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A baixa produtividade de nossa economia, o reduzido índice de inovação tecnológica e o desconhecimento da história e do funcionamento de nossas instituições políticas têm relação direta com a precária qualidade da educação brasileira.
A internet passou a ser o centro de gravidade da sociedade ao funcionar como espaço de democratização do acesso ao conhecimento, assim como o de autoria da palavra, ao dar visibilidade a diferentes pessoas e grupos, antes desconhecidos pela sociedade. As redes sociais possibilitam a articulação de grupos heterogêneos e de mobilizações.
Esta configuração, aliada às características da sociedade contemporânea, tem levado a radicalismos de toda sorte na Europa, nos Estados Unidos e no Brasil.
Viver na era de maior potencial de comunicação da história da humanidade e, ao mesmo tempo, presenciar o vazio de pensamento propulsor de agressividade e violência, reforçado pelo isolamento dentro das comunidades virtuais, é um paradoxo contemporâneo.
A volta da ocupação das ruas por milhares de brasileiros pode ser uma oportunidade para reestabelecermos o espaço público como lócus de convivência e de interações entre singularidades e diferenças, pautados pelo diálogo.
Nesse contexto, a atual discussão sobre os conteúdos comuns que todos os brasileiros devem aprender, indicados pela Base Nacional Comum Curricular, pode ter um papel fundamental para que a sociedade valorize o conhecimento necessário para alcançarmos um desenvolvimento mais justo e sustentável.
O conhecimento abre uma janela de oportunidade e de liberdade para a ampliação das capacidades das pessoas orientarem suas vidas a partir de suas necessidades, valores, desejos e potencialidades.
O momento atual é também uma oportunidade de aprendizagem do funcionamento de nossas instituições e de debate de nossa história e do modelo de país que queremos construir. As diferentes manifestações expressam o anseio de uma ampla participação social. O desafio colocado é a abertura do diálogo, baseado na expressão das diferentes posições e apoiado em argumentos, análises e,
principalmente, uma escuta verdadeira que possibilite o entendimento do outro.
principalmente, uma escuta verdadeira que possibilite o entendimento do outro.
A saída para a crise política e econômica é complexa, exige muita responsabilidade de toda a sociedade. Uma nova agenda para o país deve conter uma visão mais ampla e consistente da atuação e do papel de nossas instituições, sob o risco de não termos as condições necessárias de implementá-la.
No médio e longo prazos, para se construir uma sociedade participante, que respeite as singularidades, é preciso investir em uma educação de qualidade, que favoreça a criatividade e o salto na produtividade do trabalho, para avançarmos nas inovações tecnológicas.
MARIA ALICE SETUBAL, a Neca, doutora em psicologia da educação pela PUC-SP, é presidente dos conselhos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária - Cenpec e da Fundação Tide Setubal. Foi assessora de Marina Silva, candidata à Presidência em 2014
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