Artigo de Roberto Lobo publicado no Estado de S.Paulo
O novo ranking Quacquarelli Symonds (QS), publicação inglesa, de 2014 colocou pela primeira vez a USP abaixo do topo das instituições de ensino superior da América Latina. A líder agora é Pontifícia Universidade Católica do Chile, uma excelente instituição.
A análise feita pela própria agência avaliadora cita uma importante razão da perda da hegemonia da USP no ranking latino americano: o número de citações por artigo e o impacto dessas mesmas publicações, embora o número de publicações por docente continue sendo significativa.
Repetidamente temos alertado que as universidades brasileiras não apresentam bons resultados no impacto de suas publicações, nem no número de citações internacionais por artigo. A USP não foge a esse modelo. Em muitas áreas, e não só na educação superior, o Brasil está aumentado seu peso internacional não pelo aumento da densidade, mas em consequência do aumento do volume, quando o ideal é conciliar os dois atributos: crescer com qualidade. Nossos indicadores globais melhoram, mas nossos indicadores per capita continuam sofríveis. Não podemos nos satisfazer com metas numéricas quantitativas de mais fácil alcance.
Volta-se à questão: o que o Brasil espera da USP? Qualidade, quantidade, excelência (estar entre as melhores 50 do mundo), atender às muitas demandas políticas, internacionalizar-se ou seguir as regras do corporativismo e da xenofobia que parecem estar se acentuando em nosso país? Uma coisa ela não poderá ser: tudo ao mesmo tempo!
Uma avaliação institucional que valorizasse efetivamente o impacto da produção científica dos docentes seria o primeiro passo para corrigir essa deficiência no nível individual e com consequências coletivas. O mesmo vale para as avaliações governamentais.
Roberto Lobo é ex-reitor da USP
(Estado de S.Paulo / Blog Roberto Lobo)
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