Pesquisador americano prega método qualitativo, que considere realidade local
Rankings e índices pautados em avaliações tradicionais não são um bom parâmetro para medir o nível de aprendizado. A opinião pouco ortodoxa é do avaliador Michael Quinn Patton, americano que visita o Rio e participou nesta segunda-feira de um seminário sobre "As dez maiores tendências da avaliação qualitativa", realizado na sede da Fundação Roberto Marinho. Para o pesquisador, mesmo as redes sociais podem servir como uma importante fonte de análise para testar conhecimentos, embora não se deva prescindir de análises feitas no lugar de estudo, por meio de entrevistas e observação das peculiaridades locais. O encontro foi transmitido on-line para educadores que participam de capacitações feitas pelo programa Telecurso.
- As redes sociais servem como fonte e compartilhamento de dados que auxiliam na análise - afirma Patton, que chama a atenção para a compreensão do contexto em que se inserem os alunos: - Não há números sem história, não há história sem números. Precisamos entender o contexto de onde os dados são tirados.
RANKINGS SÃO PROBLEMA
Para a secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, Helena Bomeny, a junção da análise quantitativa (dominante hoje nos sistemas educacionais) com a qualitativa é fundamental para uma melhor atuação das escolas.
- Não há secretaria que faça um bom trabalho sem avaliar quantitativamente e qualitativamente. Com essa informação, pode-se trabalhar de forma localizada para atender a demanda de cada aluno - descreve.
Vilma Guimarães, gerente-geral de educação da Fundação Roberto Marinho, concorda que restringir a avaliação a colocações num ranking é prejudicial para a análise:
- Rankings não contribuem porque comparam o incomparável. Além disso, é desmotivador para um aluno e para uma escola se ver em último lugar.
Patton sustenta que avaliações servem para diferentes esferas da sociedade e devem ser marcadas pela independência do avaliador e pelo foco nas particularidades dos entes analisados.
- Brinco que quem avalia é uma espécie de bobo da corte. Falamos a realidade, e, muitas vezes, ela não é boa de se ouvir - compara.
O americano crê que, para uma boa avaliação, é necessário observar, entrevistar quem está envolvido e analisar a documentação relacionada. Só a partir desse trabalho mais aprofundado é que são indicadas tendências.
Para o pesquisador da Laboratório de Lógica Fuzzy da Coppe-UFRJ Francisco Antônio Doria, essas tendências podem servir para compreender desde comportamentos sociais até o público-alvo de um estilo de roupa, por exemplo.
- A partir desse princípio de unir o quantitativo com o qualitativo, já fizemos um algoritmo que mapeia dados para identificar tendências de moda e, depois, sugerir quantas peças devem ser produzidas para aquele estilo. É um sistema que pode servir de forma ampla - analisa.
DADOS, SIM; CONTATO HUMANO TAMBÉM
Antonio Morim, também pesquisador do LabFuzzy, afirma que o desafio reside em transformar a emoção em dados:
- Nosso objetivo é mostrar a emoção, as transformações educacionais de uma realidade em dados para usarmos como ferramenta. A entrevista, o humano e o gesto continuam fundamentais para avaliar.
Patton acredita que é exatamente a mescla de diferentes métodos que fornece melhores resultados:
- Somente através do cruzamento de diferente informações é que nos aproximamos da realidade.
(O Globo)
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