31 de agosto de 2011 Educação no Brasil | O Globo | O País | BR Para secretário do MEC, professores precisam de incentivo; mudança na formação é defendida SÃO PAULO. Investir na formação do professor e criar mecanismos de incentivo e premiação para atrair o jovem a abraçar a carreira docente poderiam, se incluídas nas políticas públicas, melhorar a qualidade da educação no país. As duas ações foram citadas por especialistas presentes à 7ª edição do Fórum Globo News, realizado ontem, em São Paulo. O encontro teve como tema a educação, políticas educativas e a formação para as futuras gerações. Subsecretário da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, o economista Ricardo Paes de Barros destacou a importância de se criar mecanismos para atrair os jovens talentosos para a carreira de professor. Para isso, segundo ele, é necessário melhorar a formação dos professores e estabelecer medidas nas quais o mérito do profissional seja recompensado. - O sistema público perde seus melhores professores para as escolas particulares pela falta de uma política de méritos. O professor precisa ser mais bem premiado, não apenas com um aumento da média salarial no país, mas que se tenha um sistema de incentivo que premie e mantenha na profissão os mais talentosos. A pedagoga Paula Louzano, consultora da Fundação Lemann, ressaltou que as políticas públicas devem buscar dar um bom professor para todos os alunos, e não apenas para alguns. Isto inclui, segundo ela, uma valorização maior do profissional do educação e investimentos em sua formação. Paula disse que a formação do professor tem que seguir um modelo como a da formação de um médico, que passa por experiências práticas em hospitais como residentes antes de começar a exercer a profissão. - Em geral os alunos de pedagogia são aqueles com piores notas no ensino médio. Fazem da profissão docente um "bico". Uma profissão onde não é necessário um saber específico jamais terá status na sociedade. Psicólogo e presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Araújo e Oliveira falou sobre os problemas do país no processo de alfabetização. - Aqui se confunde alfabetizar com compreender. São duas coisas completamente distintas. No mundo todo a criança é alfabetizada ao final da primeira série. No Brasil, especialmente no ensino público, se fala em "processo permanente" e não se tem uma verdadeira política de alfabetização. Sociólogo e cientista político do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade do Rio de Janeiro, Simon Schwartzman criticou o sistema educacional brasileiro, especialmente no ensino médio. - É uma aberração. Só no Brasil se exige que o jovem estude tudo de todas as disciplinas. Ele não tem a opção de escolher as áreas em que tem mais afinidade para seu futuro profissional (exatas, humanas e biológicas) e poder ser avaliado apenas nestas áreas. Schwartzman destacou que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é mais um complicador ao ser usado como vestibular e exigir do adolescente uma maratona de estudos e dois dias com cinco horas de prova. - Em vez de o Brasil evoluir para criar uma certificação dentro de determinadas áreas cria uma camisa de força com este sistema único de ensino que reforça problemas da Lei de Diretrizes de Base. Se o aluno já sai do ensino fundamental com uma série de deficiências, como vai resolver estes problemas no ensino médio? O debate contou ainda com a presença do professor de geografia da Escola Municipal Tasso da Silveira, de Realengo, no Rio, Luciano Pessanha, que relatou as mudanças na rotina da escola após a tragédia do dia 7 de abril, quando um ex-aluno invadiu a escola armado e atirou contra as crianças, matando 12 estudantes e se matando em seguida. O debate vai ao ar na Globo News no próximo sábado. do G1 |
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