18 de julho de 2011

Obama pede ajuda de CEOs para a educação


18 de julho de 2011
Educação no Brasil | Valor Econômico | Internacional | BR

EUA: Presidente americano se reúne hoje com empresas para tentar reforçar caixa para melhorar ensino
Stephanie Banchero
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve se reunir hoje com alguns dos principais diretores-presidentes do país para incentivá-los a investir mais em iniciativas educacionais, especialmente as que ele defende, como a melhoria da qualidade do ensino e programas para a primeira infância.
A reunião foi organizada para discutir o que Obama chama de crise educacional crescente, em que os estudantes americanos têm ficado cada vez mais atrás dos estudantes de outros países, ao mesmo tempo em que as escolas cortam seus orçamentos. Estão previstos para participar da reunião os diretores-presidentes da Intel e da Time Warner Cable, entre outros.
Melody Barnes, assessora de política interna da Casa Branca, disse que as empresas têm tido um papel integral na educação mas, até agora, não havia em Washington uma liderança voltada a reformas para ajudar a unir todos os esforços.
Estabelecemos um plano amplo que fornece um caminho claro que as pessoas precisam seguir, disse ela. Mas o governo federal tem uma presença relativamente pequena em termos de recursos e o setor empresarial têm recursos e conhecimento imensos, então estamos tentando aproveitar isso.
Pelo menos duas empresas já planejam anunciar novos investimentos depois da reunião. O Bank of America afirmou que vai investir US$ 50 milhões em programas que, entre outras coisas, ajudam a preparar estudantes de baixa renda do ensino básico para entrar na faculdade, e a Microsoft vai anunciar US$ 15 milhões para financiar, entre outras coisas, o desenvolvimento de conteúdo pedagógico para a sala de aula com base em tecnologia de videogames.
Obama tem um relacionamento morno com as grandes empresas americanas. Muitos líderes empresariais já criticaram as políticas econômicas do presidente, e ele já divergiu publicamente da Câmara de Comércio dos EUA.
Mas a educação é uma área em que os dois lados concordam em termos gerais. A Casa Branca tem cooperado com líderes empresariais para injetar mais dinheiro em projetos de inovação nas escolas, e para melhorar o ensino de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Eles também se uniram em iniciativas para incentivar faculdades públicas e o ensino profissionalizante.
Muitos líderes empresariais têm apoiado a Corrida para o Topo, um projeto educacional de US$ 4,35 bilhões defendido por Obama que premia Estados que atam a avaliação de professores à avaliação das notas de estudantes, reformam escolas de mau desempenho e permitem as escolas charter, que não cobram mensalidades e recebem recursos públicos mas que não enfrentam as mesmas limitações das outras escolas públicas, como a obrigação de ter professores sindicalizados.
Acho que essa é uma área em que todos concordamos que há um problema urgente e todos concordamos que as empresas precisam ser parte da solução, diz Ed Rust, diretor-presidente da State Farm, que vai participar da reunião de hoje. Precisamos cooperar com a Casa Branca, as comunidades locais, todo mundo, para ajudar nossas crianças a receberem o nível de rigor acadêmico necessário para que tenham sucesso na vida.
Fundações de empresas investiram mais de US$ 514 milhões em projetos de educação em 2009, mais do que investiram em qualquer outro problema social, segundo o Centro de Fundações dos EUA, que compila dados sobre doações filantrópicas.
Alma Powell, presidente da Aliança da Promessa Americana, um grupo que reúne 400 empresas, organizações sem fins lucrativos e ONGs, diz que as empresas têm outros motivos além do altruísmo para melhorar o resultado da educação. É do interesse deles garantir que teremos trabalhadores com boa educação e que podem ser contratados, diz Powell, que vai participar da reunião. O grupo dela vai anunciar um novo esforço para levantar US$ 50 milhões em investimentos para aumentar o número de estudantes que conseguem se formar.
Os maiores sindicatos de professores do país têm reclamado que os líderes empresariais têm poder demais nas discussões nacionais e estaduais sobre educação. Também há sindicatos que acham que os gastos das empresas são direcionados de maneira errada.
Jay P. Green, que comanda o Departamento de Reforma da Educação da Universidade do Arkansas e que já escreveu sobre filantropia na educação, diz que os recursos privados têm pouca influência duradoura porque a educação pública precisa de reformas importantes, não de pequenas mudanças marginais.
É como despejar um balde no oceano, disse Greene. A única maneira de conseguir mudanças com o dinheiro privado é cavar um novo canal, construir diques, enfim, mudar a forma do sistema de ensino público.

Nenhum comentário:

Postar um comentário