Comissão de Educação da Câmara dos Deputados realizou audiência pública sobre os dez anos do projeto Mova-Brasil
A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados destacou, em audiência pública nesta terça-feira (10), os dez anos do projeto Mova-Brasil, inspirado no Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos, criado pelo educador Paulo Freire. O Mova-Brasil já alfabetizou 246.571 brasileiros por meio do método que usa a realidade local como subsídio para o desenvolvimento dos alunos.
Segundo a secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (MEC), Macaé Maria Evaristo dos Santos, o combate ao analfabetismo só é possível por meio de uma política de Estado. Ela salientou a importância de estar atento às diferenças regionais, uma das diretrizes do Mova-Brasil.
"Temos municípios com taxas de analfabetismo inferiores a 4%, porém temos outros, principalmente no meio rural, com índices muito mais altos. Portanto, o desafio de garantir que a escolarização chegue a todos é muito grande", disse. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa média de analfabetismo no Brasil é de 8,7%.
Pobreza
Desde sua criação, o Mova-Brasil, desenvolvido pelo Instituto Paulo Freire (IPF) em parceria com a Petrobras e a Federação Única dos Petroleiros (FUP), abriu mais de 9 mil turmas e mais de 10 mil alfabetizadores em 1.442 municípios de 11 estados, principalmente na Região Nordeste. A ideia é priorizar as localidades mais pobres para instalação de seus núcleos de alfabetização.
Judite Sales de Araújo, de 44 anos, foi alfabetizada pelo projeto. Ela, que tem dez irmãos, trabalhava na lavoura e começou a ser alfabetizada há apenas três anos em Natal (RN), após ser incentivada por uma vizinha. "Ainda hoje a professora [que a alfabetizou] me liga incentivando a continuar meus estudos", contou Judite, que já está no sétimo ano do ensino fundamental e sonha em chegar à universidade.
O Mova-Brasil começou em 2004 na Bahia, no Ceará, no Rio Grande do Norte, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Depois se expandiu para Sergipe e, desde 2006, chegou a Pernambuco, Paraíba, Amazonas e Minas Gerais. Neste ano, foi a vez do Maranhão ganhar turmas.
PNE
Para a presidente da Comissão de Educação, deputada Fátima Bezerra (PT-RN), o combate ao analfabetismo ganha força com a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE - PL 8035/10). "É o momento de celebrar as conquistas, mas também de registrar experiências para as diferentes gerações e debater como podemos avançar nessa luta", ressaltou.
O PNE estabelece 20 metas e mais de 200 estratégias para o setor no Brasil nos próximos dez anos. Entre as medidas, está a de que até 2024 o País terá de investir o equivalente a 10% do PIB na educação. O projeto está para ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff.
(Agência Câmara)
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