06 de outubro de 2015
Em Porto Alegre, resultados foram positivos em razão da articulação do projeto com outras iniciativas
Fonte: Zero Hora (RS)
Não houve impacto – a curto prazo – do programa Mais Educação nas notas dos estudantes de instituições que participaram da iniciativa, revelou uma avaliação inédita divulgada nesta segunda-feira durante o 12º Seminário Itaú Internacional de Avaliação Econômica de Projetos Sociais, em São Paulo.
No evento, propostas e modelos de educação integral foram discutidos por especialistas nacionais e internacionais. O programa Mais Educação é uma iniciativa do governo federal que amplia a jornada escolar com foco para a Educação Integral.
O levantamento, realizado pela Fundação Itaú Social e pelo Banco Mundial, comparou o desempenho dos alunos em língua portuguesa e matemática na Prova Brasil e também as taxas de abandono escolar entre 2,7 mil escolas que aderiram ao programa e instituições que não eram integrantes do Mais Educação, mas com características semelhantes, como número de alunos e notas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
— Notamos que, naquelas que aderiram ao programa, não ocorreram os efeitos positivos esperados e, no caso de matemática, houve até diminuição das notas a curto prazo — revelou Naercio Menezes Filho, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa da USP que apresentou os dados no evento.
Para tentar compreender o resultado da avaliação, realizada entre 2008 e 2011, os pesquisadores também fizeram estudos de seis casos: quatro redes municipais, uma estadual e no Distrito Federal. O olhar mais qualitativo da falta de efeito nas notas em colégios com educação integral, que é conceituada pela ampliação de tempo, espaço e conteúdo na instituição, detectou uma dificuldade por parte das direções de se alinharem com o programa a pouco prazo.
– A escola precisa redimensionar suas ações em um curto espaço de tempo e isso acaba gerando desorganização. Há uma fase de alinhamento com o Mais Educação que é gradual. Por outro lado, as secretarias de educação precisam direcionar o seu papel para potencializar resultados positivos do programa – ressaltou Karen Dias Mendes, gestora da área de avaliação da Fundação Itaú Social que participou da pesquisa.
Porto Alegre foi uma das redes analisadas e notou-se que, na capital gaúcha, existe a articulação das ações do Mais Educação com outras iniciativas da cidade que melhoram resultados.
Outro ponto sugerido pela pesquisa para elevar os índices da iniciativa do governo federal é ampliar a forma de apoio às instituições participantes. Existe a preocupação em garantir recursos, como material didático, e ampliar o tempo no colégio, mas pouco se considera o apoio pedagógico.
– Não adianta só aumentar o tempo de aula para repetir o que foi feito no período normal ou criar atividades desfocadas da realidade da escola. Existe um caminho enorme de aprimoramento do programa – disse Karen.
A avaliação de impacto considerou apenas as notas em língua portuguesa, matemática e taxas de abandono escolar porque não são disponibilizados, por parte do governo, dados sobre outros aspectos considerados para a implementação do Mais Educação.
Entre eles estão redução do trabalho infantil, da violência contra crianças e adolescentes e desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
– Isso daria uma visão bem mais ampla desse impacto – lamentou Karen.
O conceito
O termo Educação em Tempo Integral ou Escola de Tempo Integral diz respeito àqueles colégios e secretarias de educação que ampliaram a jornada de seus estudantes, trazendo ou não novas disciplinas para o currículo escolar. A maioria das unidades de ensino que adotam esse modelo geralmente implementam a extensão do tempo em turno e contraturno escolar. Ou seja, durante metade de um dia letivo, os alunos estudam as disciplinas do currículo básico, como português e matemática, e o outro período é utilizado para artes ou esporte.
Na perspectiva da educação integral, o conceito de tempo integral suscita várias discussões, uma vez que há algumas correntes dos movimentos sociais ligados à educação que defendem que apenas a ampliação do tempo de estudo não garante o resultado ambicionado pela educação integral no ensino e na aprendizagem dos estudantes – resultado este que deseja garantir o pleno desenvolvimento deles.
Fonte: Centro de Referências em Educação Integral
COMO É A ADESÃO
- As atividades de educação integral, por enquanto, são optativas e envolvem 10 macrocampos: acompanhamento pedagógico, educação ambiental, esporte e lazer, direitos humanos em educação, cultura e artes, cultura digital, promoção da saúde, comunicação e uso de mídias, investigação no campo das ciências da natureza e educação econômica.
- A escola precisa cumprir alguns pré-requisitos para participar do programa Mais Educação, como ter Ideb baixo, estar em uma região de maior vulnerabilidade social, como regiões metropolitanas, e ter um número mínimo de alunos na instituição.
- A escola também deve escolher no mínimo três e no máximo seis macrocampos para desenvolver atividades. O de acompanhamento pedagógico é obrigatório.
- A educação integral que o programa propõe é por adesão voluntária dos alunos, ou seja, não são todos os estudantes que participam.
- As atividades tiveram início em 2008, com a participação de 1.380 escolas, em 55 municípios nos 26 estados e no Distrito Federal, atendendo 386 mil estudantes do país.
- Em 2009, houve a ampliação para 5 mil escolas, 126 municípios, de todos os Estados e no Distrito Federal.
- O programa foi implementado em 389 municípios em 2010, atendendo cerca de 10 mil escolas e beneficiando 2,3 milhões. Neste ano, cerca de 60 mil escolas aderiram ao programa.
- Pelo Plano Nacional de Educação, a meta do governo federal é oferecer educação integral em 50% das escolas públicas de educação básica até 2020.
- Isso não significa apenas ampliar o tempo do aluno na escola, mas colocar a educação além da instrução acadêmica, reforçando atividades de cidadania, de desenvolvimento socioemocional, entre outros.
- A escola precisa cumprir alguns pré-requisitos para participar do programa Mais Educação, como ter Ideb baixo, estar em uma região de maior vulnerabilidade social, como regiões metropolitanas, e ter um número mínimo de alunos na instituição.
- A escola também deve escolher no mínimo três e no máximo seis macrocampos para desenvolver atividades. O de acompanhamento pedagógico é obrigatório.
- A educação integral que o programa propõe é por adesão voluntária dos alunos, ou seja, não são todos os estudantes que participam.
- As atividades tiveram início em 2008, com a participação de 1.380 escolas, em 55 municípios nos 26 estados e no Distrito Federal, atendendo 386 mil estudantes do país.
- Em 2009, houve a ampliação para 5 mil escolas, 126 municípios, de todos os Estados e no Distrito Federal.
- O programa foi implementado em 389 municípios em 2010, atendendo cerca de 10 mil escolas e beneficiando 2,3 milhões. Neste ano, cerca de 60 mil escolas aderiram ao programa.
- Pelo Plano Nacional de Educação, a meta do governo federal é oferecer educação integral em 50% das escolas públicas de educação básica até 2020.
- Isso não significa apenas ampliar o tempo do aluno na escola, mas colocar a educação além da instrução acadêmica, reforçando atividades de cidadania, de desenvolvimento socioemocional, entre outros.
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