria dos cursos com nota máxima no Enade em 2012 é da rede privada; cenário era inverso há três anos
Graduações como ciências econômicas, direito e administração tiveram desempenho abaixo da média geral
FLÁVIA FOREQUEDE BRASÍLIA, Folha de S.Paulo, 8/10.2013

Cerca de um em cada três cursos avaliados pelo Enade em 2012, de áreas sociais, humanas e afins, teve desempenho insatisfatório no exame.
A prova, obrigatória, é aplicada aos formandos no final da graduação. Trata-se do maior peso no índice criado para medir a qualidade do ensino superior, privado e público --apesar de ausências, como a USP.
Participaram do Enade 536 mil alunos do penúltimo e último semestres dos cursos, agrupados em 6.306 unidades de graduação. Dessas, 29,92% receberam notas 1 ou 2, consideradas insatisfatórias --a nota vai de 1 a 5.
Em 2009, quando esses mesmos cursos foram analisados, o percentual foi de 24,9%. A avaliação é feita em ciclo de três anos. É com base na comparação que o governo adota medidas como congelamento de vagas ou proibição de vestibular.
Foram avaliados 16 cursos, entre bacharelados e tecnológicos, como jornalismo, turismo e gestão comercial.
Graduações como ciências econômicas, direito e administração tiveram desempenho abaixo da média: neles, o percentual de cursos insatisfatórios foi de 39,45%, 33% e 35,8%, respectivamente.
Já psicologia teve resultado superior à média: apenas 16,6% tiveram nota ruim.
Apesar do crescimento percentual de cursos de má qualidade, houve aumento dos bem-avaliados. Há quatro anos, 48,5% tiraram 3, 4 ou 5 --satisfatório ou de excelência. Em 2012, foram 68,3%.
REDE PRIVADA
Mais da metade dos cursos cujos alunos receberam nota máxima em 2012 são oferecidos pela rede privada.
Do total de cursos cujos alunos tiveram pontuação mais alta (339), 56,3% (191) estão na rede privada enquanto 43,7% (148) são de instituições públicas.
Em 2009, esse cenário era inverso: de 309 cursos, 44,7% (138) eram privados e 55,3% (171), públicos.
Os cursos com a nota máxima (5), no entanto, têm participação muito maior na rede pública: eles representam 17% do total ofertado por essa rede. Já nas particulares, esse percentual é de 3,5%.
Entidades que representam o setor particular criticam o Enade e o peso que ele tem na decisão de punir cursos de má qualidade.
Presidente do Anaceu (Associação Nacional dos Centros Universitários), Paulo Gomes Cardim afirma que é necessário punição mais rigorosa aos alunos que não fazem o Enade, uma vez que isso tem impacto importante na avaliação das instituições.

ANÁLISE - ENADE
Com mais cursos avaliados, dedicação à prova ainda é duvidosa
Ensino superior teve bom crescimento e Enade está ganhando mais força, mostram dados da avaliação
NA AVALIAÇÃO DAS ESCOLAS PARTICULARES, A FALTA DE COMPROMISSO DOS ALUNOS QUE FAZEM O ENADE PREJUDICA A AVALIAÇÃO
SABINE RIGHETTIDE SÃO PAULOO número de cursos de humanas avaliados no Enade aumentou cerca de 40% desde 2009, quando o exame foi aplicado nesses cursos.
Há três anos, 26,6% dos então 6.804 cursos de graduação em humanas do país ficaram "sem conceito".
Isso significa que quase 1/3 desses cursos eram tão novos que ainda não tinham suficientes turmas formadas para fazer as provas do Enade.
SEM CONCEITO
Nesta edição, 130 dos 7.228 cursos de humanas ficaram "sem conceito".
Os dados mostram que o ensino superior teve um bom crescimento. É algo esperado para um país em que só 14% da sua população em idade universitária (18 a 24 anos) está nas salas de aulas.
Mostram também que o Enade está ganhando mais força. Mas fazer a prova não significa dedicar-se a ela.
O problema, dizem as escolas particulares, é que a falta de compromisso dos alunos que fazem Enade prejudica a avaliação das escolas.
"[Os estudantes] podem dar respostas com receitas de bolo", descreve uma carta enviada pelo Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular ao MEC há menos de um mês.
Enquanto a nota do Enade não tiver a mesma importância que a do Enem, que avalia ensino médio, a validade da prova segue questionável.


Enade: 30% dos cursos de ensino superior têm desempenho insuficiente

Graduações que tiraram nota 1 e 2 - a máxima é 5 - no exame poderão ter seus vestibulares suspensos, diz Mercadante; veja lista completa com resultados

07 de outubro de 2013 | 14h 18

Rafael Moraes Moura - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O Ministério da Educação divulgou na tarde desta segunda-feira, 7, a lista com os resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), mostrando as notas dos  7.228 cursos de 1.646 instituições de ensino superior avaliados na edição de 2012. Participaram 536 mil estudantes concluintes, do penúltimo e último semestre de seus respectivos cursos, e cerca de 30% deles apresentaram resultado insatisfatório, com notas 1 e 2 (de um teto de 5), informou na manhã o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Veja a tabela completa neste link:http://migre.me/giNkb
O Enade é um teste do governo federal que serve para avaliar redes de ensino, públicas e privadas. AA cada três anos, o Ministério da Educação (MEC) aplica o Enade para um mesmo conjunto de cursos. Ao todo, dez cursos de bacharelado (administração, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito, psicologia, relações internacionais, secretariado executivo e turismo) e seis que conferem diploma de tecnólogo (gestão comercial, gestão de recursos humanos, gestão financeira, logística, marketing e processos gerenciais) foram avaliados no Enade 2012.
"Conseguimos que quase todos os estudantes que estão sendo avaliados participassem da prova, o que é muito importante para os seus respectivos cursos. O sistema avançou em direção à qualidade, mais instituições, de forma expressiva, na nota 5, na nota 4, e na nota 3. Ainda temos uma parcela de cerca de 30%, principalmente faculdade isoladas, com nota insuficiente. Vamos ser rigorosos na exigência de qualidade", afirmou Mercadante. "O ensino público continua bem superior ao privado, mas tivemos neste ano grande crescimento em direção à excelência nas privadas."
Em 2009, ano em que o mesmo grupo de cursos foi avaliado, o porcentual de cursos com desempenho abaixo da média (notas 1 e 2)  foi de 24,9%. Para o ministro, no entanto, o aumento na quantidade de cursos com desempenho insatisfatório deve-se à diminuição na quantidade de cursos sem conceito avaliados pelo Enade: em 2009, 26,6% dos cursos avaliados não apresentaram uma nota final, em virtude da não formação de turmas ou boicote dos estudantes. A quantidade de cursos sem conceito diminuiu para 1,8% na edição de 2012 do Enade.
Os cursos que tiraram nota 1 e 2 poderão ter seus vestibulares suspensos, observou o ministro. O desempenho global dos estudantes no Enade (a prova e o questionário respondido pelos alunos) tem um peso da ordem de 70% na avaliação final no Conceito Preliminar de Curso (CPC), que é um indicador prévio da situação dos cursos de graduação no País. O MEC pretende divulgar em novembro o CPC dos cursos que participaram do Enade 2012. O Conceito Preliminar de Curso é composto por diferentes variáveis, como a qualidade de infraestrutura, recursos didático-pedagógicos, corpo docente e o próprio Enade.
A quantidade de cursos com conceito 5 (nota máxima) no Enade aumentou de 1,0% para 5,4%, entre 2009 e 2012. No mesmo intervalo, os cursos com conceito 4 saltaram de 9,7% para 19% e os cursos com conceito 3, de 37,8% para 43,9%.
Enade 2013. O próximo Enade vai ser aplicado no dia 24 de novembro. Deverão participar da prova cerca de 200 mil estudantes de 4.916 cursos da área de ciências de saúde e agrárias. Pela primeira vez, a USP participará em caráter experimental do exame, em caráter amostral.
Para evitar boicote dos estudantes, o MEC vai passar a exigir que os alunos que forem submetidos ao exame fiquem pelo menos uma hora na sala de prova durante a aplicação.

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