Online | RJ, Extra, 3/6/2013
RIO - A primeira visão de quem chega ao Rio, pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim, é a do Complexo da Maré, o maior conjunto de favelas do Rio. Às vésperas de receber a 31ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), a ocupação do complexo representa um desafio para a Secretaria estadual de Segurança. O Rio Como Vamos (RCV) reconhece o mérito da empreitada, mas considera importante analisar o contexto atual da educação na Maré, porque acredita que seu aprimoramento, aliado às demais ações de pacificação, poderá ser uma arma eficaz no controle da violência.Segundo o Censo 2010, a população da Maré cresceu 14% na última década, quase o dobro da cidade (7,9%) e mais do que o dobro (6,3%) do Complexo do Alemão. Praticamente a metade (45%) dos moradores da região é de crianças, adolescentes e jovens. O complexo tem 130 mil habitantes, espalhados por 16 comunidades.
Na educação infantil, indicadores do RCV mostram uma melhora significativa nos últimos três anos na Maré. Mas o RCV alerta para o alto percentual (quase 80%) de crianças ainda fora da escola. Mesmo com a cobertura de pré-escola, para meninos de 4 e 5 anos, tendo crescido: de 3,7%, em 2010, para 22%, em 2011. As matrículas em creches conveniadas com a prefeitura também aumentaram: de 521, em 2010, para 873, em 2011. O Rio Como Vamos lembra que uma nova lei federal obriga os pais a matricular na pré-escola crianças com 4 anos (e não mais com 6), a partir de 2016. Estados e municípios têm três anos para garantir oferta de vagas na educação infantil.
No ensino fundamental, a situação é preocupante. Números revelam uma estagnação nos indicadores de atraso escolar na Maré, com índices entre 26% e 28%, em 2009 e 2011. O abandono escolar manteve-se em 4,5%, e a reprovação permaneceu em 13% até 2011. As notas do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), de 2009 a 2011, permaneceram bem abaixo da média da cidade, o que, segundo o RCV, talvez reflita os efeitos da violência sobre as escolas e as crianças.
A violência na Maré acaba repercutindo no desempenho dos alunos, avalia Eduardo Alves Fernandes, coordenador da 4ª CRE (Coordenadoria Regional de Educação), da Secretaria municipal de Educação. Segundo ele, a aplicação da Prova Brasil, em 2011, aconteceu em meio a um tiroteio. As aulas, acrescenta Fernandes, já foram suspensas por até 30 dias, em virtude de confrontos.
- A boa nova foi a recente inauguração de um EDI (Espaço de Desenvolvimento Infantil), um Ceja (Centro de Educação de Jovens e Adultos) e uma Casa de Alfabetização (do 1º ao 3º ano). E cresce a perspectiva de que a região seja contemplada com mais unidades, aumentando o número de escolas de horário integral - diz Fernandes.
Redes: ações pela educação
No ensino médio, a boa notícia vem dos indicadores de reprovação na Maré, que recuaram de 24%, em 2009, para 15%, em 2011 (de 188 para 110 alunos). Porém, o atraso escolar merece mais atenção: 71% dos alunos frequentaram, em 2011, séries inadequadas às suas idades. Preocupam ainda os 30% de estudantes que abandonaram a escola em 2011, além dos 7,5 mil jovens e adultos analfabetos identificados pelo Censo 2010.
Ainda quanto ao ensino médio, o secretário estadual de Educação, Wilson Risolia, afirma que, um levantamento apontou as regiões com sobra e falta de vagas:
- Com base nesse estudo, estão sendo previstas novas unidades.
Uma das peculiaridades da Maré é a intensa atividade social em suas favelas, que abrigam organizações conhecidas, como a Redes da Maré. Eliana Sousa Silva, diretora da ONG, destaca a importância do trabalho que vem sendo feito na educação, há onze anos, pela Redes:
- O pré-vestibular comunitário já encaminhou mais de 900 pessoas ao ensino superior. Para o segmento infanto-juvenil, temos o preparatório para o 6º ano, reforço escolar, oficinas de arte, dança e música.
Qualidade de vida
Movimento acompanha dez áreas
O Rio Como Vamos (RCV) acompanha a qualidade de vida do carioca em dez áreas: saúde; transporte; educação; segurança pública; pobreza e desigualdade social; meio ambiente; lazer e esporte; saneamento básico; inclusão digital; trabalho, emprego e renda. Os resultados são publicados mensalmente no GLOBO e no site do RCV. O Rio Como Vamos é apartidário e tem o apoio de Fecomércio, Firjan, Associação Comercial, Observatório de Favelas, Iser, Cedaps, CDI, Idac, Ethos, Instituto do Trabalho e Sociedade, Santander, Grupo Libra, Fundação Avina, Light, Metrô Rio, UTE Norte Fluminense, KPMG, OnBus Digital, Instituto Invepar, The Climate Works e Vale.
Na educação infantil, indicadores do RCV mostram uma melhora significativa nos últimos três anos na Maré. Mas o RCV alerta para o alto percentual (quase 80%) de crianças ainda fora da escola. Mesmo com a cobertura de pré-escola, para meninos de 4 e 5 anos, tendo crescido: de 3,7%, em 2010, para 22%, em 2011. As matrículas em creches conveniadas com a prefeitura também aumentaram: de 521, em 2010, para 873, em 2011. O Rio Como Vamos lembra que uma nova lei federal obriga os pais a matricular na pré-escola crianças com 4 anos (e não mais com 6), a partir de 2016. Estados e municípios têm três anos para garantir oferta de vagas na educação infantil.
No ensino fundamental, a situação é preocupante. Números revelam uma estagnação nos indicadores de atraso escolar na Maré, com índices entre 26% e 28%, em 2009 e 2011. O abandono escolar manteve-se em 4,5%, e a reprovação permaneceu em 13% até 2011. As notas do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), de 2009 a 2011, permaneceram bem abaixo da média da cidade, o que, segundo o RCV, talvez reflita os efeitos da violência sobre as escolas e as crianças.
A violência na Maré acaba repercutindo no desempenho dos alunos, avalia Eduardo Alves Fernandes, coordenador da 4ª CRE (Coordenadoria Regional de Educação), da Secretaria municipal de Educação. Segundo ele, a aplicação da Prova Brasil, em 2011, aconteceu em meio a um tiroteio. As aulas, acrescenta Fernandes, já foram suspensas por até 30 dias, em virtude de confrontos.
- A boa nova foi a recente inauguração de um EDI (Espaço de Desenvolvimento Infantil), um Ceja (Centro de Educação de Jovens e Adultos) e uma Casa de Alfabetização (do 1º ao 3º ano). E cresce a perspectiva de que a região seja contemplada com mais unidades, aumentando o número de escolas de horário integral - diz Fernandes.
Redes: ações pela educação
No ensino médio, a boa notícia vem dos indicadores de reprovação na Maré, que recuaram de 24%, em 2009, para 15%, em 2011 (de 188 para 110 alunos). Porém, o atraso escolar merece mais atenção: 71% dos alunos frequentaram, em 2011, séries inadequadas às suas idades. Preocupam ainda os 30% de estudantes que abandonaram a escola em 2011, além dos 7,5 mil jovens e adultos analfabetos identificados pelo Censo 2010.
Ainda quanto ao ensino médio, o secretário estadual de Educação, Wilson Risolia, afirma que, um levantamento apontou as regiões com sobra e falta de vagas:
- Com base nesse estudo, estão sendo previstas novas unidades.
Uma das peculiaridades da Maré é a intensa atividade social em suas favelas, que abrigam organizações conhecidas, como a Redes da Maré. Eliana Sousa Silva, diretora da ONG, destaca a importância do trabalho que vem sendo feito na educação, há onze anos, pela Redes:
- O pré-vestibular comunitário já encaminhou mais de 900 pessoas ao ensino superior. Para o segmento infanto-juvenil, temos o preparatório para o 6º ano, reforço escolar, oficinas de arte, dança e música.
Qualidade de vida
Movimento acompanha dez áreas
O Rio Como Vamos (RCV) acompanha a qualidade de vida do carioca em dez áreas: saúde; transporte; educação; segurança pública; pobreza e desigualdade social; meio ambiente; lazer e esporte; saneamento básico; inclusão digital; trabalho, emprego e renda. Os resultados são publicados mensalmente no GLOBO e no site do RCV. O Rio Como Vamos é apartidário e tem o apoio de Fecomércio, Firjan, Associação Comercial, Observatório de Favelas, Iser, Cedaps, CDI, Idac, Ethos, Instituto do Trabalho e Sociedade, Santander, Grupo Libra, Fundação Avina, Light, Metrô Rio, UTE Norte Fluminense, KPMG, OnBus Digital, Instituto Invepar, The Climate Works e Vale.
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