26 de agosto de 2011 Educação no Brasil | Folha de S. Paulo | Cotidiano | BR Avaliação foi feita com 6.000 estudantes em todas as capitais; estudante da rede pública teve pior desempenho Prova foi aplicada em 250 escolas e mostrou que estudantes têm também dificuldade para interpretar textos NATÁLIA CANCIAN ELTON BEZERRA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA Ir ao supermercado e calcular o troco não é uma atividade fácil para 57% dos estudantes que cursam o terceiro ano do ensino fundamental -etapa considerada como final do ciclo de alfabetização. A afirmação tem base nos resultados da Prova ABC, uma avaliação inédita aplicada no primeiro semestre deste ano a 6.000 alunos de todas as capitais do país. A prova, composta por 20 questões e uma redação, avaliou as habilidades dos alunos em matemática, leitura (português) e escrita. A expectativa era que os alunos tivessem pelo menos 175 pontos nas duas primeiras disciplinas e 75 na última. Abaixo dessa pontuação, em matemática por exemplo, os alunos, além de não calcular o troco, têm dificuldades em fazer contas "de cabeça" e ler as horas no relógio. O problema é maior nas escolas públicas, onde apenas 32% dos alunos tiveram o desempenho esperado. OUTRAS DISCIPLINAS A dificuldade também atinge outras disciplinas. No total de alunos avaliados, apenas pouco mais da metade (56,1%) atingiu a média em português e mostrou que já consegue identificar o tema e personagens de um texto. Em geral, alunos de escolas particulares obtiveram notas maiores. Mas, em algumas faixas, nem elas atingiram os níveis desejados. As regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste tiveram os melhores desempenhos. Para Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação, um dos responsáveis pela prova, os resultados revelam que o ensino nessa etapa está longe do ideal. "Todas as crianças deveriam atingir 100% de aproveitamento. É um direito básico." O pesquisador do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) João Horta diz que os dados são "preocupantes" e devem servir para a formulação de políticas públicas. Ele propõe o aumento da jornada escolar como forma de resolver o problema detectado pela prova. A avaliação foi elaborada pelo Todos pela Educação, Instituto Paulo Montenegro/Ibope, Inep e Cesgranrio e aplicada em 250 escolas, escolhidas por sorteio. |
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