Docentes param aulas por causa da violência

09 de junho de 2011 Educação no Brasil | Jornal da Paraíba | Cidade | PB Os professores da Escola Municipal Chico Xavier, localizada no bairro do Bessa, em João Pessoa, realizaram ontem uma paralisação de 24 horas, por conta da violência na instituição de ensino. A decisão ocorreu, porque os educadores estão sofrendo ameaças de morte por parte de alguns alunos na unidade educacional. Pela manhã, eles estiveram reunidos com a direção da escola, pais de alunos e a polícia. À tarde, após reuniões com a secretária de Educação, Ariane Sá, e representantes da escola, os professores definiram estratégias de trabalho voltadas para alunos com problemas de indisciplina e garantiram o retorno às atividades hoje. Na pauta de reivindicação encaminhada à Secretaria de Educação de João Pessoa, professores e diretoria cobraram medidas para coibir a violência dentro da instituição. Segundo os professores, a situação é tensa dentro da unidade escolar. "Nós estamos amedrontados, os alunos nos ameaçam de morte. Como é que nós vamos continuar a lecionar se as nossas vidas correm risco?," questionou a professora Rosângela Paes. Na manhã de ontem, durante reunião com pais e diretoria, a Polícia Militar (PM) realizou rondas nas imediações da escola. As mães de alunos da escola denunciam que a situação dentro da instituição é de insegurança e que sentem medo de mandar os filhos para as aulas. "Eu já penso em pedir a transferência da minha filha para outra escola. Já cortaram os pneus e roubaram acessórios da bicicleta da minha filha, agora, eu tenho que trazer e pegar ela todos os dias, pois tenho medo que algo mais grave aconteça", declara Francinalda Gomes. A diretora da escola, Ivania Marçal, conta que alguns pais cobram a expulsão dos alunos indisciplinados, mas ela é contrária. "Eu não posso expulsar nenhum aluno, posso advertir e enviar notificação para os pais. A expulsão vai de encontro ao Estatuto da Criança e do Adolescente", afirmou. Segundo o cabo José Lins, responsável pelo patrulhamento da escola, a polícia vai intensificar as rondas no local da escola e investigar se acontece tráfico de drogas nas dependências do colégio. Ainda segundo o cabo, a violência seria comandada por um pequeno grupo de estudantes que geralmente é muito agressivo. A promotora da Infância e da Juventude, Soraya Escorel, disse que ainda não havia sido informada sobre o caso, mas vai fazer um levantamento sobre as denúncias e realizar uma fiscalização na escola ainda hoje. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Educação da capital, novas estratégias voltadas para trabalhar com os alunos indisciplinas foram discutidas ontem com os professores. A violência na escola ganhou destaque após três alunos que haviam sido suspensos por indisciplina secaram os pneus dos carros dos professores da escola, na última terça-feira. Segundo a direção da instituição, os alunos já possuem um histórico de indisciplina dentro da escola. A Escola Municipal Chico Xavier funciona em horário integral desde março e conta com 385 alunos. A escola possui turmas do 5º ao 9º ano do ensino fundamental. A direção da escola informa que a instituição será inserida no Projeto Escola da Vida, que oferece palestras que orientam os alunos sobre os riscos do consumo de drogas. Lei sobre segurança nas escolas é aprovada A Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP) aprovou ontem o projeto de lei que determina que as escolas públicas e privadas do município sejam obrigadas a adotarem políticas de segurança. Uma das medidas presentes no projeto de lei é a obrigatoriedade de instalação de sistemas de câmeras nas dependências internas e externas das escolas. Outra medida exige o fardamento escolar para todos os alunos matriculados nas instituições. A nova lei também vai exigir que os diretores das escolas façam um cadastro de todas as pessoas que visitarem essas unidades escolares, registrando em um livro ou arquivo eletrônico os dados pessoais e a motivação de cada visita. A entrada desses visitantes deverá ser acompanhada por um funcionário devidamente treinado para exercer a função e em períodos pré-determinados pela diretoria das escolas.Além do registro dos visitantes, a escola deve ter arquivado em um banco de dados o cadastro das pessoas responsáveis pela locomoção dos alunos e os dados pessoais dos pais ou representantes legais desses estudantes. Para o autor da proposta, o vereador Bira, o objetivo é priorizar a segurança. "Medidas como essas, que priorizam a segurança, farão com que os alunos da rede de ensino de João Pessoa se envolvam de forma cada mais mais ativa no processo criativo e pedagógico", afirmou. MESA-REDONDA Amanhã, a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) realiza uma mesa-redonda, com o objetivo debater sobre os direitos das crianças e adolescentes, em destaque o direito à educação e a questão da violência nas escolas. A atividade compõe as ações da Agenda Comum de comemoração dos 20 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O evento acontece no auditório do Centro de Educação, das 14h às 17h, e é promovido pelo Curso de Pedagogia entre outras instituições parceiras. (Da Redação)