26 de novembro de 2011

Desigualdade racial e entre sexos cai em uma década


Levamento em censos de 2000 e 2010 mostra, porém, diferença ainda significativa

Mulheres tiveram aumento de renda maior que os homens e pretos e pardos se aproximaram do ganho de brancos

ANTONIO GOIS
DENISE MENCHEN
DO RIO
A desigualdade racial e entre homens e mulheres caiu no Brasil na década passada.
Uma comparação feita pela Folha utilizando dados de renda dos censos de 2000 e de 2010 mostra que, neste período, mulheres tiveram incremento maior do que homens e pretos e pardos se aproximaram de brancos.
A desigualdade, no entanto, segue significativa, especialmente a racial.
Em 2000, por exemplo, a renda de um brasileiro que se autodeclarava pardo representava 42% da média de um branco. Em 2010, esta proporção aumentou para 49%, ou seja, os grupos se aproximaram, mas a renda de um branco ainda equivale ao dobro da registrada por um pardo.
Já a renda dos que se disseram pretos representava 45% da dos que se declararam brancos ao IBGE. Em 2010, passou para 53%.
Na comparação por gênero, a distância é menor, e reduziu em ritmo mais acelerado. Em 2000, uma mulher recebia, em média, 46% da renda de um homem. Em 2010, eram 58%.
O cálculo da renda média foi feito considerando-se as pessoas com dez anos ou mais de idade, inclusive as que não têm rendimento. Em 2010, ela foi de R$ 964 mensais para homens e R$ 560 para mulheres; e de R$ 1.020 para brancos, R$ 540 para pretos e R$ 496 para pardos.
Na semana passada, ao divulgar o Censo, o IBGE não fez comparações porque os dados de 2010 são preliminares e passarão por ajustes.
Para grandes grupos populacionais, no entanto, as mudanças são pequenas. Além disso, a reportagem conferiu as tendências com o que registrou a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que investiga temas similares todos os anos.
A redução da desigualdade está nas duas pesquisas. Para o professor Naercio Menezes, do Instituto de Ensino e Pesquisa, o fenômeno está ligado ao maior acesso à educação, proporcionado por uma série de políticas criadas desde a década de 1990.
Como exemplo, ele cita a descentralização dos recursos do setor, a vinculação dos repasses aos municípios, ao número de alunos matriculados, os programas de transferência de renda (Bolsa Escola e Bolsa Família), e o ProUni, que financia curso superior aos jovens carentes.
O professor de economia Marcelo Paixão, da Universidade Federal do Rio, cita outro motivo para a redução das desigualdades: a valorização do salário mínimo.
Ele vê também a possibilidade de mudanças na classificação de cor terem contribuído para o resultado, com mais pessoas de melhor poder aquisitivo se declarando pretas e pardas.

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