30 de maio de 2011 Educação no Brasil | A Tribuna - Baixada Santista SP Bruno Lima e Patrícia Fagueiro Quantos segundos é preciso para enrolar um cigarro de maconha? E para fumá-lo? Na Rua Dom Pedro I, na Vila Belmiro, em frente à Escola Estadual Azevedo Júnior, adolescentes e jovens usuários de drogas não se preocupam com o tempo. Certos da impunidade, eles acendem os baseados, passam-nos de mão em mão e ainda ameaçam moradores que se incomodam com a marofa (cheiro) e com a algazarra. O descaso é tão grande que estar ao lado de uma escola também não os incomoda. Aliás,muitos deles são estudantes que minutos depois estarão nas salas de aula. Para apurar a denúncia, A Tribuna montou campana, no último dia 20, próximo ao colégio. E, por mais de uma hora, testemunhou o uso e um aparente tráfico de drogas na porta do Azevedo. Por questão de segurança, todas as pessoas citadas na reportagem serão identificadas com nomes fictícios. A comercialização e o consumo acontecem livrem ente por jovens, em sua maioria menores de idade, logo depois que a ronda escolar da Polícia Militar encerra suas atividades, por volta das18h45. Cinco minutos após a partida das viaturas, o local se transformou em uma verdadeira biqueira. Trouxinhas de maconha são distribuídas. Jovens de bicicleta e chinelos se misturam a adolescentes com mochilas nas costas. Alguns não aparentam ter mais de 14 anos. Reunidos em rodinhas, eles dividem a droga, sem olhar para os lados. Nada os amedronta. "Todos as noites é a mesma coisa. Eles vendem e fumam maconha antes de entrar na escola e ninguém toma uma atitude", revela Maria, que teme a violência dos viciados.E ela tem razões para isso. No último 7 de abril, um grupo de 12 adolescentes, com a presença de algumas meninas, agrediu com socos e chutes um dos seus vizinhos que reclamavam do consumo de maconha próximo à sua residência. "Eles o derrubaram no chão e, de forma covarde, o espancaram brutalmente. As garotas eram as que mais incentivavam a violência". Os estudantes, outros viciados e, segundo denúncia, até traficantes costumam se reunir também em frente a um estabelecimento comercial na mesma rua da escola e na Praça Olímpio Lima. Escola da família De acordo com João, outro morador, o problema persiste há três anos. "A impunidade étantaque eles mesmos (os usuários) nos mandam ligar no 190 da PM",diz. Nem todos os jovens que causam algazarras em frente à escola pertencem ao quadro de alunos. "Mas, nos finais de semana, todos os viciados comparecem à quadra do colégio para jogar futebol no Escola da Família (programa da Secretaria do Estado da Educação de São Paulo) e fumar maconha", garante João. Desde que A Tribuna começou a apurar as denúncias e solicitou informações à corporação militar, moradores disseram que viaturas são vistas com frequência na rua Dom Pedro I. Nas manhãs de quarta e quinta-feiras, grupos de jovens que estavam na porta da escola foram abordados e revista dos por policiais que faziam a ronda de bicicleta. Toque de recolher Dominados pelo efeito dos entorpecentes, alguns viciados chegam a ameaçar verbalmente os moradores que implicam com o consumo e o cheiro de maconha que invade suas casas. Nas últimas semanas, o receio dos moradores aumentou, pois armas de fogo foram vistas nas mãos dos usuários. Tradicional bairro de Santos e ainda reduto de muitos sobrados e casas, a Vila Belmiro é residência para muitos idosos. Os da Rua Dom Pedro I receiam sair de casa e,até mesmo,receber visitas de parentes durante a noite, com medo de atitudes agressivas dos adolescentes. "Vivemos um toque de recolher velado, na solidão de nossas casas, para não interferir na atividade desses jovens e por temer qualquer tipo de retaliação.Se saímos de casa por necessidade, nos comportamos como se nada víssemos",descreveu uma leitora de A Tribuna que, cansada dos abusos, decidiu denunciá-los, mas sob o compreensível anonimato. |
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