Instituições privadas menores respondem hoje por 57,7% das matrículas; no final dos anos 1990 não chegavam a 42%
As faculdades vêm, nos últimos anos, puxando o crescimento do setor privado no ensino superior. Ao lado de centros universitários, essas instituições respondem hoje por quase 58% das matrículas privadas. No final dos anos 1990, o índice era de pouco menos de 42%.
A comparação faz parte de estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) sobre a estrutura do setor, feito em abril a pedido da Fenep (federação das escolas privadas).
"A mudança de composição, em favor de instituições menores e mais especializadas, viabilizou a continuidade da interiorização do ensino superior privado", diz trecho do levantamento.
Os pré-requisitos para o funcionamento de faculdades são menores em comparação aos demais tipos de instituições: não é exigido, por exemplo, o desenvolvimento de pesquisa e extensão.
"Elas são espaços de formação profissional, não têm em si a pretensão de desenvolver novos conhecimentos, como a universidade", afirma Lalo Watanabe Minto, doutor em educação pela Unicamp e professor da Unesp de Marília (SP).
Para Amábile Pacios, presidente da Fenep, essa expansão permitiu o acesso de classes de menor poder aquisitivo ao ensino superior. Sem a necessidade de número expressivo de laboratórios e outros equipamentos, o preço das mensalidades fica mais acessível, afirma.
FINANCIAMENTO
A adesão a programas federais como Prouni (bolsa para alunos de baixa renda) e Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) também contribui para as finanças das instituições. O primeiro permite isenção fiscal às particulares; o segundo reduz os riscos de inadimplência.
"Para nós, é uma política interessante", afirma Volnei Presser, um dos sócios fundadores da Fasurgs (Faculdade Especializada na Área de Saúde do Rio Grande do Sul), instalada em Passo Fundo (RS), município a cerca de 300 km de Porto Alegre.
Fundada em 2009, a instituição oferece até o momento somente o curso de odontologia. Dos 344 estudantes da graduação, cerca de 40% são beneficiários de Prouni e Fies.
Minto aponta ainda outro fator que contribuiu para essa expansão: a demanda pelo ensino à distância.
Em 2002, essa modalidade reunia pouco mais de 6,3 mil matrículas no setor privado. Em 2012, dado mais recente, atingiu 932,2 mil, o que corresponde a 18,1% do total da fatia do setor. As faculdades, no entanto, são as mais atingidas pelas medidas punitivas adotadas pelo Ministério da Educação.
Em 2013, dos 270 cursos impedidos de realizar vestibular devido a desempenhos insatisfatórios em duas avaliações sucessivas, 80% eram de faculdades. Para a presidente da Fenep, isso não representa uma qualidade inferior dessas instituições, mas uma distorção do modelo de avaliação adotado pelo governo federal.
A principal crítica do setor privado recai sobre o peso do Enade no CPC (Conceito Preliminar de Curso). O desempenho dos alunos na prova representa 55% do indicador de qualidade das graduações.
(Folha de São Paulo)
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário