25 de dezembro de 2011 Folha de S. Paulo | Opinião | BR A razão de nossa esperança é Cristo -o príncipe da paz, o amor gratuito de Deus- cujo Natal a humanidade celebra, dando graças à Virgem Maria O Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º de janeiro de cada ano, foi instituído pelo papa Paulo 6º, em 1968. Desde então, os papas dirigem uma mensagem conclamando as nações e as pessoas de boa vontade a rezarem e a se empenharem pela paz. Para 2012, Bento 16 dá um caráter educativo à sua mensagem, escolhendo os jovens como seus primeiros destinatários. Intitulada "Educar os jovens para a justiça e a paz", a mensagem traduz a confiança do santo padre nos jovens, que "podem oferecer, com seu entusiasmo e idealismo, uma nova esperança ao mundo". A paz é sonho universal. Sua realização depende de todos nós. Fomos criados para viver harmonicamente, como irmãos, e nada justifica qualquer ação que seja obstáculo à paz. As diferenças e a diversidade social, política, econômica, cultural, étnica e religiosa, que caracterizam a pessoa humana e a sociedade em que vivemos, são nossa riqueza maior, e jamais deveriam se constituir em barreiras à conquista da paz. Pesquisas e estatísticas, especialmente com dados sobre a violência, nos ajudam a perceber a que distância está o horizonte da paz que buscamos. Uma destas pesquisas, divulgada no último dia 14 de dezembro pelo Instituto Sangari, com base em dados dos Ministérios da Justiça e da Saúde, mostra que, em 2010, houve no país 49.932 assassinatos, dos quais, 35.233 por armas de fogo. Os mais atingidos foram os jovens entre 15 e 24 anos. É significativa, portanto, e merece adesão de todos, a campanha contra a violência juvenil lançada há dois anos pela Pastoral da Juventude. A violência, porém, se manifesta de muitas outras formas, e precisa ser combatida tenazmente. A pobreza e a miséria, por exemplo, frutos da má distribuição de renda em nosso país, são um atentado à dignidade humana e dificultam a edificação da paz. Da mesma forma, as drogas e o narcotráfico, o álcool, o trabalho escravo, o tráfico de pessoas, o preconceito e todo tipo de discriminação engrossam a lista de situações que fazem da paz uma realidade difícil de alcançar. O mesmo se pode dizer de um desenvolvimento econômico que degrada o meio ambiente, desrespeita os povos e comunidades tradicionais e não leva em conta a solidariedade. A paz nasce da solidariedade humana e do compromisso de todos com a justiça. Sua construção exige uma educação para os verdadeiros valores que ressaltam a dignidade da pessoa humana. O papa Bento 16 nos recorda disso de maneira exemplar. Diz ele: "A paz não é apenas dom a ser recebido, mas obra a ser construída. Para sermos verdadeiramente artífices de paz, devemos educar-nos para a compaixão, a solidariedade, a colaboração, a fraternidade, ser ativos dentro da comunidade e solícitos em despertar as consciências para as questões nacionais e internacionais e para a importância de procurar adequadas modalidades de redistribuição da riqueza, de promoção do crescimento, de cooperação para o desenvolvimento e de resolução dos conflitos". Educar para a justiça e para a paz, diz ainda o papa, é dever da família, da escola e dos meios de comunicação. E completa: "A primeira educação consiste em aprender a reconhecer no homem a imagem do Criador e, consequentemente, a ter um profundo respeito por cada ser humano e ajudar os outros a realizarem uma vida conforme esta sublime dignidade". Os cristãos somos movidos pela esperança de que a paz é possível e vai acontecendo em meio às contradições do mundo. A razão de nossa esperança é Cristo -o príncipe da paz, a luz sem ocaso, o amor gratuito de Deus- cujo Natal a humanidade celebra, rendendo graças à Virgem Maria por sua maternidade divina. |
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