29 de maio de 2011 Educação no Brasil | Folha de S. Paulo ANNIKA MARKOVIC A Suécia é um dos países que mais investem em educação, pesquisa e desenvolvimento, alicerces do crescimento; o Brasil pode aprender conosco Em seu encontro com o primeiro-ministro da Suécia, Fredrik Reinfeldt, a presidente Dilma anunciou um acordo que vai disponibilizar 75 mil bolsas de estudo em universidades suecas, inicialmente nas áreas de exatas e médicas. Segundo a presidente, o desenvolvimento socioeconômico e tecnológico está ligado a uma política efetiva de formação educacional. O Brasil vem demonstrando conquistas no setor educacional e a evidência de que se trata de uma área de extrema importância para o sucesso do país nos próximos anos. Segundo dados do Censo 2010, em sete anos o número de matrículas em cursos de graduação no Brasil aumentou de 3,5 milhões para 5,9 milhões. Os números são expressivos e, sem dúvida, mostram um caminho que já está sendo percorrido. Uma forma de otimizar esse caminho, no entanto, é observar exemplos de avanços na área. Em alguns meses, o ministro de Ciência e Tecnologia irá apresentar o plano para a nova política industrial do Brasil, com foco em ciência e inovação. Essa é uma área na qual a Suécia tem tido muito sucesso; a questão que o Brasil enfrenta agora é: como traduzir educação superior e pesquisa em produtos e benefícios para a economia? A Suécia, por exemplo, é um país em que o ensino gratuito sempre foi garantido a todos. O país tem forte tradição em educação pública, com 50% da sua população matriculada em algum tipo de curso educacional. Isso ajudou a criar gerações de indivíduos inovadores, o que é crucial para o conhecimento e para a economia de uma nação. Dentro desse quadro, a Suécia é um dos países que mais investem em educação, pesquisa e desenvolvimento, alicerces do crescimento econômico do país. Dois terços das pesquisas financiadas pelo governo sueco acontecem em universidades e faculdades, baseadas no modelo sueco de desenvolvimento de hélice tripla, envolvendo indústria, universidade e governo. Esse modelo tem contribuído para o desenvolvimento de um ambiente colaborativo entre diferentes âmbitos da sociedade: o governo desenvolve os parâmetros da economia, as universidades ampliam suas bases de conhecimento e as indústrias criam novos produtos, serviços ou mercados. As universidades suecas desempenham um novo papel na sociedade, não só treinando estudantes e conduzindo pesquisas, mas também verificando que o conhecimento e o capital humano são usados para o desenvolvimento econômico da sociedade. Tal modelo de hélice tripla pode servir de exemplo para o Brasil, que vive uma nova fase de desenvolvimento. Por isso, é importante ter objetivos claros para a qualificação da educação pública no país, de forma que o Brasil aumente ainda mais suas conquistas no setor. Se o país estiver interessado em compreender, com maior detalhe, o exemplo da Suécia, nós ficaríamos felizes em compartilhar nossas práticas e experiências. ANNIKA MARKOVIC é embaixadora da Suécia no Brasil. Foi também embaixadora na República das Filipinas e atuou como primeira-secretária na missão permanente sueca na ONU. |
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