RIO DE JANEIRO - Números divulgados na semana passada pelo Instituto de Segurança Pública mostram preocupante tendência de aumento nos índices de violência no Rio.
Após redução no número de homicídios no Estado desde 2005, intensificada a partir de 2009 com as UPPs, a alta acumulada de janeiro a agosto de 2013 é de 13,7%, na comparação com 2012. Em agosto, na mesma comparação, o aumento foi de 38,1%. Houve ainda crescimento em todos os índices considerados prioritários pela Secretaria de Segurança, como roubo de carros e assaltos nas ruas.
Ao tentar explicar o que teria acontecido, o porta-voz da PM, o tenente-coronel Cláudio Costa, atribuiu o resultado negativo às manifestações que vêm ocorrendo desde junho. Segundo ele, a crescente violência dos atos faz com que mais policiais sejam deslocados para acompanhá-los, deixando outras áreas da cidade desguarnecidas. Poderia fazer sentido se o aumento não estivesse ocorrendo desde janeiro, como mostrou o repórter Italo Nogueira. Neste mês, a alta foi de 22,5%, na comparação com janeiro de 2012.
No último final de semana, houve tiroteios na Rocinha, fato que, conforme moradores, volta a se tornar frequente. Também no sábado, um PM de uma das UPPs do Complexo do Alemão foi morto numa troca de tiros com bandidos. Lá, também no final de semana, outros dois PMs e quatro moradores foram baleados.
A política de segurança pública do Estado pode ter inúmeras falhas, mas é inegável que o trabalho do secretário José Mariano Beltrame trouxe avanços nos últimos anos. A redução dos índices de violência é uma conquista para toda a população, da qual nenhum de nós quer abrir mão.
Mas, para isso, é preciso atacar o problema sem subterfúgios. Usar as manifestações como justificativa para o aumento da violência não vai funcionar. Essa peneira não vai tapar o sol que ameaça surgir.
Folha de S.Paulo, 5/11/2013
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