2 de janeiro de 2016

Velocidade da internet em escolas públicas é apenas 3% da adequada

FLÁVIA FOREQUE


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A velocidade média da internet em escolas da rede pública em áreas urbanas do país se limita a 3% do que seria considerado adequado.
Ela é de 2,3 megabits por segundo, contra 78 megabits do ideal, de acordo com o próprio governo federal.
A situação levou o Ministério da Educação a adaptar seu site ao pedir sugestões para o currículo da educação básica, que está em discussão.
Diretores e docentes da rede pública podem baixar e consultar o conteúdo sem a necessidade de manter navegação permanente na web.
"Muitas vezes essa capacidade não é suficiente sequer para uso administrativo desse acesso à internet, quanto mais para um acesso efetivamente de aplicação pedagógica", disse Arthur Coimbra, diretor de banda larga do Ministério das Comunicações, em audiência na Câmara dos deputados, no mês passado.
Karime Xavier/Folhapress
Computadores em escola da rede de SP; programa federal expandiu internet, mas com velocidade lenta
Computadores em escola da rede de SP; programa federal expandiu internet, mas com velocidade lenta
Os dados se referem às unidades públicas atingidas pelo programa federal Banda Larga nas Escolas, lançado em 2008 e que visa justamente "conectar todas as escolas públicas urbanas à internet, por meio de tecnologias que propiciem qualidade, velocidade e serviços para incrementar o ensino público".
Atualmente, a iniciativa atinge cerca de 90% da rede pública em áreas urbanas do país (quase 70 mil colégios, incluindo as redes municipal e estadual), mas a velocidade da internet está longe de ser a adequada para a atividade de professores em sala de aula.
"Os dados mostram o que não corresponde à realidade brasileira. O laboratório [de informática] é uma sala sem climatização e equipamentos defasados, não tem profissional qualificado e a internet não tem boa qualidade", disse Nilce Rosa da Costa, secretária-executiva do Consed (conselho de secretários estaduais de educação).
A deficiência é reconhecida pelo governo federal. "Nós temos em geral uma banda lerda. A gente deve discutir isso com prioridade, se quisermos fazer uma escola de qualidade", afirmou o ministro Aloizio Mercadante (Educação) ao abordar o assunto no Congresso Nacional.
Em 2016, o Ministério das Comunicações pretende lançar um novo programa, em que o governo federal vai subsidiar o investimento privado no cabeamento de banda larga em locais mais distantes, assim como na instalação de redes dentro dos municípios.
"Está planejado um subsidio para cobrir entre 1.400 e 1.500 municípios com banda larga de altíssima velocidade. Com isso a gente atenderia, num prazo de quatro anos, 40 mil escolas com fibra ótica, levando velocidades que vão a 100, 200 megabits por segundo", explicou o diretor da pasta.
O chamado Banda Larga para Todos é uma promessa da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT).
MASSIFICAÇÃO
O Ministério das Comunicações diz que o objetivo do programa lançado em 2008 foi "massificar o acesso à internet nas escolas públicas". "É preciso lembrar que, à época de lançamento do programa, poucas escolas possuíam algum acesso. Assim, o objetivo de massificação do acesso à internet nas escolas públicas urbanas foi alcançado."
Em nota, o ministério diz ainda que "a aplicação de plataforma virtual ao ensino pode ocorrer utilizando diferentes níveis de velocidade".
Para o MEC, o programa é importante para ampliar o número de alunos com acesso à internet. Hoje, a iniciativa atinge 71% das matrículas públicas –28,9 milhões.
TABLETS
Em 2012, o MEC lançou edital para comprar tablets para professores da rede pública, como forma de estimular o uso de novas tecnologias no ensino. Passados três anos, os aparelhos ainda são motivo de controvérsia entre docentes.
"A proposta é até bonita. Se funcionasse seria perfeito. Aqui, as escolas não têm internet banda larga de alta velocidade. Não tem como conectar o tablet para fazer pesquisa", diz Mauro Borges, 50, professor de educação física em Belém (PA).
Ele pondera, por exemplo, que a banda larga na escola permitiria o uso do tablet para o controle de presença dos alunos, num diário de classe online. Esse trabalho, afirma, é feito em seu notebook, quando chega em casa.
Ao todo, o MEC comprou 497.860 tablets, ao custo de R$ 152 milhões.
Profissionais da educação, no entanto, ponderam que o aparelho pode ser usado pelo docente fora do ambiente escolar e destacam que o MEC disponibilizou conteúdo para ser baixado no tablet.
Para Waleska Gonçalves de Lima, da secretaria de Educação de Mato Grosso, a qualidade do acesso à internet em cada escola também influencia o uso dos aparelhos por professores.
Ela explica que a secretaria destina verba para a rede estadual contratar serviço de internet, por isso em algumas unidades o uso do aparelho é recorrente.
"O diário de classe, a prestação de contas, toda a vida da escola é informatizada. O tablet ajuda bastante", afirma Ricardo Luiz de Moura, diretor de escola em Várzea Grande (MT).
A unidade, segundo ele, tem conexão com 35 mega de velocidade, além de 40 computadores em laboratório de informática. 

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